Que fazes por aqui, ó gato?
Que ambiguidade vens explorar?
Senhor de ti, avanças, cauto,
meio agastado e sempre a disfarçar
o que afinal não tens e eu te empresto,
ó gato, pesadelo lento e lesto,
fofo no pêlo, frio no olhar!
De que obscura força és a morada?
Qual o crime de que foste testemunha?
Que deus te deu a repentina unha
que rubrica esta mão, aquela cara?
Gato, cúmplice de um medo
ainda sem palavras, sem enredos,
quem somos nós, teus donos ou teus servos?
Alexandre O'Neill
ResponderEliminarLindo! Mas, nem donos nem servos. Um dos motivos porque gosto e dou-me tão bem com gatos é que é possível, com estes, apreciar a linguagem do silêncio, a subtileza da comunhão do mesmo espaço e estado de espírito, sereno, zen, quase preguiçoso. Os gatos são mal entendidos porque há muita gente que não entende esta cumplicidade. O amor não tem que ser sempre barulhento e cheio de movimento. Mas como explicar isto quando meio mundo não sabe apreciar o silêncio?
Muito bonito.
ResponderEliminarUm gato é mesmo aquele animal em que dá para fazer essa pergunta se se é dono ou servo. Eles têm aquele ar de decididos e que sabe mais do que nós.
ps. novo blog http://alittledreamsofme.blogspot.pt/
Ana, o silêncio é de ouro, prezo-o muito... e os gatos são uma grande ajuda!
ResponderEliminarMarisa, vou lá espreitar. ;)