8 de janeiro de 2016

Gato que brincas na rua, Fernando Pessoa

Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.

Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.

                                                  Fernando Pessoa, 1931

3 comentários:

  1. Gosto tanto deste poema (e de mais uma imensidão de Fernando Pessoa)

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  2. Também gosto muito. É muito raro gostar de poesia, mas Pessoa é uma exçecão. :)

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  3. Tão bonito.
    Adoro o Fernando Pessoa.

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