22 de outubro de 2007

Na idade dos porquês

Confesso que ontem o meu estado de espírito era um misto de ansiedade e de receio. Ansiedade porque já tinha saudades do puto e das suas tropelias; receio porque nunca tinha estado tanto tempo sozinha com ele, além de que as últimas semanas tinham sido deveras complicadas: birras, agressões à irmã, pedidos de desculpa muito pouco sinceros... Mas como dizem que as crianças só se portam realmente mal com os pais, decidi arriscar...

E que bom, parecia um anjinho!

Depois da histeria inicial quando soube que ia ficar comigo umas boas horas, seguiu-se alguma perplexidade quando se apercebeu de que afinal os pais não nos iam acompanhar. Mas mal chegámos ao Alvito, parece que se esqueceu deles... Saltava de escorrega em escorrega, primeiro um bocadinho a medo, depois com toda a bravura. Mas sempre com um olhinho em mim, que o medo de se perder era maior do que o chamamento das diversões. E para tornar tudo ainda mais perfeito, uma organização de adopção animal tinha a bicharada à porta do parque: escolher os bichos ou o escorrega era o mais difícil. «Fa uma festinha, fa...» «Porque é que não fazes tu?» «Fa tu pimeio...»

De vez em quando, lá o via a apertar as perninhas e a mexer nas calças: «Queres ir fazer chichi?» «Não.» «Mas vamos lá, porque eu é que estou aflita.» E lá íamos, para ser mesmo ele a fazer chichi.

Depois o único senão da tarde, quando queríamos estacionar em Sete Rios e o lugar que eu tinha visto estava ocupado quando lá chegámos. «P***RA, 'tá 'cupado...», ouvi a vozinha lá atrás. «O que é que disseste?» «... (silêncio)» «Isso não se diz, é muito feio...» «Mas o lugar 'tá 'cupado!» Siga.

E então o momento mais esperado, o encontro com as gatas. Elas, acima de tudo assustadas, ele já sem medo das festinhas. Banho tomado (sem um único «Nã que'o»), com cabelo e tudo, frango comprado, lá lhe dei a escolher massa ou arroz. «Mafinha.» Ou massinha. Sopa comida, tudo engolido, iogurte devorado, com pressa de ir brincar mais um bocadinho. Deitado no chão da sala, ao lado da Vespa, a fazer-lhe festinhas na cabeça e a comentar: «Poquê que ela 'tá a fechar os olhos?» «Porque está a gostar das festinhas.» «Poquê que ela 'tá a 'banar o rabo?» «Porque está contente.» «Poquê que ela 'tá a rir?»

A repetir muitas vezes.

PS: Antes de tudo isto, durante a manhã, já tinha corrido 10 km. Depois conto.

5 comentários:

Anónimo disse...

Simplesmenete adorável. Não só ele.

Anónimo disse...

he he he, o puto é fofinho. =) Ao final da tarde ainda te telefonei aka SMS, para saber como o "diabinho" se estava a comportar. he he


Beijinhos,


P.S.: Margarida = a prima?!

Mary disse...

É impressionante como as crianças se portam mil vezes melhor quando não estão com os pais...

Estou a pensar seriamente em começar a dizer-he que sou uma vizinha que passa a vida cá em casa, para ver se a atitude muda e se ele passa definitivamente para o modo "anjinho"!

Será que resulta...?

Mary disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Sim:)