22 de março de 2008

A propósito da Páscoa, a religião

Numa altura em que tantas famílias se juntam para o almoço pascal, penso em como na minha família nunca se deu grande importância a esta época. No Natal, juntamo-nos, mais para estarmos todos juntos e saborearmos o bacalhau numa ocasião única do que para celebrarmos o nascimento de Cristo.

Mas tenho alguma pena de não ser crente. De ir à igreja e ter fé, de participar em procissões (como a que no domingo de ramos passou por baixo da minha janela, em plena cidade), de ter mais justificações para tudo o que vai acontecendo.

O meu pai teve uma educação católica, com primeira comunhão e julgo que mais algumas coisas. A minha mãe não sei, penso que teve uma educação mais laica. Casaram-se pela igreja, por um padre que hoje se encontra casado e acho que com filhos. De 3 irmãos, fui a única baptizada. A partir de mim, os meus pais, devido a algumas atitudes da Igreja, decidiram não baptizar mais filhos.

Hoje, pais divorciados, a minha mãe começa a redescobrir a Igreja, mais por causa de um padre em específico do que por qualquer outra coisa. Vai à missa ao domingo, mas só semana sim, semana não, quando lá está o dito padre com a postura que lhe agrada. O meu pai mantém a postura de há 30 anos, laico e a acreditar acima de tudo no valor do Homem.

Também eu acredito no Homem mas, num misto de algo que se pode assemelhar com uma religião, acredito também que aquilo que fazemos como seres vivos trará os seus resultados em nós próprios, hoje ou em qualquer outra altura. Não consigo acreditar que a morte seja o fim, não consigo acreditar que sejamos apenas uma amálgama de músculos, ossos, sangue e veias que deixa de funcionar e pronto. Muitas vezes sinto-me protegida pelos meus familiares queridos que já cá não estão. E sei que este sentimento não está só na minha cabeça.

Sim, acredito em algo superior, ou em nós, seres vivos como seres superiores.

2 comentários:

Anónimo disse...

Na minha família sempre demos importância à Páscoa… porque é mais um momento de união da família! Poderia dizer que a celebração da Ressurreição de Jesus Cristo fica esquecida, mas será mesmo? Provavelmente a celebração é a própria união da família e o seu significado… Outro motivo é o Compasso, por cá, neste bela cidade à beira-mar plantada, ainda temos o Compasso...

Sou crente, possuo muitos dos 7 sagrados sacramentos da Igreja Católica e já participei num coro de jovens que adorava, pela componente social…

Agora, afastei-me lentamente da rotina cristã, a qual não hesito em questionar por várias inflexibilidades, medos, atrasos, desactualizações, ideias retrógradas...

Resumindo, sou crente, já fui mais, sinto que amanhã serei menos e menos, menos, menos...

O que penso é que com a minha educação cristã, a qual agradeço, me tornei mais Homem, com uma melhor educação, mais sensível perante o mundo que me rodeia, mais capaz de decidir, incapaz de magoar... por tudo isto, vejo sinais de uma crença presente, mais presente do que suponho, mais presente do que transmito...

Partilho o sentimento que tão bem defines como "misto de algo que se pode assemelhar com uma religião", acredito que as minhas boas acções contribuirão para um mundo melhor, mundo que pertencerá aos meus, aos teus filhos…

A morte não é o fim... vamos acreditar, defender e confortar… como “seres superiores” que somos!


Só por uma vez “comentei” as desacelerações da tua vespa… de forma muito curta… sobre a música que passava… A resposta foi “uma visão optimista é a melhor forma de tornar a vida mais bonita...”

Bela Religião a tua!!

Vespinha disse...

E olha que esta minha visão optimista tem sido muito trabalhada e cultivada... porque na minha essência não era assim... Há quem, com as adversidades, se torne mais pessimista; eu, ao passar por elas, aprendi que «cada uma é menos uma» e que o que aí vem pode ser sempre melhor.