24 de novembro de 2011

Cemitério de pianos, de José Luís Peixoto

Resisti durante anos, por pura parvoíce. Porque é um escritor precisamente da minha geração e achava que, tal como eu, não era capaz de escrever livros. Porque não acreditava que um tipo cheio de piercings e tatuagens fosse capaz de produzir verdadeira literatura. E porque, ao longo dos anos e com raras exceções, me fui afastando da literatura portuguesa em busca dos anglo-norte-americanos, tão bons contadores de histórias.

Hoje, como agradeço à A. ter-me emprestado este Cemitério de pianos! Comecei cética, mas o ceticismo não sobreviveu à primeira página. Devorei este livro e as histórias que conta, adorei o ritmo e o estilo. Tudo, em resumo. Bastou-me este livro para perceber que José Luís Peixoto é genial e para me ver obrigada a recomendá-lo a todos os céticos como eu. Encontrei passagens brilhantes: o discurso entrecortado do pensamento de um corredor da maratona enquanto percorre os longos quilómetros; as palavras rasgadas quando se descreve a destruição de uma coleção de revistas cor-de-rosa; o tempo que passa de rápido a lentíssimo aquando de um nascimento.

Se o quiser comparar com alguém, talvez com Lobo Antunes até há uns 10 anos, antes de ter enlouquecido de vez (ou de eu ter perdido a paciência para o tentar acompanhar)... Mas com muito mais humildade e com tanto, tanto potencial. 

5 comentários:

joana disse...

com este sentimento, quase me deste vontade de o reler! e, como sabes, isso é dizer muito!

Vespinha disse...

Acho que deves mesmo... :)

joana disse...

quando acabar o teu e o millennium 2 (sim, estou a lê-los ao mesmo tempo, não resisti...) vou considerar essa hipótese :)

Vespinha disse...

Temos de conversar sobre o meu...

dg disse...

de acordo. leia o morreste-me, é de uma força e honestidade brutais. um abraço, dg