4 de dezembro de 2018

O coração é o último a morrer, de Margaret Atwood

Vive-se num mundo à frente do nosso tempo, em que a crise económica e social assola todo o planeta e em que quase todos se veem desprovidos dos bens essenciais. Assim vivem Charmaine e Stan, num velho carro a cair aos bocados, sobrevivendo de pequenos trabalhos que mal lhes chegam para comer.

Até que um dia Charmaine vê um anúncio a uma experiência social que promete resolver todos os problemas da sociedade. Em Consiliência todos têm uma casa e um emprego, tudo é sereno e bem organizado. No Positrão, todos estão presos mas têm missões importantes a cumprir. E uma coisa alterna com a outra: um mês em Consiliência, um mês no Positrão, alternando com outro casal que lhes ocupará a casa ou o lugar na prisão. Há que chegue para todos, mas não se pode sair da linha.

Só que Charmaine e Stan acabam por não cumprir as regras, desenvolvendo obsessões pelos seus alternantes, o casal que ocupa a casa ou o seu lugar na prisão quando eles não estão. A fuga à «normalidade» não escapa à organização, e a distopia aprofunda-se, naquela que é já uma imagem de marca dos romances de Atwood.

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