30 de agosto de 2007

Metálico...

... vai ser assim o meu sorriso durante o próximo ano e meio. Com nuances de azul, laranja, verde ou rosa, conforme a disposição.

O que acabo de ler:

Considerado o primeiro romance policial português (de facto, está lá tudo, desde o crime aos suspeitos, passando pelas ironias do destino), foi escrito «a quatro mãos» por Eça e Ramalho Ortigão. Sob a forma de cartas, enviadas ao Diário de Notícias em finais do século XIX, na altura deve ter causado muita curiosidade, por a fronteira entre a realidade a ficção ser muito ténue. Ilustrado com desenhos e fotografias da época, é interessante ver como começou a carreira literária de Eça - de facto, já neste policial se notava a diferença entre a sua escrita, solta e criativa, e a de Ramalho Ortigão, mais monótona e solene.

29 de agosto de 2007

Sentimento ambíguo

São muito estranhas as coisas que esta personagem me faz sentir... Se por um lado era precisamente um homem assim que queria na minha vida, com um sentido de humor apuradíssimo, profundamente irónico e ligeiramente insuportável, por outro o que eu gostava mesmo era de ser como ele, em versão feminina. Sarcástico, génio, anti-herói, excêntrico, faz o que quer e o que lhe apetece e não é punido... E quando é punido, não se rala! Melhor: quando faz algo pelo bem do próximo, não quer que se saiba, não vá a sua reputação ficar danificada...


Alguns dos meus House-isms preferidos:

- If you talk to God you're religious. If God talks to you, you're psychotic.

- It's a basic truth of the human condition that everybody lies. The only variable is about what.

- The kid is having nightmares. Only happen at night. It's right there in the name.

- Twenty-year olds fall in and out of love more often than they change their oil filters. Which they should do more often.

- Arrogance has to be earned. Tell me what you've done to earn yours.

- Some idiot gave me two tickets for a play tonight. Saved his life. Apparently worth $186.

- Never is just reven spelled backwards. I was curious. Since I'm not a cat, that's not dangerous.

- Cameron: "You're lucky he didn't die." House: "I'm lucky? He's the one who didn't die."

- I'm a really good secret keeper. I've never told anybody Wilson wets his bed.

- You know me. Hostility makes me shrink up like a... I can't think of a non-sexual metaphor.

- Cuddy: "Dr. House! Need you here." House: "No thanks. Lotta sick people. I might catch something."

28 de agosto de 2007

Vôvô

Às vezes dizemos que alguém é «vulgar», por não ter nada que a distinga sobremaneira, por passar despercebida entre as outras pessoas, por não «aquecer nem arrefecer». Mas há as outras, aquelas a quem chamamos «cromos» mas que eu prefiro classificar como «raras».

O meu avô materno era uma pessoa rara:

- Nasceu nos anos 20 e foi jornalista toda a vida, passando incólume pelos tempos da ditadura e entrando na democracia sem problemas. Lá em casa nunca percebemos bem como se safara. Se por um lado parecia estar do lado do regime, trabalhando em órgãos de comunicação com ele conotados, a verdade é que o 25.04 o deixou ileso. Ou não tinha mesmo nada a ver com o antigamente ou era muito habilidoso.

- Quando se reformou do Diário Popular, onde no final de carreira já só escrevia sobre viagens, continuou a fazer colaborações nessa área. Por brincadeira, chegávamos a dizer que viajava mais do que o Papa e do que o Mário Soares. A ele devo a minha escolha pelo curso de Jornalismo, que acabei por quase não exercer.

- Adorava fotografar, sobretudo as paisagens dos sítios por onde andou. Costumava exagerar na quantidade de fotografias que tirava mas gostava de as mostrar todas, o que por vezes nos aborrecia monumentalmente. Ainda estão todas em casa da minha mãe, à espera que eu ou ela um dia as cataloguemos.

- Fumava muito, às escondidas da minha avó. Lembro-me de estar com ele na sala, de a minha avó entrar e de ele esconder o cigarro atrás das costas, com a cinza a cair para o chão e o fumo a aparecer lá atrás. Como se ela não reparasse.

- Bebia muito e também às escondidas, sempre whisky que o deixava muito chato.

- Vestia sempre fato e gravata. À mesa, ao fim-de-semana ou de férias, nunca deixava de estar sempre aprumadinho, como se fosse entrar ao serviço no minuto a seguir. Há imagens dele no Egipto, com 40 ºC, no meio de um grupo de calções e T-shirt. Qualquer pessoa o identificaria de imediato. De fato e gravata, pois claro.

- Dava grandes «secas» a quem quer que lá fosse a casa. Sobre viagens, sobre pessoas que tinha conhecido, sobre acontecimentos que tinha coberto. Lembro-me por exemplo de uma viagem que fez no porta-aviões norte-americano Forrestal, de ser amigo do motorista de Salazar e da dentadura que saltou borda fora um dia antes de se encontrar com Nino Vieira. Por vezes já nem o ouvíamos, só queríamos uma brecha para sair dali. Mas hoje tenho pena e saudades, gostava de ter registado de alguma forma todas as histórias que tinha para contar.

- Em 2001, deitou-se sem nenhuma maleita ou doença que o afectasse, e aos poucos foi recusando comida até que, numa semana, morreu. Desistiu de viver e teve todo o direito a isso.

Fica aqui uma homenagem que dentro em breve estará pendurada numa das paredes da minha casa - o Vôvô no Largo Carmo a 25.04.74. Tinha sido avô há pouco tempo.


27 de agosto de 2007

Preguiça

Estou a ficar preguiçosa, e estes são os únicos beneficiados:







Já lá ia uma semana desde a última corrida no EUL. E hoje nem consegui ir sempre a correr, tive de parar várias vezes pelo meio para umas caminhadas em passo rápido, com a sensação de que o coração ia rebentar a qualquer momento. Por este andar, a corrida da marginal em Outubro vai ser como as outras: 2 km a correr, o resto...

Mas hoje tive desculpa: dia inteiro no office a preparar um Powerpoint. Agora, regresso só daqui a 2 semanas! Entretanto, más notícias: o downsizing começa a atingir aqueles colegas que deixaram de ser simples colegas para se tornarem bons amigos. Chuif.

O que acabo de ler:

Pela primeira vez, João Aguiar deixa o romance e dedica-se a uma espécie de narração das peripécias da descoberta da criança do Lapedo, perto de Leiria, com uma idade estimada de 25.000 anos. Bom enquadramento histórico e científico, numa leitura leve e com o seu inevitável toque de ironia e de crítica social sempre que possível.

26 de agosto de 2007

3, 2, 1... começar outra vez

Quase um ano depois do último post, vamos lá tentar tudo de novo... Por sugestão da Mary, que agora já criou também o seu blog, e porque estou de férias, impõe-se disciplina nestas coisas!

E para começar... um resumo da primeira semana out of office...

- Visita (finalmente) à colecção Berardo no CCB - porque a entrada é gratuita, vê-se lá de tudo... Turistas curiosos, estudantes de arte embevecidos, pais de família que fazem comentários pouco simpáticos acerca das obras expostas, grupos que passam distraídos pelos Picassos sem perceberem o que está ali ao lado... E eu, que, graças à minha querida prima, pude ouvir a explicação peça a peça e assim eleger aquelas que surpreendemente se tornaram as minhas preferidas:


Reinhardt, Abstract Painting, 1962










Hans Arp, Feuilles Placées Selon Les Lois du Hasard, 1937









Pedro Cabrita Reis, Cabinet d'Amateur#2 (Stocholm Version), 2001











Frank Stella, Severambia, 2001










- Regresso à Adraga, tantos anos depois - o mesmo mar revolto, o mesmo sol a apertar durante a tarde, o mesmo sossego, mais infra-estruturas. A voltar muito mais vezes com um bocadinho de nostalgia.

-
Mudanças (grandes) em casa da mãe - depois do divórcio e da saída de algum mobiliário, o necessário reajuste à procura de novas rotinas.

- Mudanças (mais pequenas) na casa nova do pai - ele, com uma tendinite; eu, incapaz de dizer que não ao transporte de mais mobiliário...

- Reencontro com uma colega de faculdade 12 anos depois - novo encontro marcado para dia 22.09.

- Há 3 dias à espera de um telefonema que não chega e que não sei se quero que chegue.

Projectos para as próximas duas semanas: mais CCB (para ver o resto da colecção), World Press Photo, O Corpo Humano Como Nunca o Viu, muita praia, um regresso pontual ao office, acabar a tela para colocar na parede do quarto e o tão temido/esperado aparelho nos dentes... E talvez o tal telefonema.