28 de junho de 2019

A árvore dos Toraja, de Phillippe Claudel

A propósito da morte precoce e relativamente inesperada do seu melhor amigo, um cineasta reflete sobre a vida e a morte, equacionando o nosso papel na passagem por esta experiência, falando do amadurecimento, da velhice, da tentativa de preservação das memórias após o fim.

É um livro sobre a amizade, o amor, a lembrança e o esquecimento, a doença e o que significa estar vivo.

É também um livro sobre o cinema, a literatura e a mudança que os mesmos podem gerar nas nossas vidas.

E tem um extra, que acaba por justificar a tentativa do cineasta de perpetuar a vida do amigo anos após a sua morte: a história do povo Toraja, uma tribo indonésia que preserva o corpo dos seus mortos como se apenas de doentes se tratassem, vestindo-os e despindo-os, colocando-os em situações do dia a dia e prolongando ao máximo a sua existência física.

26 de junho de 2019

Para os apaixonados por locais abandonados

Acabo de descobrir o site de Dax Ward, fotógrafo com um gigantesco portefólio de fotografia em locais abandonados, nomeadamente na Ucrânia, na Tailândia, nos Estados Unidos e na África do Sul.

Estas fotografias são só para abrir o apetite:

Teatro Petch Siam, Sukhotai, Tailândia.
Roda gigante em Pripyat, Ucrânia.
Creche em Pripyat, Ucrânia.
Discoteca Roxy, Petchaburi, Tailândia.
Estádio de basebol, Dort Worth, Texas, EUA.
Jardim Zoológico na Cidade do Cabo, África do Sul.

25 de junho de 2019

A avó e a neve russa, de João Reis

É maravilhoso, este livro. Narrado por um rapazinho de 10 anos, conta-nos do seu amor pela avó e da sua preocupação com a sua frágil saúde pulmonar, fruto da sua vida em Pripyat, na Ucrânia, aquando do desastre de Chernobyl.

A Babushka (avó, em russo) emigrou com a família para o Canadá, já apenas com a sua filha e o neto mais velho. Com a morte da filha por atropelamento, ficou com os dois netos a cargo, o mais novo apenas com cinco anos e já nascido na América. É este neto, numa linguagem que pretende que seja cuidada mas que por vezes é infantil, que ingenuamente decide assumir a missão de «salvar» a avó, tentando ir ao México em busca de um cato que fará um chá milagroso.

Expressões como «oncologia» em vez de «ornitologia», «loja de convivivência» em vez de «loja de conveniência», «ser de menoridade» em vez de «ser menor», «acampamento de concentração» em vez de «campo de concentração» e «gaseificada» em vez de «gaseada» são apenas algumas que usa no meio de textos mais complexos, o que gera em nós uma ternura infinita.

24 de junho de 2019

Dia de São João é dia do meu Avô João

Avô João, 24.06.1928

Faria hoje 91 anos, o Pai do meu Pai e Tio, Avô meu, dos meus irmãos e prima, Bisavô das minhas filhas e do seu primo.

A melhor homenagem é que a que o meu Tio lhe prestou hoje:

Quem disse que por de trás daquela barba que nos arranhava o rosto não tinha um coração de criança a querer brincar?
Quem disse que por detrás daquela voz grossa não tinha um menino criativo a querer falar?
Quem foi que falou que aquelas mãos grandes não sabiam fazer carinhos se os filhos chorassem?
Quem foi que pensou que aqueles pés enormes não deslizavam suaves na calada da noite para o sono dos filhos velar?
Quem é que achou que no fundo do peito largo e viril não tinha um coração doce quando os filhos amados, com um sorriso largo, se punham a chamar?
Quem foi que determinou que aquele coroa de cabelos brancos não sabia da vida para querer nos ensinar?
Pai, hoje festejaríamos o teu nonagésimo primeiro aniversário.
Parabéns Pai.
Obrigado e perdoa-me sempre que te magoei.

E porque passámos de uma a três...

... as compras na Feira do Livro tornaram-se diferentes. Pelas minhas contas, foram 9 livros para mim e 10 para elas, o que ainda não me anula completamente e espero não o venha a fazer. Mas acho importante começar a construir-lhes uma biblioteca, e comprar-lhes livros dá-me cada vez mais prazer. Esta foi a nossa colheita.



21 de junho de 2019

A varicela e o Zovirax

Desde há uns tempos, os pediatras recomendam o Zovirax para amenizar os efeitos da varicela. Como é um medicamento para o herpes, vírus da mesma família que a varicela, tem resultados muito bons no atenuar da doença, desde que administrado logo aos primeiros sinais.

Com a Maria só lho dei no segundo dia, pois no primeiro não tinha a certeza de que as 3 borbulhas que vi fossem varicela, por isso a borbulhagem já ia adiantada quando o começou a tomar. Mas a verdade é que foi tudo muito leve e ao quinto dia já tinha as borbulhas praticamente todas secas e a fazer crosta.

Na Luísa usei mal vi 2 borbulhas, e ela não desenvolveu mais de 5 ou 6. A coisa terá passado tão despercebida que ainda não sei se a varicela passou mesmo por ela ou se ainda aí vem algo mais (as próximas duas semanas serão cruciais). Se tiver passado, posso dizer que o medicamento foi milagroso.

Concluindo, e para quem tem filhos que ainda não tenham passado por isto: perguntem aos vossos pediatras se também o recomendam, e se a resposta for afirmativa tenham um frasco em casa, pois pode fazer toda a diferença. Têm é de atacar logo.


19 de junho de 2019

Vantagens e desvantagens da varicela

Como é sabido, a varicela é das doenças infantis uma das mais chatas, pela reclusão a que obriga e pelo mau-estar que gera.

Felizmente a Maria teve só um bocadinho de febre no primeiro dia, e uma noite terrível de coceira que acompanhou a principal erupção. Isto implicou várias tomas de medicação ao longo do dia (entre antivírico e anti-histamínico) e várias aplicações de produtos para a secagem das borbulhas e a acalmia da comichão.

As vantagens foram que deu para fazer uma série de coisas com elas, pela obrigatoriedade de as manter entretidas. Eu sou apologista de as deixar encontrarem entretenimentos por si só e darem asas à imaginação, mas por vezes é preciso pôr as mãos na massa (literalmente). Assim, brincaram à sombra no pátio, fizeram puzzles, brincámos horas com plasticina. E deu para perceber muito claramente o nível de vocabulário que já têm.




18 de junho de 2019

A minha ausência

Estive de férias. Mas não, não estive de férias. Isto é, estive mas não estive. Quando pensava que iria ter diariamente umas horinhas só para mim enquanto elas estivessem na escola, a Maria aparece com varicela.

As minhas férias resumiram-se, portanto, a uma hora na praia até me ligarem da escola, ter de pegar na mota e ir correr farmácias em busca de Zovirax enquanto a minha Mãe as ia buscar à escola. Nessa noite ainda dei um salto à Feira do Livro, mas a partir de quinta-feira estive com elas até ontem, quando as borbulhas começaram a secar.

Quanto à Luísa, pode parecer bizarro, mas a verdade é que não sei se teve varicela. Teve meia dúzia de borbulhas nas coxinhas, mas como ataquei logo com o Zovirax pode ter ficado por ali. Ou não. Saberemos nos próximos dias.

7 de junho de 2019

A festa dos 3 anos

Este ano a festa foi parecida mas diferente. Parecida porque juntámos praticamente todos os amigos e família do ano passado (e mais alguns). Diferente porque este ano não deu para contratar uma empresa «chave na mão» e foi quase tudo feito com a prata da casa.

Os salgados foram todos encomendados na Salgados e Salgadinhos (e aprendi que deveria ter encomendado metade do que fiz, mas essa experiência ganha-se), os bolos de aniversário na Degostar e as sobremesas todas maravilhosamente feitas pela minha Mãe. A decoração foi a única coisa que ficou a meu cargo, que eu na cozinha sou uma nulidade.

Os adultos conversaram, as crianças divertiram-se e no fim até a ReFood ficou a ganhar. Para o ano há mais.



 







3 de junho de 2019

3 anos dos meus maiores amores

Foi já há 3 anos que, um mês e meio antes do tempo, vocês decidiram vir ter connosco.

Não tenho qualquer memória do parto, nem qualquer memória dos vossos primeiros três dias de vida. Ao contrário da maioria das mães, não ouvi os vossos primeiros choros, até porque no início nem os havia. Não vos peguei ao colo nem chorei de dor, alívio e felicidade. Na verdade, só vos «vi» pela primeira vez quando já tinham seis dias. E passaram mais uns vinte até vos poder ter em casa. Mas os mais de 1000 dias que se seguiram a isso quase apagaram o medo das primeiras horas, o medo da perda, o medo da morte.

Luísa e Maria, vocês são dois verdadeiros milagres, duas meninas reguilas mas saudáveis que enchem os nossos dias e que afastam todas as más memórias que cada dia que passa serão mais apagadas e substituídas pelas boas.

Adoro-vos mais do que tudo. Quero muito ver-vos felizes.