29 de junho de 2018

A fortuna, de Cynthia d'Aprix Sweeney

Os Plumb são uma típica família nova-iorquina: quatro irmãos, a trabalharem em antiguidades, decoração e cultura; solteiros, separados ou casados hetero ou homossexualmente. Todos já adultos e todos à espera daquilo que infantilmente chamam a Fortuna, uma herança deixada pelo pai a ser-lhes atribuída quando a filha mais nova fizesse 40 anos, para resolverem as suas vidas. Só que quando esse dia chega já a Fortuna teve de ser utilizada para resolver um imbróglio causado por Leo, um dos irmãos.

Este é mais um livro sobre Nova Iorque e os seus habitantes, estilo de que gosto por conseguir visualizar tudo bastante bem. Os bairros, os parques, os passeios, as lojas.

Entre os quatro irmãos a relação era distante e disfuncional. E agora disfuncional continua, apesar de terem de se aproximar para tentarem recuperar a Fortuna perdida. Só que nem todos revelam o mesmo empenho, e a Fortuna acaba por ser um pretexto para conhecermos melhor cada um dos quatro: Leo, o único que teve sucesso na vida mas também o mais problemático; Bea, a viúva que fica solteira e que há anos que tentaescrever um livro; Jack, o dono de uma loja de antiguidades em conjunto com o seu parceiro; e Melody, mãe de duas filhas gémeas para quem vive.

Não é uma obra de fôlego, mas é um bom entretenimento que nos apresenta mais alguns nova-iorquinos tal como os imaginamos.

28 de junho de 2018

As gémeas do Mundial

Não, não são as minhas. A ideia genial é de uma mãe brasileira que vive na Florida, que durante três meses fez sessões fotográficas com as suas filhas gémeas de 2 anos vestidas de modo a identificarem-se com os países participantes.

Tudo começou quando Franciellen Lemes Fernandes se apercebeu de que não reconhecia a maior parte das bandeiras. Assim, decidiu investigar um pouco e aproveitar o máximo de roupa que já tinha das miúdas para fazer as sessões. A técnica para mantê-las quietas é vesti-las, dar-lhes de mamar e deixá-las adormecer, para depois acrescentar os acessórios.

Estes são apenas alguns exemplos, podem ver todos no Instagram @beatriz.olivia. Vale a pena, porque Franciellen vai publicando fotografias atualizadas à medida que os jogos vão decorrendo.

Portugal (fadista) e Espanha (dançarina de flamenco).
Rússia (traje típico) e Arábia Saudita (abaya).
Costa Rica (Juan Vaina) e Sérvia (tenista Novak Djokovic).
França (chef) e Austrália (surfista).
Tunísia (traje típico) e Inglaterra (guarda real).
Suécia (Santa Lúcia) e Coreia do Sul (traje típico).
Argentina (Mafalda) e Islândia (Björk).
Egito (Cleópatra) e Uruguai (traje típico).

27 de junho de 2018

Dois anos em casa - Take II

Cinco dias depois da Luísa, foi a vez de a Maria vir para casa. Família completa.

O casal do lado, de Shari Lapena

Fui levada pelo título e pela sinopse, mas na verdade o fulcro da história tem pouco a ver com ambas as coisas. O que diz a sinopse : que um casal vai jantar a casa dos vizinhos, que lhes pedem para não levarem a filha de 6 meses para estarem mais tranquilos. Nessa noite, os pais vão a casa de meia em meia hora verificar se está tudo bem com a bebé, e a certa altura a criança desaparece.

A partir daqui gera-se uma barafunda. Suspeitos que são suspeitíssimos no início e que depois afinal já não são, uma mãe com depressão pós-parto e que ainda por cima desde criança que tem episódios de ausências, resgates mal sucedidos, reviravoltas e mais reviravoltas que em vez de serem surpresas são uma coisa aborrecida. E um final que não faz muito sentido.

Tudo isto sem grande esmero na escrita. Não o voltaria a ler, apesar de ter sido um best seller segundo o New York Times e o livro do ano de 2016 segundo a livraria WHSmith. As vendas não são tudo.

26 de junho de 2018

Serviço Nacional de Saúde: mixed feelings


A minha sobrevivência é unicamente fruto do Sistema Nacional de Saúde, de uma conjugação do momento certo com o lugar certo e com os técnicos certos. Devo-lhe a vida, incondicionalmente. Mas não me posso impedir de o criticar.

Na semana passada a minha mãe sofreu um acidente numa escada rolante, e teve de ser levada para um hospital público com suspeita de uma fratura no fémur. Uma hora depois de ter caído já estava no hospital e já tinha feito um raio-x. Foi então colocada numa maca, num corredor, para ser avaliada em ortopedia.

Durante 2 horas e meia fomos simplesmente ignoradas, apesar dos meus vários pedidos para lhe darem pelo menos algo para as fortes dores. Finalmente foi observada por uma médica ainda nova, que em pleno corredor lhe levantou o vestido para lhe avaliar a perna e, com os exames feitos, concluir que era uma lesão muscular grave e mandá-la ir para casa, andar com canadianas por 2 ou 3 semanas e controlar a dor.

No dia seguinte falei com o meu pai, e a primeira coisa que me perguntou foi: E a ecografia? Tornou-se óbvio: se era algo muscular grave dever-se-ia ter avaliado qual o estado da coisa, que não se vê num raio-x. Eu no hospital não relacionei, a minha mãe estava tão aflita que também não, mas a médica deveria tê-lo feito.

Resultado: uma ecografia feita por fora ontem que revelou uma rutura muscular, seguida de uma ressonância magnética a fazer na próxima semana, para avaliar a extensão da mesma. Na verdade, quase duas semanas para chegar a um diagnóstico que deveria ter sido feito em meia de dúzia de horas no hospital.

25 de junho de 2018

Como tornar-se doente mental, de José Luís Pio Abreu

Esta é uma descrição rigorosa, feita por um psiquiatra, da maioria das doenças mentais feita maioritariamente de forma leve, apesar de nem sempre humorística (como li algures) e nem sempre acessível (em algumas passagens tive dificuldade em distinguir algumas patologias pela linguagem técnica que encerram).

É um livro interessante, sobretudo para estudantes de Medicina, de áreas relacionadas com a saúde mental ou para pessoas muito interessadas no tema, mas não um livro para as massas, como o título e a sinopse podem dar a entender.

Estava à espera de algo diferente.

24 de junho de 2018

Avó João: 90-30

Hoje, no dia do santo que lhe deu o nome, o meu Avô João faria 90 anos, mas deixou-nos aos 60.

A vida ficou a dever-lhe 30 anos, tempo em que ele teria acompanhado o nosso crescimento, os nossos sucessos e insucessos e quem sabe conhecido os seus 3 bisnetos.

Acredito que um dia voltaremos a estar juntos.

22 de junho de 2018

Experimentem o Symphony para me darem uma ajuda

Para continuar a postar diretamente os textos aqui do blogue no Facebook quero utilizar o Symphony, que experimentei durante o último mês (antes usava o Networked Blogs, que acabou). Estou a gostar e é muito fácil de gerir, por isso peço-vos que experimentem também. Basta 5 de vós fazerem a experiência no vosso blogue para eu ter um ano de subscrição gratuita.



Experimentem e ajudem aqui a Vespinha:

https://www.symphonytools.com/invite/MTAyMTM4OTQxMTgwMDU1MzQ=

Dois anos em casa - Take I

Faz hoje dois anos que a Luisinha veio para casa, 19 dias depois de ter nascido (a Maria viria uns dias depois). Foram tempos muito difíceis a vários níveis, mas hoje tenho comigo duas criaturas maravilhosas que nem nos meus melhores sonhos imaginei poderem existir.

20 de junho de 2018

Stitches, de David Small


Não sei como eu, que sou fã de novelas gráficas, nunca me tinha apercebido da existência desta, lançada em 2010. E é das boas. Em comum com muitas das que já li, tem por trás uma infância fora do comum e infeliz, neste caso com um pai maioritariamente ausente e uma mãe incapaz de afeto. Depois de o acompanharmos numa infância solitária, na adolescência deparamos com David a ter de ser operado a um quisto sebáceo no pescoço, que descobre mais tarde ter sido um cancro na tiroide que também lhe afetou as cordas vocais.

Apesar de ter conseguido superar grande parte destes traumas de infância, não assistimos aqui a grandes feitos, a atos altruístas ou de grande coragem. Assistimos antes a uma história de sobrevivência aos primeiros anos, caracterizados pela falta de amor e de qualquer tipo de carinho.

A arte é muito boa, com desenho, julgo, a tinta-da-china.

15 de junho de 2018

Em nome da filha, de Carla Maia de Almeida

Com desconto, clicar aqui.
Um relato muito duro e muito direto do que é a violência doméstica: a violência física, a violência sexual e a violência psicológica.

Num livrinho tão pequeno, Carla Maia de Almeida consegue retratar muito bem as várias facetas deste «desastre humano», através de 10 testemunhos na primeira pessoa de mulheres vítimas que, na sua maioria, vivem neste momento em casas de abrigo.

A primeira parte é dedicada a apenas uma mulher, Filipa, que com 15 anos assistiu ao pai a matar a mãe com uma caçadeira. Hoje, com 39 anos, relata como sobreviveu a essa tragédia e as sequelas que ainda a afetam.

A segunda parte contém as histórias de outras 9 mulheres, entre os 20 e poucos e os 60 anos, de variados estratos sociais e vítimas de diversos tipos de violência. Algumas estão destruídas, outras determinadas a começar uma nova vida, outras ainda não totalmente conscientes do horror que as atingiu.

A autora faz ainda uma reflexão acerca da visibilidade social da violência doméstica e das marcas que esta sempre deixa nas crianças. Destas, algumas reproduzirão comportamentos; outras servem como motor para pôr um fim a uma relação doente.

Um livro pequenino mas muito cheio de informação.

12 de junho de 2018

Pequena artista

Há coisas em que não reparamos até nos chamarem a atenção para elas. No sábado dei às miúdas um dos presentes que tinham recebido no aniversário: uns quadros mágicos, aqueles que através de um sistema de ímanes permitem fazer desenhos e apagar sem sujar nada. Lá em casa já experimentei dar-lhes lápis «a sério», mas o sofá e as paredes não gostaram muito...

A Maria não largou aquilo durante todo o dia, até que a fotografei e publiquei a fotografia. Choveram mensagens comentando a forma como ela já pega no lápis, e só aí me apercebi de que o treino lá na escola está a trazer ótimos resultados. Ora vejam:



Nota: A Luísa está a pegar da mesma forma mas com a mão esquerda. Parece que temos uma canhota em formação. Já não vão poder fazer os testes uma pela outra quando forem crescidas... 

11 de junho de 2018

O diário de Anne Frank - Diário Gráfico


O Diário de Anne Frank - Diário GráficoGostei muito desta versão gráfica do diário de Anne Frank, por vários motivos.

Em primeiro lugar, porque à partida sou fã de novelas gráficas, de como se pode transformar um romance ou um diário num livro de «banda desenhada».

Em segundo lugar, porque a adaptação gráfica de um diário é muito difícil, e esta está muito bem feita, conseguindo condensar vários momentos do original sem o desvirtuar. Além disso, os autores (Ari Folman e David Polonsky) tiveram a humildade de, sempre que a imagem não era suficiente, simplesmente transcreverem algumas palavras do diário original.

Em terceiro lugar, porque realça alguns aspetos que no diário estão um bocadinho mais escondidos mas que não deixam de ser importantes, como a relação conflituosa que Anne tinha com a mãe.

Em quarto lugar e último lugar, porque a arte está muito bonita, com personagens bastante realistas e cores muito adequadas ao ambiente.

Este livro não é para crianças, o que não impede que a partir da adolescência possa (e deva) ser lido. A história de Anne é trágica, cheia de esperanças e angústias, e os desenhos não escondem isso. Belo livro.

7 de junho de 2018

Os factos, de Philip Roth

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Não desisti deste livro mas admito que houve algumas páginas que saltei. Eu gosto muito de Philip Roth, muito mesmo. Mas esta autobiografia não acrescentou nada ao que gostaria de saber dele.

Achei interessante a parte sobre a infância, a vivência na comunidade judaica, o orgulho que a sua família tinha nesta última, a admiração pela ascensão profissional do pai. Depois, Roth fala dos seus anos de universidade, da escolha da mesma, das pessoas com quem se deu, dos professores que conheceu, das raparigas que conheceu. E daqui passa para aquela que, ironicamente, chama «a rapariga dos seus sonhos», uma mulher com uma infância e juventude desastrosas e que tenta que também a vida de Roth assim o seja. Confesso que esta parte me aborreceu, apesar de ter servido de inspiração para um dos seus livros de cujo título não me recordo mas que julgo não estar traduzido em Portugal.

Por último, reflete sobre a oposição da comunidade judaica perante o seu livro Goodbye, Columbus (de que gostei muito) e acaba por também por falar um pouco de O complexo de Portnoy (de que não gostei nada).

Em resumo: um livro com algum interesse mas em que não aprendi muito e um livro totalmente dispensável para quem nunca leu Philip Roth.

4 de junho de 2018

2 anos e uma festa muito alegre

Depois da festa que fiz o ano passado para as miúdas, que incluía o batizado, este ano quis fazer algo mais simples e de preferência em casa, apesar de andar sem tempo nem muita paciência para a organização.

Pedi alguns orçamentos a empresas com páginas do Facebook e escolhi a Pineapple Events. Em conjunto, escolhemos o tema para a festa (livros e bolinhas coloridas) e os comes e bebes. Pedi-lhes, ainda, que tratassem de algumas lembrancinhas e que estivesse sempre lá em casa para fazer a reposição das coisas de modo a eu não ter de me preocupar com nada.

E foi fantástico. Apareceram uma hora antes e compuseram uma mesa de sonho cheia de coisas bonitas e boas. No fim, deixaram tudo impecável. A festa não podia ter corrido melhor. Ver para crer.