28 de setembro de 2007

«Um» beijinho

Julgava que a mania do beijinho «único» já tinha passado de moda. Mas não. Ontem, surpreendentemente, fui apresentada a uma pessoa que não só me queria dar apenas «um» beijinho, como, ainda por cima, fez questão de o mencionar quando juntava a sua face à minha:

- Só um - disse, enquanto se aproximava.
- Eu prefiro dois - respondi eu, avançando logo com a outra bochecha e não dando hipótese para recuos.
- A minha mãe ensinou-me a ser muito poupadinho...
- Pois eu gosto muito de dar beijinhos...

E assim foi, dois beijinhos, se bem que um deles à força.

Para a próxima estendo a mão. Só a direita.

25 de setembro de 2007

Educação

Não tenho filhos mas um dia quero ter. Achava que ter gatas bem comportadas e bem educadas era um bom treino, mas agora começo a aperceber-me de como deve ser muito, muito mais difícil educar um filho. Não devido às questões financeiras, porque essas são indiscutíveis…

No início a orientação dos primeiros passos, o incentivo para a primeira autonomia que permite que coma e saiba brincar sozinho, a ajuda na pronúncia das primeiras palavras. Depois a gestão das crises, a capacidade de lidar com as birras e com os pedidos de desculpa, o sangue frio de impor horários a cumprir… E, no meio de tudo isto, a responsabilidade de transmitir valores como a partilha e o interesse e respeito pelo próximo.

Pais e mães de todo o mundo, admiro-vos.

24 de setembro de 2007

Cão azul

Descobri as T-shirts do Cão Azul (link aqui ao lado) no blog do Nuno Markl (link também aqui ao lado) e não lhes resisti… (L., não viste um cão parecido com este em qualquer lado?) Ainda não encomendei nenhuma mas, quando o fizer, o difícil vai ser escolher entre as minhas preferidas:

- sobre a actualidade...



- em protesto contra a Hello Kitty (prefiro a Miffy)...



- para terminar uma relação sem abrir a boca...



- com jogos de palavras...



- simplesmente engraçadas...



- variações sobre o cão...



- e, como não podia deixar de ser, com a inevitável Vespa...

23 de setembro de 2007

Parabéns, Mamã

Há 3 anos que não te via tão entusiasmada com o teu aniversário, e estou tão contente por te ver agora assim... Porque também há anos que não te via realmente bem-disposta, com vontade de fazer coisas, com vontade de tratar de ti, com vontade de prazeres simples como ler ou dar um passeio. Os últimos tempos não foram nada fáceis, foram uma grande provação para todos, mas penso que agora temos razões para pensar que o equilíbrio está a caminho, que mesmo aos 53 anos podes ser feliz sozinha e que, ao seres feliz desta maneira, estás a fazer feliz a mim e ao M. Continua assim, por favor. E, já agora, muitos parabéns.

21 de setembro de 2007

World Press Photo - My Best Of

Tinha-me esquecido de registar a minha ida à World Press Photo, ainda nas férias. Apesar de ter gostado mais de algumas das edições anteriores (e de ter caído na asneira de lá ter ido no último fim-de-semana da exposição, o que se traduziu em pouquíssima paciência para apreciar tudo como deve ser), não quero deixar de comentar as minhas imagens preferidas:

- É a inversão de posições entre avó e neto. Um rapazinho iraquiano tapa a boca da avó, que grita e insulta soldados americanos durante um raid nocturno. O desespero deste rapaz e ao mesmo tempo a sua consciência do perigo comoveu-me.

Peter van Agtmael, EUA, Polaris Images (2.º Prémio da Categoria General News / Stories)

- O contraste entre os turistas bronzeados e de havaianas que se encontravam numa praia em Tenerife e os refugiados africanos ali desembarcados, acabados de percorrer mais de 1000 km em barcos sobrelotados. Muitos morreram pelo caminho, outros serão repatriados, alguns ficarão mas nunca encontrarão aquilo com que sonharam.

Arturo Rodríguez, Espanha, The Associated Press (2.º Prémio da Categoria People in the News / Stories)

- Voadores urbanos invadem os subúrbios de Paris com fantásticos saltos que, sempre com muito improviso, exibem passos personalizados ao ritmo do hip hop, break e capoeira. São meses de prática muito arriscada.

Denis Darzacq, França, Agence Vu (1.º Prémio da Categoria Arts and Entertainment / Stories)

- Last but not least, pinguins nas Ilhas Sandwich do Sul mergulham de cabeça no oceano agitado para irem à pesca. Fantástico.


Maria Stenzel, National Geographic (3.º Prémio da Categoria Nature / Stories)

Consequências...

A minha mais recente teoria para o meu estado actual:

- devido ao cansaço extremo após a mini-maratona, as minhas defesas ficaram em baixo e deixaram que um qualquer bicharoco (que em qualquer outra altura seria completamente inofensivo) me provocasse uma gastroenterite;

- devido à gastroenterite e ao consequente mal-estar e enjoos, passei dois dias deitada, o mais imóvel possível, com a cabeça ligeiramente levantada;

- devido à posição de imobilidade (será esta expressão um pleonasmo?), a parte muscular ressentiu-se e hoje são as costas e o pescoço que se queixam...

What's next?

19 de setembro de 2007

Óleo

Continua a chorar óleo o meu Disco... Uma lavagem de estrada, mais dois dias na oficina à espera que pingasse para detectar a fuga, e nada. Quando volta para as minhas mãos, de manhã lá está a inevitável manchinha preta debaixo do carro... Na oficina outra vez. Mas gosto dele, só gosto de o conduzir a ele e só me sinto bem a viajar dentro dele. Ponto.

18 de setembro de 2007

Ataque massivo…

… aos meus olhos, aos meus ouvidos, ao meu estômago, aos meus pulmões, à minha cabeça. Foi assim o concerto de ontem dos Massive Attack, no Coliseu de Lisboa. Não porque a banda não estivesse no seu melhor, eu é que estava no meu pior…

Há mais de 2 meses que tinha os bilhetes, andava em contagem decrescente para o concerto e, ontem de manhã, deparei-me com uma gastroenterite daquelas. Mas como sou teimosa, lá fui para o coliseu. Escusado é dizer que do concerto aproveitei… nada. Desde as luzes ofuscantes vindas do palco ao poder da música electrónica, passando pelo fumo dos cigarros e de outras coisas que sobrecarregavam o ar, tudo contribuiu para o inevitável: passar aquela hora e meia sentada num canto a olhar para o relógio, ansiosa pelo fim.

Único consolo: Já tinha visto os Massive duas vezes, embora sem a fantástica Elizabeth Fraser (sim, apesar do meu estado ainda consegui perceber que ela lá estava).

Grande lição: Nunca, mas nunca, ir a um concerto em baixo de forma. Mais vale ficar em casa.

16 de setembro de 2007

1h04min

Não é grande coisa, mas é o melhor tempo que já fiz nisto das corridas… A estreia foi há um ano, na mesma ponte de hoje (a Vasco da Gama), e na altura foi uma hora e vinte e tal para os mesmos 8 km da mini-mararona. Depois vieram as outras, a Corrida do Tejo e a da 25 de Abril – não me lembro dos tempos, mas sei que foram sempre bem mais altos…

Entretanto houve duas provas de bicicleta. Na primeira, eu e o meu maninho tentámos os 42 km da Carlos Lopes Bike Marathon. Desistimos aos 33 km, mais por ele do que por mim, se bem que admita que até foi um alívio… A uma velocidade quase obrigatória de mais de 20 km/hora, quando parámos parecíamos bêbados, a cambalear e sem conseguir manter o rumo. Na segunda, na célebre Lisbon Bike Tour (aquela em que dão as bicicletas), já fui uma heróina, a primeira chegar do grupo com que ia. Pelo menos que seja a primeira em alguma coisa!

Próxima etapa: já em Outubro, em mais uma edição da Corrida do Tejo. Lá darei notícias do meu tempo em 10 km.

PS: Parabéns N., a primeira meia-maratona já ninguém te tira! C., se desta vez foi a andar, para o ano ninguém te agarra!

14 de setembro de 2007

São dois...

... que vão ser baptizados amanhã. Ele com 3 anos, numa cerimónia simbólica, em que agora muda de padrinhos. Porque desta vez serão quem se preocupa realmente com ele (no sentido inglês de «care») e porque o hão-de acompanhar incondicionalmente durante toda a vida. Ela com 3 meses, numa cerimónia oficial, com duas madrinhas que a querem tanto como às suas próprias filhas. Até amanhã, Va e Baby C.

13 de setembro de 2007

Moldura amarela

É sempre com alguma emoção que, desde 2001, recebo a National Geographic na caixa do correio. E é sempre com algum ritual que retiro o celofane que a cobre, para descobrir qual a capa do mês. Adoro o cheiro do papel, adoro o formato, adoro as fotografias, adoro as reportagens. Sobre a natureza, sobre achados arqueológicos, sobre outros povos e outras culturas mais ou menos felizes. Só há um tipo de reportagens que não leio porque, para mim, tratam de assuntos impenetráveis: tudo o que diga respeito ao espaço. Gosto das imagens, vejo os gráficos, mas tenho muita dificuldade em seguir o raciocínio… Defeito de fabrico.

Depois, coloco as revistas num montinho para as ir lendo por ordem, pois gosto de as apreciar de fio a pavio. Por isso, ainda vou na edição de Maio… Mas este mês não resisti a ler logo o artigo de capa. É bom ver que trata de um assunto relacionado com Portugal, o vulcão dos Capelinhos, nos Açores.

Parabéns à NG por existir e por me dar a conhecer um mundo tão belo, tão completo e ao mesmo tempo tão assustador.

12 de setembro de 2007

Com chuva...

... foi assim o meu primeiro dia de não-férias. Para me ajudar a regressar ao trabalho e para me garantir que não havia praia nem gelados à minha espera. Não fosse o facto de ter de andar com um carro que não é meu, que não me dá a mesma segurança e conforto, e de não estar um bocadinho mais frio, seria um primeiro dia quase perfeito, tendo em conta as circunstâncias.

Chuva, podes ficar mais uns dias. Frio, já estou à tua espera. Carro, fica bom depressa.

11 de setembro de 2007

Back to reality

Acabam amanhã de manhã estas minhas férias tão prolongadas (3 semanas seguidas este ano foi um verdadeiro recorde!). Há anos que não ficava de férias apenas em Lisboa (leia-se, sem passar nenhuma noite fora, nem sequer na Ericeira), e tenho a dizer que foi muito bom. Revi locais onde não ia há imenso tempo, fui à praia e dei mergulhos, fui ao cinema e a exposições, comi gelados em esplanadas, dormi muito, vi filmes em DVD, jantei fora ao ar livre, fiz companhia às gatas, pus em dia encontros com amigos, li bastante (mas não o suficiente para pôr a leitura em dia), andei imenso de Vespa e ainda tive tempo para escrever no blog... E, apesar de me manter actualizada em relação ao que se passa no office, confesso que consegui desligar do trabalho propriamente dito. Talvez por isso me esteja a custar tanto regressar...

10 de setembro de 2007

Semi-reconciliada


A loucura anda por aí há imenso tempo, mas tinha decidido não ir ver o Ratatouille porque não gosto de pagar bilhete para sofrer. Porque odeio ratos, desde os familiares mais afastados, como os hamsters, aos mais modernos chinchilas, passando por um simples rato de peluche… Não suporto, ponto. Desde pequena que tenho pavor desses bichos, ao ponto de ter pesadelos com ratazanas gigantes, de ficar histérica quando vejo um (como nos filmes) e de ter o azar de todas as histórias nojentas sobre ratos me virem parar aos ouvidos.

Mas ontem o pai da Mary lá me convenceu. Que o filme não fazia impressão nenhuma, que o rato é super querido, que passamos a olhar para a espécie com outros olhos… Cedi. Mas não exageremos! De facto o rato tem piada e até tem o seu quê de fofinho (aliás, é o único que consigo suportar para além do Rato Mickey e de um que aparece num episódio do Dr. House – mas este, acho que aguento porque estou entretida com os olhos azuis do médico louco). Agora, sempre que aparece a dita «colónia», com aquelas centenas de roedores grandes e pequenos, pretos, cinzentos e castanhos, a pele arrepia-se-me e a tentação é para fechar os olhos.

Feitas as contas: valeu a pena o sacrifício. Os cenários são belíssimos, a luz fantástica, os pormenores apurados e a história muito bonita sem ser lamechas. Excelente exemplo de como o trabalho em equipa tem sempre como resultado no mínimo 1 + 1 = 3 e de como mesmo um sonho impossível é possível de alcançar. Tirando as manadas / rebanhos / matilhas de rataria, muito bom.

O que acabo de ler I – O inocente, de Ian McEwan:

A história passa-se na Berlim dos anos 50, bombardeada após o fim da guerra e antes da construção do Muro. Num cenário de espionagem, o protagonista mantém a sua vida profissional em paralelo com a sua vida pessoal, nunca as misturando. Mas é no encontro das duas que o desfecho acaba por acontecer. Uma história acerca de como depressa se passa da inocência à culpa e como se descobre, décadas mais tarde, que afinal a inocência esteve sempre lá. Ian McEwan já publica desde 1975, mas só se tornou conhecido por cá em 1998, com o lançamento de Amesterdão. Depois de se ler um dos seus livros, a vontade é de ler todos… e já são muitos, sempre com histórias fortes.


O que acabo de ler II – Aqui há gato 2, de Darby Conley:

As tiras habituais do solteirão que vive com o um cão bonzinho e com um gato manhoso, cheio de «gatitude» e que é o verdadeiro dono da casa. E tinha de ser um siamês, claro...

9 de setembro de 2007

:)














Já tem 3 anos o miúdo mais reguila, mais traquinas e também mais meiguinho que conheço... És simplesmente o meu sobrinho preferido!

8 de setembro de 2007

Renascido das (quase) cinzas

Tornei-me cliente habitual do Café Império, na Almirante Reis.












Desde pequena que lá ia, com os meus pais e com os meus avós paternos, mas sempre o vi como um local decadente, tristonho, onde uma série de bêbados aparecia ao final da noite, onde as casas de banho eram pouco menos que nojentas e onde as únicas verdadeiras compensações eram o interior do fantástico edifício de Cassiano Branco, classificado pelo IPPAR como imóvel de interesse público, e o maravilhoso bife à Império, para mim o melhor bife com molho de Lisboa. Era o último resistente dos antigos grandes cafés de Lisboa. Entretanto o café foi vendido à IURD, que julgo queria aproveitá-lo para prolongamento da zona de culto. Mas, surpreendentemente, e graças a muita pressão dos empregados, acabou por ser trespassado e abriu com nova gerência.

Há um mês decidi arriscar e experimentar o novo Café Império. Que grande surpresa! O espaço está completamente remodelado, tirando o máximo partido da arquitectura já existente, as mesas e cadeiras são confortáveis, a luz é acolhedora, a louça está personalizada, o enorme restaurante lá de baixo (antes reduzido a cantina manhosa) transformou-se num espaço amplo com um ecrã onde passam filmes mudos e concertos, toda a decoração anda à volta do tema do cinema a preto e branco dos anos 50, o ambiente é cosmopolita… E o bife é o mesmo, com as famosas doses extra de molho! E sem grande aumento de preço… Para tornar tudo perfeito, os empregados (os novos e os antigos, recuperados do antigo Império) são simpatiquíssimos, com uma enorme vontade de agradar.

Desde aí, já lá fui quatro vezes, e prefiro jantar onde jantava há uns anos, lá em cima no varandim. Mas qualquer lugar merece uma visita ao novo Café Império. Boa!

Finally the body!

Demorou mas foi! Depois de mais um adiamento (desta vez de apenas um dia), lá fomos ver a tão falada exposição sobre o Corpo Humano. Carote, vale no entanto a pena... não fosse eu ter de ver a última metade a correr! Pois, o meu maninho não aguentou mesmo certas secções, teve uma quebra de tensão, quase um desmaio, mas lá recuperou e acabámos por ver tudo. Ele, meio enjoado, eu, com medo que a cena se repetisse...

Alguns pormenores que achei curiosos / algumas coisas que me fizeram de facto impressão:

- estribo - já sabia que o menor osso do corpo humano era o estribo, no ouvido, mas só quando o vi tive a noção de que mede para aí uns 2 mm;

- homem / mulher - dos 17 corpos em exposição, apenas identifiquei um como sendo de uma mulher;

- umbigo - é de facto algo muito estranho, em forma de boca de corneta;

- pulmões - é de facto assustadora a cor dos pulmões de um fumador, muito embora os de uma pessoa saudável também apresentem uma coloração acinzentada (devido à poluição do dia-a-dia, dizem);

- tabaco - a caixa em acrílico para os fumadores lá deitarem os seus maços de tabaco estava muito vazia, não sei se por já terem enchido outras se por a mensagem não ter passado;

- feto - com 12 semanas, já apresenta um tamanho considerável, com todos os órgãos facilmente identificáveis.

Os senãos:

- a exposição aborda todos os sistemas (respiratório, reprodutor, circulatório, digestivo, urinário...), mas podia ter mais informação sobre outras coisas, como por exemplo o funcionamento dos olhos (o meu ponto fraco);

- os painéis com curiosidades são interessantes, mas as tabuletas explicativas utilizam linguagem por vezes demasiado técnica;

- o preço: €19,50 (eu sei que já é banal refilarmos acerca dos preços, mas é de facto muito dinheiro tendo em conta outras exposições excelentes que estão por aí à nossa disposição);

- muito, muito calor...

Em resumo: o nosso corpo é de facto uma máquina fantástica.

7 de setembro de 2007

Pêlo

As minhas gatas andam a largar pêlo, deve ser do calor... Por mais que as escove, por mais que aspire, quando chego a casa depara-se-me uma paisagem algo parecida com a de um deserto com aqueles tufos de erva a rolar por ali fora. Só que em vez de erva, é pêlo, que depois se acumula por trás das portas, debaixo da cama, no ar... Não tem fim, estou a pensar comercializá-lo para enchimento de almofadas e colchões.

E a TT Gata a olhar para mim com aquele ar, como quem diz: Estou aqui tão confortável, importas-te de limpar?



5 de setembro de 2007

É já amanhã...

... que vou finalmente ver a exposição:


Maninho, achas que aguentas?

Mais imagens amanhã à noite: para nos sentirmos mal ou para pensarmos melhor no que andamos a fazer à nossa saúde.

4 de setembro de 2007

Feels like home...

Já tinha comentado há dias o meu regresso à Adraga, mas agora quero fazer um elogio àquela que é para mim a melhor praia do mundo. Já não ia lá há mais de 5 anos, penso que desde que os meus pais trocaram a casa em Almoçageme pela da Ericeira. Não que a Ericeira e Ribeira d’Ilhas não sejam fantásticas, mas a Adraga… é sempre a Adraga.


















Por que adoro esta praia:

- As recordações de infância / adolescência – aqui passei os melhores verões da minha vida. Com os meus amigos, com os meus pais, com os amigos dos meus pais, com os filhos dos amigos dos meus pais… Ao fim do dia, era difícil tirar-nos da água, quando as ondas eram maiores mas também mais perfeitas. E quando voltávamos para Lisboa, ainda antes de existir a casa de Almoçageme, a paragem na serra de Sintra para uns banhos em água gelada numa fonte bem escondida.

- O mar alteroso – é mesmo assim que gosto dele. Bravo, frio de fazer doer os ossos, com correntes fortes e inesperadas, a enrolar-nos entre espuma e areia… Só para corajosos ou para quem, como eu, o conhece bem desde criança. E mesmo assim, cuidado com ele! Lembro-me de, um dia, até o meu pai ter precisado da ajuda do «rambo» para de lá sair… Já para não falar da quantidade de vezes que os biquinis e fatos de banho nos pregavam uma partida e saíam do sítio.

- O que está escondido – na maré baixa, as rochas deixam de esconder as outras duas praias: a do cavalo, à esquerda, mínima e onde a areia nunca seca; e a «lá do fundo», não sei se tem nome, onde o nudismo passa despercebido.

- As falésias que a rodeiam – a pé, de bicicleta, de carro até romper o escape, e de jipe, muitas vezes as subi para espreitar o algar e a praia vista de cima. Um dia quem as subiu foi o Zé Gato, quando o meu pai e o meu irmão o tentaram levar à praia e o desgraçado do bicho, em pânico, trepou por ali acima assustado com a areia nas patinhas.

- O peixe do restaurante – um simples peixe grelhado regado com azeite ou molho de manteiga e uma mousse «com cheirinho» tornam perfeito um final de dia. A acompanhar, um bom vinho, na minha adolescência substituído por um Trina de pêssego que até já nem se fabrica.

- A aldeia lá em cima – Almoçageme não é só a aldeia de passagem a caminho da praia. Durante anos, lá passei todos os fins-de-semana, em casas que cada vez estavam mais perto do mar. As festas no Verão, as pequenas feiras no largo, com rifas e cassetes pirata, a banda dos bombeiros a passar.

- Os passeios de bicicleta – só pelo meio da aldeia ou por atalhos até às Azenhas do Mar, passando pela Praia Grande e pela Praia das Maçãs, os caminhos escondidos são muitos mas só para os conhece.

- O sossego – por ser longe de Lisboa, por ter poucos lugares de estacionamento, pela bravura e temperatura das águas e pelas manhãs enevoadas, a Adraga é ainda um paraíso. Só lá vai quem gosta mesmo.

- E tanto fica por dizer.

PS: Obrigada, L., por me teres lembrado que a Adraga estava aqui tão perto.

3 de setembro de 2007

Mundo - Take II

Ainda na linha do estado do mundo, mais um site muito interessante, o Breathing Earth, que nos permite ver em tempo real diversos itens: população actual por país, taxas de natalidade e mortalidade, CO2 emitido... dados que permitem avaliar a contribuição de cada país para as alterações climáticas.

http://www.breathingearth.net/

E para avaliar a (des)contribuição que eu própria estou a dar, decidi calcular a minha pegada ecológica, isto é, a quantidade de recursos necessários para produzir o que consumo e absorver os desperdícios que produzo:

http://www.ecofoot.org/

Desgraça! Descobri que a minha pegada ecológica é de 5,1 hectares globais, isto quando a média de Portugal é de 4,8 e quando a área mundial biologicamente produtiva é de 1,8. Resumindo, se todos fossem como eu, seriam necessários 2,8 planetas Terra...

Tenho de pensar a sério no que posso fazer para melhorar, mas confesso que o meu comodismo por vezes fala mais alto... Para começar, acho que vou desligar a Net, nem que seja para não ver os números: desde que a liguei, e segundo o Breathing Earth, 3733 pessoas nasceram e 1614 morreram.

2 de setembro de 2007

Lince ibérico... haja esperança!

Regressada de um dia de praia na Comporta, cheia de fome e à espera que o jantar ficasse pronto, liguei cepticamente a televisão para ver as notícias. Mais umas tantas da silly season, pensei.

Mas, surpresa! Finalmente um acontecimento que promete, se não a médio pelo menos a longo prazo. Como uma das contrapartidas para a construção da barragem de Odelouca, a empresa Águas do Algarve vai financiar a criação do primeiro centro de reprodução do lince ibérico em Portugal, em colaboração com Espanha, que vai ceder os primeiros animais.

O lince ibérico é um animal com que sempre simpatizei. Primeiro, por ser um felino, e qualquer felino é inevitavelmente belo e cheio de personalidade. Depois, porque o número de elementos da espécie tem decaído drasticamente, sobretudo devido à fragmentação do seu habitat e ao desaparecimento de coelhos, a sua principal presa. Só para dar uma ideia, em 1995 havia na Península Ibérica cerca de 1300 exemplares em liberdade (dos quais 100 em Portugal); em 2004, esse número tinha descido para apenas cerca de 150… E, que se saiba, O (ZERO) em Portugal. É a espécie de felino mais ameaçada de extinção, tão rara que até imagens que a retratam são difíceis de encontrar...

É já para 2009 que se prevê a abertura do centro. Será que daqui a alguns anos poderemos vislumbrar uma criatura de orelhinhas em forma de pincel a espreitar em terreno português? Espero que sim. E, mesmo que não a possa vislumbrar, já fico muito contente só de saber que existe.

1 de setembro de 2007

O mundo na casa dos espelhos

Quando era miúda, e até há bem pouco tempo, adorava ir à Feira Popular. Toda aquela decadência das diversões enferrujadas e repintadas vezes sem conta, o cheiro enjoativo das farturas e do frango assado, os corantes do algodão doce, as buzinas dos carrocéis a avisar que era a hora da partida, os desgraçados empregados dos restaurantes a tentar convencer-nos a entrar... E os comboios-fantasma, onde nunca consegui entrar sem tapar os olhos durante todo o percurso, até um dia desistir de tentar. O único sítio onde ainda conseguia ir era à Casa Maldita, talvez por o percurso ser a pé e, com o meu ritmo, poder controlar quando ia apanhar os sustos. Um dia fiz batota: levei uma lanterninha e tornei-me a pessoa mais corajosa do mundo...

Pertinho havia a Casa dos Espelhos. Nessa sim, divertia-me mas só em miúda, porque mais crescida, para ver deformações do corpo, já bastava o espelho lá de casa. Mas ria-me porque via uma realidade diferente, uma realidade que não era a realidade.

E ontem descobri que também o mundo vai à casa dos espelhos, aliás, vive lá todos os dias. Mas neste caso já não dá vontade de rir. Porque estes espelhos sim, apesar de deformarem, reflectem a realidade tal como ela é, ajudam-nos a vê-la melhor. O método já me tinha sido referido por um professor de Geografia, mas ontem li um artigo na Sábado e fui espreitar o site:

http://www.worldmapper.org/


A ideia é simples mas genial e muito visual: a partir de um planisfério, dá-se aos países novas dimensões consoante as proporções do critério que se quer visualizar. Por exemplo, se se quiser representar o trabalho infantil no mundo, o mapa aparece assim:




Uuppss... A Europa e a América do Norte quase desapareceram, mas em contrapartida África e Ásia ganharam proporções assustadoras. Mas é assim a realidade que não se vê.

Mas se se pegar noutro critério, por exemplo, os mamíferos em risco de extinção, o mundo transforma-se nisto:


Aha! Agora já se vê a Europa, aliás todo o mundo parece mais equilibrado. Mas tendo em conta o que mapa representa, antes estivesse vazio...