28 de junho de 2011

PRP

Acredito que das desgraças devemos sempre tirar ensinamentos. E por isso tenho pena que o caso Angélico não tenha servido para dar o exemplo do que poderia ter sido um final feliz.

Vejo reportagens sobre como o ator-cantor era divertido, sobre o futuro que o aguardava, sobre a desgraça que o fintou, sobre a morte cerebral que o levou. Mas, até agora, não vi qualquer reportagem a sério sobre o que o simples uso de um cinto segurança poderia ter evitado. É que não será por acaso que, dos quatro passageiros envolvidos no acidente do passado sábado, dois tenham morrido, um esteja em estado grave e só um tenha saído praticamente ileso. O único que levava o cinto colocado.

26 de junho de 2011

Final feliz

Fui à procura deste sossego..


Deparei com esta confusão...


Mas acabei por descobrir este paraíso...

21 de junho de 2011

Por detrás da máscara

Há cerca de 3 semanas, um carro despistou-se gravemente na avenida marginal, com dois passageiros a bordo, o condutor e o filho. Vinham de um encontro de automóveis clássicos, por isso logo a notícia correu na blogosfera, com preocupação genuína por parte de quem os conhecia.

No mesmo dia, aparece num desses blogs a informação de que se encontravam em estado muito grave, em risco de amputação. Mais algum tempo passado e surge a notícia da morte do pai e da amputação do filho. Tudo dados vindos de comentadores anónimos (um ou vários). Por fim, os membros do clube automóvel recebem um mail do condutor do carro, dizendo que de facto tinha uma série de costelas partidas, fisioterapia a fazer, mas que se encontrava livre de perigo. E que o filho já tinha tido alta. Sem amputações. Dos comentadores anónimos só voltaram a aparecer comentários de raiva e de inveja, sendo a expressão «nem morrer sabem» a ser utilizada.

Questiono-me que tipo de pessoas gastam o seu tempo a enviar comentários destes, que geram angústia e pesar, apenas com o intuito de se divertirem. Apetece-me dizer: «Get a life» e não queiram prejudicar a dos outros.

17 de junho de 2011

Eu nunca vou esquecer...

... a expressão nos olhos da mãe gata quando hoje de manhã, ao tirar o meu jipe da garagem, uma roda passou por cima do bebé gato. Nunca, nunca. E só consigo perguntar-me: o que é que eu fui fazer?

16 de junho de 2011

A questão Finkler, de Howard Jacobson

Deve ser de mim. Só pode ser de mim. Porque se leio em todo o lado que um livro está «carregado de humor» e o mesmo não me arrancou sequer um sorriso, então algo está errado. A mim, antes pelo contrário, transmitiu-me uma profunda tristeza, a sensação de que grande parte das pessoas não está bem na pele que tem.

Em A questão Finkler (de Howard Jacobson, vencedor do Man Booker Prize 2010), Julian Treslove, um não-judeu com dois grandes amigos judeus passa, de um momento para o outro, a viver obcecado com a questão judaica. Com a sua filosofia, com as suas tradições, com a sua sexualidade. Ao ponto de se querer tornar num. Um dos amigos, por outro lado, é altamente crítico do seu povo, ao ponto de entrar para um grupo autointitulado Judeus EnVERgonhados. O terceiro, conformado com a vida, vai assistindo aos movimentos de um e de outro.

Custou-me a entrar neste livro, custou-me a atravessá-lo, sempre com o fantasma do antissemitismo e com medo de que algo acontecesse, e custou-me a terminá-lo. E agora aguardo mais opiniões para ter a certeza de que sou eu que estou errada.

14 de junho de 2011

O metro perfeito

E para quem, como eu, sonha com um dia poder fazer quase toda a vida usando apenas o metro, eis um diagrama de rede perfeito para Lisboa:

(Encontrado algures na Internet.)

13 de junho de 2011

253, de Geoff Ryman


Uma viagem de sete minutos e meio na linha de Bakerloo, entre Embankment e Elephant and Castle. Uma composição do metro de Londres. Sete carruagens. Cada carruagem com 36 passageiros. Mais o maquinista. 253 pessoas, portanto.
Cada personagem tem direito a uma página e a exatamente 253 palavras, distribuídas por três partes: Outward appearance, Inside information e What he/she is doing or thinking. Uns vão para o trabalho, outros regressam, uns são turistas, outros são desempregados, há ingleses, indianos, americanos, chineses e até portugueses, há excêntricos e conservadores, há quem pense em coisas muito importantes e quem pense apenas no que sonhou a noite passada, há felizes e infelizes, novos e velhos, homens e mulheres. Grande parte cruzar-se-á apenas durante estes sete minutos. Outros têm ligações mais ou menos prováveis de que muitas vezes ainda não se aperceberam.
Um livro diferente, que começou por ser um projeto online, que pensei que ia ler aos bocadinhos mas que quis ler sempre mais um pouco. Um pouco frustrante na parte da descrição física, pela dificuldade do vocabulário, mas muito estimulante em tudo o resto.
Afinal, quem nunca se interrogou sobre a vida do passageiro do banco da frente?

12 de junho de 2011

Este é para a Mary

Tabletes de chocolate do IKEA a €0,60 cada uma. E eu até sou muito esquisita com chocolates, não como qualquer um. Mas estes...

10 de junho de 2011

At book paradise city

Sim, eu estive no paraíso dos livros. Um local onde são baratíssimos comparados com os nossos preços. Onde são impressos em papel leve. E, acima de tudo, onde a escolha é infinita. E assim, em Londres não resisti a entrar em tudo o que é livraria. A Foyles, a Waterstones, a Stanfords (especialista em livros de viagens), a Forbidden Planet (banda desenhada)... Estes foram os que consegui trazer antes de ter de pagar excesso de bagagem:

Bicycle diaries, de David Byrne – já tinha oferecido a versão portuguesa ao meu pai, com a promessa de que depois mo emprestasse. Agora já não vai ser preciso.





World without end, de Ken Follet – depois de ter lido Os pilares da terra e o primeiro volume de A queda dos gigantes, vou aventurar-me neste, versão original. Leitura recomendada pelo meu professor de inglês para continuar a alargar o vocabulário.



Sleepwalk, de Adrian Tomine – banda desenhada, pois claro, em versão pequenos contos.





David Boring, de Daniel Clowes – mais banda desenhada, para descobrir um autor que não conhecia e que pressinto que promete muito.





We need to talk about Kevin, de Lionel Shriver – um best-seller com quase 10 anos escrito em forma de cartas que a mãe de uma criança serial-killer escreve ao seu ex-marido.




London then and now, de Diane Burstein – um clássico, um livro de fotografia sobre Londres. Antes e agora, para daqui a uns anos ainda poder comparar com o depois.

7 de junho de 2011

London's best buy

Depois de tanto me avisarem de que tudo em Londres é caríssimo, andei meses a poupar para poder fazer lá umas compritas. E, garanto, valeu a pena.

Uma capa de almofada com um desenho de Susan Herbert, tão representativa do mistério felino. Apesar de comprada em Portobello Market, não foi uma pechincha, mas não deve haver muitas iguais por aí.



Um dos poucos acessórios que faltava ao meu meio de transporte favorito aqui na Expo. Não é da Decathlon e é muito mais gira.




Não que seja algo que não pudesse comprar cá, mas não resisti a tantos cartazes a anunciar o último CD de Moby. Porque, goste mais ou goste menos, acabo por gostar de todos.



Fresquinho, da Dorothy Perkins, representa um dos três que comprei. Vestidos há muitos, mas estes são mesmos giros e assentam que nem uma luva.




Mais um quadro para o mural em que se está a transformar a parede em frente da minha cama. Este comprado no Shakespeare’s Museum, e com tantas cenas que de alguma nos havemos de lembrar.


Andava a namorar este perfume há meses, confesso que primeiro atraída pela embalagem e só depois conquistada pelo aroma. Quando se trata de perfumes, uma poupança de €20 é excelente.




Com os All Star a voltar a estar na moda (não que alguma vez tenham totalmente deixado de estar), quis uns diferentes, sem ser bota e desta vez em modelo Slim. E mais baratos do que os outros.

6 de junho de 2011

Londres, nas palavras dos amigos e nas minhas

Quando anunciei que ia a Londres, não houve praticamente ninguém que não me desse um conselho ou uma opinião. Uns bons, outros menos bons. Mas segui quase todos.

- Vais adorar. É a tua cara. Vais querer voltar. Tudo verdade verdadinha. Adorei Londres, destronou uma das cidades do meu top 3, apesar de ainda não saber bem qual (Berlim, Barcelona, Nova Iorque?). Se há dois anos tinha ficado fascinada com o cosmopolitismo de Nova Iorque, este ano Londres conseguiu igualá-lo, se bem que não tão perto do céu (no verdadeiro sentido do termo). Com a vantagem de estar na Europa, a pouco mais de cem euros de distância.

- O alojamento é caríssimo, é um exagero viver lá. Verdade também. Pois é, paguei mais de €500 por uma semana num T0, mas o facto de poder tomar os pequenos-almoços em casa ajudou muito.

- Não vais resistir a ir a uma data de museus. Idem, mas nem todos os que me recomendaram valeram a pena. A minha avaliação de cada um:

Natural History Museum – o melhor que já visitei. Edifício grandioso, coleção mais grandiosa ainda. Dinossauros completos como nunca imaginei, viagens pelo corpo humano e pelo centro da Terra, e a possibilidade de ver animais que nunca imaginei que existissem

Churchill War Rooms e Churchill Museum– por baixo da zona de Downing Street mantêm-se intactos os subterrâneos de onde Churchill comandou as operações de guerra em 1940. A sala de reuniões, a sala dos mapas, os quartos, o gabinete do primeiro-ministro... Está tudo lá para que a História não se repita.

HMS Belfast – entrar num navio que serviu durante a II Guerra Mundial é uma experiência, sobretudo quando tudo está preparado de modo a envolver-nos totalmente no ambiente. Na zona da enfermaria cheira a desinfetante, na cozinha, cheira a comida... Impressionante.

British Museum – vale pela coleção e, quanto a mim, também pela impressionante intervenção arquitectónica de Norman Foster que projetou para o interior uma das maiores praças cobertas do mundo. Devido a filmagens, não pude visitar a Reading Room. E assim terei de lá voltar.

Tate Modern – o edifício é de facto grandioso, à beira-rio numa antiga central elétrica. Mas não consegui deixar de comparar a coleção à do MOMA, que lhe fica muito à frente.

Tate Britain – mais uma galeria de que gostei mas que não me ficará gravada na memória.

National Gallery e National Portrait Gallery – gostei, bastante, mas comparada com os anteriores não poderão estar no n.º 1.

Design Museum – ainda hoje me interrogo porque mo aconselharam... O nosso MUDE e a coleção mais alargada que esteve em tempos no CCB envergonham-no e muito.

- Aproveita para andar na rua, a vida em Londres é fascinante. Totalmente de acordo. A diversidade cultural, os parques imensos, o Thames e as suas margens tão ricas, o imperdível London Eye, a cidade de arranha-céus a nascer em Canary Wharf, a descoberta de um mundo novo em cada bairro.

- Prepara-te para os mercados e para as lojas. Por muito que os imaginasse não estava suficientemente preparada. Portobello num estilo mais romântico e familiar, Camden num registo mais alternativo, Central Market e Covent Garden totalmente bairristas, Regent’s Street cosmopolita para carteiras mais recheadas...

- O metro é horrível. Ah não é não, já vi bem pior e em eficiência nenhum outro que eu conheça lhe ganha. A par da rede dos autocarros double-deckers, andar de transportes públicos torna a vida muito, muito fácil.

- Está descansada que não vais passar fome. E não passei mesmo. Entre restaurantes italianos, libaneses e americanos e a grande descoberta da cadeia Pret à manger (uma espécie de Go Natural mas muito mais variado e mais barato), só não ganhei peso porque devo ter andado quilómetros a pé.

- Leva um impermeável por causa da chuva. Sim, levei-o emprestado, mas não foi preciso. Choveu um dia, mas os abrigos na cidade são muitos: lojas, restaurantes, pubs, autocarros... Só se molha a sério quem quer. By the way, ou eu tive muita sorte ou Londres tem O meu clima: durante uma semana deliciei-me com um tempo fresco que não me deixava transpirar

- Tens de conhecer a J. Tens de conhecer o C. E conheci-os aos dois, em dois fins de tarde que começaram um no café e um no pub e que acabaram ambos em restaurantes. Ambos portugueses, a J. a viver lá há 3 anos e sem vontade de voltar, o C. que já lá viveu 10 anos e que agora segue para Luanda. Ambos me fizeram muita companhia. E ambos me fizeram muita inveja.

É que Londres é daquelas cidades para onde me mudava já durante um ano. Já mesmo.


PS: Para os curiosos que queiram ver mais fotografias, ir aqui.

5 de junho de 2011

A chuva juntou-nos mais

Mais uma imagem aqui.

Porque voto em quem voto

Eu não vou votar com base em aversões ou paixões pessoais, mas sim com base em factos como estes.


Texto inspirado num artigo de Nicolau Santos feito por um grupo de cidadãos multipartidário.