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20 de setembro de 2019

Desafio de escrita dos pássaros #2

O amor e um estalo (ou, para mim, o amor é um estalo)

Foi já há largos anos, mas recordo essa noite como se tivesse sido ontem. Estava já deitada, ele ainda não tinha chegado, mais uma vez atrasado no trabalho, ou não. Na escuridão do quarto, já deitado ao meu lado, sem coragem de me olhar nos olhos, disse-me que era o fim. O pai precisava dele, já não gostava de mim, e queria abrir caminho aos dois para refazermos a vida como quiséssemos. Não queria que perdêssemos mais tempo.

Nessa noite ainda ficou em casa, dormiu como sempre, enquanto eu, de olhos abertos, ainda pensava que vivia um pesadelo, com a ajuda do escuro da noite. De manhã saiu, para fazer qualquer coisa prática, e eu saí logo de seguida, numa fuga daquela realidade.

Só voltei a vê-lo uns dois meses depois, cumprimentou-me como se nada fosse, bem-disposto e sorridente, novamente acompanhado embora nunca mo confessasse.

O amor da minha vida deu-me um estalo, um estaladão, e depois mais outro, e tantos outros depois disso. Estalos sem mão, que são os que doem mais e que marcam para sempre.

13 de setembro de 2019

Desafio de escrita dos pássaros #1


Tema: Problemas, só problemas

Este tema não podia vir mais a propósito.

Há semanas que me queixo da minha filha Maria, que desde que começou as férias me acorda quatro e cinco vezes por noite só porque quer um beijinho. As noites e as sestas têm sido um martírio, e eu quase que amaldiçoo a miúda por aquelas chamadas noturnas. Não há pesadelos, não há chichi para fazer, há somente um beijinho por dar.

Pois esta semana a Maria ficou doente, com algo do trato respiratório que lhe tem causado febre, pieira e uma grande prostração, e por vezes nem de dia ouço a sua voz. Sei que lhe vai passar, pois está medicada e é uma questão de tempo.

Mas a moral da história é que por vezes os problemas que dizemos ter são apenas problemazinhos, ou nem isso são. Problemas, problemas a sério, é ter filhos ou familiares doentes, com doenças crónicas ou terminais que nenhuma noite de sono, mesmo que intermitente, nos deixam ter.

Há que relativizar.