Ser comunista nos anos 40 e 50 não deve ter sido nada fácil. Sobretudo se se tiver vivido nos Estados Unidos de McCarthy e se se estiver apaixonado por uma actriz que se move no seio de uma burguesia deslumbrada.
Ira Ringold torna-se comunista durante a II Guerra Mundial; regressa a Nova Iorque e, por ser muito parecido com Abraham Lincoln, interpreta-o em peças e em programas de rádio, passando a ser conhecido por Iron Rinn; casa com Eve Frame, estrela do cinema mudo dominada por uma filha de um de muitos dos seus estranhos casamentos; o casamento degrada-se; Eve, manipulada por amigos de extrema-direita, publica Casei com um comunista; e a vida de Ira é destruída, não sem antes acabar por conseguir levar a mulher atrás.
Em Casei com um comunista, Philip Roth descreve cruamente a sociedade mccarthista, a «caça às bruxas» e o modo como o ódio anticomunista consegue invadir a vida privada. Não direi que este é um livro de leitura rápida, como os outros dois que tinha lido de Philip Roth (Animal moribundo e Indignação), mas é um livro de leitura rica, bom para ler em tempos de agitação política.