31 de março de 2008
E também o cinema…
Na semana passada, vi The Lovebirds, de Bruno de Almeida. O filme passa-se em Lisboa e retrata as vidas de uma série de personagens: o taxista, a empregada da tasca, o realizador de filmes de baixo orçamento, o piloto de avião que se encontra com uma prostituta de luxo no Altis, os ladrões de ocasião... Durante o filme, e dada a distância/proximidade das personagens, cheguei a julgar tratar-se de uma daquelas produções em que no fim as vidas de todos se cruzam, um bocado na onda de Babel ou Colisão. Mas não, o ponto em comum é apenas a decadência que as atravessa a todas. A não ver por quem quer manter uma visão romântica de Lisboa. Porque a Lisboa branca e solar não está lá. Só as ruas sujas de Alfama, as paredes cheias de maus tags no Bairro Alto, os prédios devolutos ocupados por mendigos durante a noite… O elenco, além do já «parte da mobília» Joaquim de Almeida, conta ainda com os inesperados Joe Berardo (no papel do produtor), Fernando Lopes (a fazer de si próprio) e Michael Imperioli (dos Sopranos – Imperioli é mesmo a personagem com um ar mais «limpinho» de todo o elenco).
Ontem foi a vez de Este país não é para velhos, dos irmãos Coen, um verdadeiro thriller passado no oeste americano, com um verdadeiro psicopata e uma verdadeira sangria por onde quer que este passe. A história, muito resumida, anda à volta de uma mala bem recheada de dinheiro (provindo de droga) que um homem encontra e que outro quer recuperar. O problema é que quem o quer recuperar (Anton Chigurh, interpretado por Javier Bardem, premiado com o Óscar para melhor actor secundário) é uma personagem demoníaca, determinada e obcecada (e quase sobre-humana, uma vez que nunca morre apesar de se magoar bastantes vezes), que mata implacavelmente todos os que se lhe atravessam no caminho. Por vezes, ainda lhes dá uma hipótese de sobreviver, num irónico «cara ou coroa». E se a personagem já é assustadora o suficiente, a sua aparência não lhe fica atrás, com o olhar vazio, o cabelo à tigela» e um andar direito e impassível a carregar com uma pequena bilha de gás. Adorei o diálogo com o homem da estação de serviço, em que Chigurh trata o desgraçado por «friendo»… Muito pesado, mas gostei.
30 de março de 2008
Pôr a amizade em dia
25 de março de 2008
Barulhinhos de gato bom
24 de março de 2008
Parabéns, Mary
A minha amiga de há 17 anos que me tem acompanhado no melhor e no pior até, tenho a certeza, que a morte nos separe.
22 de março de 2008
A propósito da Páscoa, a religião
Mas tenho alguma pena de não ser crente. De ir à igreja e ter fé, de participar em procissões (como a que no domingo de ramos passou por baixo da minha janela, em plena cidade), de ter mais justificações para tudo o que vai acontecendo.
O meu pai teve uma educação católica, com primeira comunhão e julgo que mais algumas coisas. A minha mãe não sei, penso que teve uma educação mais laica. Casaram-se pela igreja, por um padre que hoje se encontra casado e acho que com filhos. De 3 irmãos, fui a única baptizada. A partir de mim, os meus pais, devido a algumas atitudes da Igreja, decidiram não baptizar mais filhos.
Hoje, pais divorciados, a minha mãe começa a redescobrir a Igreja, mais por causa de um padre em específico do que por qualquer outra coisa. Vai à missa ao domingo, mas só semana sim, semana não, quando lá está o dito padre com a postura que lhe agrada. O meu pai mantém a postura de há 30 anos, laico e a acreditar acima de tudo no valor do Homem.
Também eu acredito no Homem mas, num misto de algo que se pode assemelhar com uma religião, acredito também que aquilo que fazemos como seres vivos trará os seus resultados em nós próprios, hoje ou em qualquer outra altura. Não consigo acreditar que a morte seja o fim, não consigo acreditar que sejamos apenas uma amálgama de músculos, ossos, sangue e veias que deixa de funcionar e pronto. Muitas vezes sinto-me protegida pelos meus familiares queridos que já cá não estão. E sei que este sentimento não está só na minha cabeça.
Sim, acredito em algo superior, ou em nós, seres vivos como seres superiores.
21 de março de 2008
Tempo
«O tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem. O tempo respondeu ao tempo que o tempo tem tanto tempo quanto o tempo tem.»
É lindo.
20 de março de 2008
3584 páginas depois...
A Primavera...
19 de março de 2008
Maravilhas da língua inglesa...
12 de março de 2008
Leituras
À espera no dentista: todo o tipo de revistas, não só as cor-de-rosa como as revistas do Unibanco, suplementos temáticos que vêm com o Expresso e que ninguém se digna a abrir, folhetos sobre como tornar os dentes mais brancos...
À espera de um autocarro ou do metro: os diagramas da rede, de preferência aqueles que contêm os nomes de todas as ruazinhas à volta para que haja mais matéria de entretenimento.
A tomar o pequeno-almoço (em casa): a Net.
A tomar o pequeno-almoço (fora): qualquer lista que haja em cima da mesa, sobre sumos naturais ou outra coisa qualquer.
Na casa-de-banho: o correio que estava por abrir, folhetos de promoções de grandes superfícies, embalagens de shampoo ou o que estiver à mão.
A conduzir (parada no trânsito): à falta de um livro, folhetos de publicidade, inlays de CD, facturas de gasóleo.
A conduzir (em andamento em vias rápidas): os letreiros de entradas e saídas, a publicidade nas carrinhas por que passo. Nota: ontem passei por um reboque propriedade de um tal «Zé Mau»...
A conduzir (em andamento na cidade): outdoors, nomes de lojas, nomes de ruas...
E mais não digo porque tenho de ir trabalhar. Em livros.
8 de março de 2008
Ultimato
Um ultimato a mim própria: se não acabar a campanha editorial até ao final da próxima semana, vou ter de recorrer a mais do que café para me manter desperta. Porque, com o mau humor com que ando, já me sinto uma sacana... agora só me falta transformar-me no resto.
3 de março de 2008
Está marcada...
Rói-me um misto de medo e de desejo. Medo da anestesia geral, de não ficar bem anestesiada e sentir tudo, de não acordar depois, de estar internada num quarto cheio de desconhecidos, de não conseguir dormir de noite, de as lentes não ficarem bem postas, de o meu corpo as rejeitar, de surgirem infecções.
Desejo de poder acordar de manhã e ver tudo nítido, de não ter de esticar o braço para agarrar nos óculos, de à noite me poder deitar sem tirar as lentes, de dar mergulhos no mar sem medo de as perder. Desejo de liberdade.
2 de março de 2008
Pausa para ver Momix
Quanto aos Momix, sabia apenas que ia ver algo que misturava dança e mímica. Mas foi muito mais do que isso.
No espectáculo Opus Cactus, a companhia norte-americana homenageia o deserto, ou os desertos. Os desertos norte-americanos, com os tufos de ervas a rolar, lagartos e cobras. Os desertos árabes, com as suas músicas sentidas e escorpiões. Os desertos da África profunda, com as suas tribos e rituais. Jogando com música, luz e corpos, retratam-se animais, plantas, coisas... Até nos esquecermos de que o que estamos de facto a ver são pessoas. Uma surpresa muito boa.