Salomão, mais tarde rebaptizado Solimão, acompanhado de Subhro, mais tarde rebaptizado Fritz. Um elefante asiático e o seu cornaca (vulgo, tratador). Nascidos na Índia, vindos de Goa para Lisboa. Dois anos estacionados em Belém, até que um dia um rei se lembrou de o oferecer ao seu primo, arquiduque da Áustria. E assim começa a viagem. Um conto bem ao estilo saramago, com história, ironia, humor, comparações com o presente, muitos «flashforwards» que nos dão rebuçados de vez em quando.
Uma história que quase me é contada ao ouvido, em que quero cada vez mais conhecer o elefante, vê-lo, cheirá-lo, ouvir os seus barritos, tocar na sua pele grossa e áspera, ser enrolada pela sua tromba para ser pousada na sua testa.
Diz Saramago que Pilar não deixou que ele morresse, para que pudesse acabar este livro. Forma-se-me um nó na garganta e um aperto no peito só de imaginar que um dia poderá não haver mais elefantes a viajar pela minha imaginação.
PS: Nota especial para a fantástica capa que inicia a lavagem à cara dos livros de Saramago. Uma obra de arte que cobre outra obra de arte. Da autoria de Rui Garrido, que tenho a sorte de conhecer por sempre que lhe peço me dar também muitas e boas ideias para os livros escolares que edito.
2 comentários:
À tua conta, acho que vou (tentar) dar uma segunda hipótese ao Sr. Saramago, que sempre falhou em seduzir-me...
Se tiveres dificuldade, pede a PM para te ler 2 ou 3 páginas em voz alta... vais ver que apanhas logo o ritmo, ele escreve como se estivesse a conversar contigo.
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