
Um casal americano embarca no mítico Transiberiano de Pequim para Moscovo, após uma missão humanitária. Durante a viagem, têm como companheiros de cabine outro casal, mais novo, ela americana com um toque de gótico, ele hispânico. A certa altura, também temos Ben Kingsley, mais uma vez numa excelente interpretação, com olhares que só ele sabe fazer, na pele de um detetive da brigada de narcóticos russa. E mais não conto.
Mas posso falar do ambiente do filme. Da claustrofobia dentro do comboio, em que o espaço vital de cada um é tão pouco. Do contraste com as planícies geladas que o mesmo atravessa, e que nos deixam respirar um pouco apesar da desolação que transmitem. Da dureza e rudeza do povo russo (que pude comprovar em Moscovo há uns anos). Das estações escuras e confusas, onde não se encontra ninguém com vontade de nos conhecer. Do ritmo: criação de ambiente, início das suspeitas, clímax, desfecho inesperado. Das mentiras que enredam algumas das personagens. Das interpretações irrepreensíveis: Roy (Woody Harrelson), o marido dedicado, sempre otimista e fascinado por comboios; Jessie (Emily Mortimer), a mulher observadora e desconfiada que acaba ela própria por cair num jogo de mentiras; Carlos (Eduardo Noriega), o malandro provocador; Abby (Kate Mara), a rapariga calada com certamente algo para esconder; e Ben Kingsley.
Não é um filme com uma mortantade desenfreada. Nem de perseguições non-stop. É um filme cheio de tensão. Muito recomendável.
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