Este livro é bonito por fora, por dentro, na forma e no conteúdo. Em A contradição humana, Afonso Cruz, o homem dos sete ofícios (escritor, realizador, ilustrador, músico, fotógrafo), veste a pele de uma criança curiosa e perspicaz e observa o mundo à sua volta. E deixa-nos a pensar em coisas como estas:
- Percebi, certo dia, que o espelho do meu quarto é uma grande contradição: o meu lado esquerdo, quando reflectido, torna-se direito – e o direito, esquerdo - , mas a parte de cima não se torna parte de baixo. Nem a parte de baixo, parte de cima. Acontece o mesmo com o meu gato. Mesmo quando se vira o espelho ao contrário.
- Depois de me deparar com estas coisas que desafiam a lógica de todo o universo conhecido, comecei a observar algo mais curioso ainda. Dentro das pessoas – e isso inclui os vizinhos – habitam as maiores contradições. Por exemplo: A minha tia gosta muito de pássaros mas prende-os em gaiolas. É uma pena.
- O vizinho do sétimo esquerdo toca piano, canta e nunca desafina. Tem uns cabelos despenteados e uns dedos mais compridos do que aulas de Matemática. Mas o que realmente me impressiona é que ele toca músicas tristes e isso deixa-o feliz. Chega a chorar de feilicidade (eu já vi).
Agora imagine-se tudo isto escrito com letra manuscrita como a de uma criança e ilustrado a preto, vermelho e branco. Uma delícia.
1 comentário:
estou a caminho daquela loja enorme que vende livros!!! ;)
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