3 de janeiro de 2011

História longa mas que vale a pena ler

Cada vez mais sou fã das redes sociais, nomeadamente do Facebook. Porque acredito, e tenho provas, de que pode mudar a vida de muita gente. No meu caso, para melhor.

Há quase um ano, em Janeiro, o cão do meu irmão não apareceu à hora de comer. De manhã estava lá; à tarde, já não. Desconfiámos que o jardineiro o teria deixado fugir e que alguém o teria apanhado logo de seguida. Apesar de o Cascão não ter por hábito andar fora do jardim, teria voltado para a casa nem que fosse por ouvir a Twiggy a ladrar. Percorremos todas as ruas da zona, a pé e de carro, passámos a pente fino as estradas circundantes, na hipótese de ter sido atropelado, o meu irmão ligou para o canil... nada.

Há duas semanas, num domingo de manhã, liguei-me ao Facebook. No feed de notícias, uma das primeiras era do grupo da Caderneta de Cromos, que por sua vez remetia para uma campanha de angariação de rações da União Zoófila. Juntei-me ao grupo da União Zoófila e, no mural, a primeira mensagem que apareceu referia um cão encontrado no dia anterior à noite, perto de casa do meu irmão, preso a uma grade, à chuva e com fome. A mensagem tinha uma fotografia. De um cão que parecia o Cascão. Mas uma coincidência destas era impossível. Pedi mais fotografias a quem tinha colocado a mensagem e, ao longo do dia, o que parecia impossível começava a deixar de o ser.

Entretanto, o Alfredo (nome que entretanto quem encontrou o cão à chuva lhe deu) tinha sido entregue no canil municipal, à espera que alguém o adoptasse ou que os donos aparecessem. Na segunda-feira, à hora de almoço, fui com o meu irmão ao canil e aqui a descrição dele é a melhor:

O senhor que nos guiou até lá disse: “Ele está ali ao fundo, nesta cela.” Sai de lá um cão que por um ou dois segundos estranhou a situação, ainda baralhado com tudo aquilo, e foi aí que se fez um click na cabeça dele, do Cascão! Ele deve ter pensado: “Espera lá, eles são os meus donos! Yupiiiiiiii!” Veio a correr para nós aos pulos de felicidade e a pedir mimos! Quanto mais diziamos “Cascão” mais ele pulava de contentamento, há um ano que não ouvia esta palavra. Pulava dava as suas mordidelas suaves de amizade na mão que lhe são típicas, enfim, não havia dúvidas, era o nosso Cascão. :)

O Cascão não pôde vir logo connosco, não tínhamos documentação que comprovássemos que era nosso, e a lei prevê um prazo mínimo até um animal poder ser dado para adopção. Assim, 8 dias depois, meia hora antes do fim do prazo, lá estávamos para adoptar o Cascão. Nós e três dos seus "padrinhos", graças a quem o Cascão foi reencontrado. Depois foi o preenchimento de uma série de papelada, a colocação do chip, a administração da vacina anti-rábica e, finalmente, o regresso a casa.

O próximo passo, causador de alguma ansiedade, era o reencontro com a Twiggy, que há quase um ano era senhora de todo o jardim. Algumas rosnadelas, alguma desconfiança, e segundos depois já o Cascão corria a toda a velocidade para o local onde costumava beber água e para sua casota. Horas depois, já os dois brincavam e saltavam como se nunca se tivessem separado.

Que este exemplo sirva para provar que as redes sociais até são uma coisa boa. Se não, leia-se Uma história sobre Oliveiras, publicada por mim em Junho e que também relata uma importante mudança na minha vida.

By the way, o Cascão agora também já tem página no Facebook.

4 comentários:

estouparaaquivirada disse...

Com os olhos a brilhar...mesmo mesmo quase a chorar, venho aqui dizer-te que adorei a história e estou felicíssima que o Cascão tenha voltado para casa!
Isto é que é começar bem o ANO.
Felicidades e Feliz Ano Novo.

Vespinha disse...

Foi excelente! Em contrapartida, no mesmo dia tive assinar um papel para eutanasiar um gatinho da minha mãe... uma mão dá e a outra tira... :(

estouparaaquivirada disse...

É verdade!:(
A infelicidade é proporcional a felicidade que nos deram...
Melhores dias virão.
xx

Cristina Torrão disse...

Viva! Viva!

Viva o Cascão, viva!