Em O complexo de Portnoy, Philip Roth apresenta-nos Alexander Portnoy na primeira pessoa, em sessões com um psiquiatra. Fala sobre a superproteção e autoridade da mãe, sobre os problemas de prisão de ventre do pai e da sua obsessão pelo sexo, em conflito permanente com a religião e com os princípios segundo os quais foi educado. É um ser ao mesmo tempo psicologicamente doente mas também frágil, de quem temos pena pela ansiedade em que vive.
Bem sei que um bom livro é muitas vezes aquele que causa reações, e este causou-me acima de tudo repulsa em muitas passagens (apesar de por todo o lado ser classificado como um livro extremamente divertido*). E talvez este seja de facto um bom livro. Mas eu não gostei e não o recomendaria a ninguém. E ainda bem que não foi o primeiro livro de Philip Roth que li, porque se fosse não sei se lhe daria uma segunda oportunidade.
1 comentário:
Sim, um bom livro deve causar emoções fortes, mas também me pergunto se tem de causar repulsa. Onde está a fronteira entre o original e o mau-gosto?
Na Alemanha, por exemplo, os romances históricos situados na Idade Média e que contêm cenas de violência chocantes vendem-se muito. Diz-se que a vida naquele tempo era violenta, o que nem sempre corresponde à verdade. Era mais do que hoje, sim, mas a violência extrema, ao contrário do que se possa pensar, era rara. Tenho a impressão de que as pessoas confundem realismo com cenas chocantes.
É preciso realmente chocar o leitor para singrar, como autor?
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