24 de fevereiro de 2012

Um exemplo de uma coisa má portuguesa

Termos uma ministra da Agricultura que, depois de 40 dias sem chover, declara o seguinte quando questionada sobre o que está o governo a fazer em relação ao impacto da falta de chuva:

«Devo dizer que sou uma pessoa de fé, esperarei sempre que chova e esperarei sempre que a chuva nos minimize alguns destes danos. Como é evidente, quanto mais depressa vier, mais minimiza, quanto mais tarde, menos minimiza. Se não vier de todo, não perderei a minha fé mas teremos obviamente de atuar em conformidade.» Pois, fia-te na Virgem e não corras...

Mas pelo sim pelo não, vou já ali acender umas velinhas.

Dois exemplos de boas bebidas portuguesas

Vinho moscatel, Favaios
Refrigerante de fruta, Sumol

21 de fevereiro de 2012

Vamos lá mostrar à troika quem é que afinal somos!

Não ouvia esta música há anos, mas quando a ouvi agora tinha a letra toda na cabeça... e não a podia achar mais adaptada à conjuntura que vivemos. Ah, grandes Heróis do Mar!


É muito difícil dar a entender o que é Portugal
O inventor de Portugal foi um português
À beira da velha Europa fica Portugal
A língua que estás a ouvir é o português
O marinheiro que foi à India era português
O aviador que foi ao Brasil foi de Portugal
Portugal tem muita gente muita tradição
E o que tem de mais diferente é o português

O vento sopra, o barco tem medo
Às armas, às armas
O capitão não sabe o segredo
Às armas, às armas
O vento sopra, o barco tem medo
Às armas, às armas
O capitão não sabe o segredo
Às armas, às armas

O inventor de Portugal era português
E nunca escreveu nem publicou o que é Portugal
É muito provável que a riqueza do mundo esteja em Portugal
Mas quem não sabe nem tem certezas é o português
À volta dos livros não sabem quem é mas é Portugal
À volta do mundo atrás da fortuna anda o português
E todo o planeta devia telefonar para Portugal
Para que se saiba no fim de contas quem é português

O vento sopra, o barco tem medo
Às armas, às armas
O capitão não sabe o segredo
Às armas, às armas
O vento sopra, o barco tem medo
Às armas, às armas
O capitão não sabe o segredo
Às armas, às armas


Durante os próximos dias, coisas portuguesas e boas, aqui no blogue.

20 de fevereiro de 2012

Ferrugem americana, de Philipp Meyer

Em muitas cidades do Estados Unidos o tempo a certa altura avançou mas depois parou. E as pessoas, no entanto, continuaram a (sobre)viver. Com a miséria da indústria parada, com as lojas fechadas, com a migração de tantos outros em busca de oportunidades.

Em Ferrugem americana, Philipp Meyer retrata muito bem esta desolação, primeiro pelos olhos de Isaac, um jovem adulto que ficou para trás a olhar pelo pai, mas depois recorrendo também ao olhar da sua irmã Lee, do seu amigo Poe, da mãe de Poe e de um polícia à beira da reforma. Vidas tristes e frustradas em que, apesar de tudo, a amizade ainda consegue ganhar lugar quando tem mesmo de ser.

Philipp Meyer tem apenas 38 anos, mas traz-nos as memórias da escrita realista americana de Steinbeck e de Hemingway. Recomendo bastante.

17 de fevereiro de 2012

Se um é bom, dois é melhor*

* e três melhor ainda

Em apenas duas semanas tive a sorte de assistir a dois dos melhores concertos dos últimos tempos. Ambos no CCB. Ambos com preços abaixo dos €20. E ambos de bandas portuguesas.

Depois do fantástico concerto de Rodrigo Leão, ontem foi a vez de os The Gift me darem mais uma noite maravilhosa. Na primeira parte, a preto e branco, músicas do recente Primavera, num ambiente intimista e bastante calmo. Na segunda parte, numa explosão de som e cor, músicas de Explode e de outros álbuns mais antigos que puseram a sala toda de pé e aos pulos.

Uma banda com uma energia poderosa (dizer que Sónia Tavares está grávida de 7 meses e que esteve muito pouco tempo parada dá uma boa ideia daquilo de que os The Gift são capazes), dentro da qual se sente uma cumplicidade cheia de sentido de humor, capaz de uma interação envolvente com o público.

Podia ser melhor? Sim, porque neste momento estou a reouvir o concerto em direto na Comercial. Perfeito.



13 de fevereiro de 2012

Cat people

Diz-se que a gente das letras é mais virada para os gatos, enquanto outros artistas como pintores ou músicos são mais gente de cães. Adoro cães, mas de facto sem as minhas gatas não vivo. Com as personalidades abaixo nunca me poderei comparar a nível intelectual, mas quanto ao meu amor pelos gatos somos muito parecidos.

Blind writer, playful kitty: killer combo.
William Burroughs and kitty tripping the fuck out.
A seemingly careless William Faulkner and his kitten.
Ernest Hemingway convinces his kitty to try out corn.
Kitties made Herman Hesse happy.
Jean-Paul Sartre and his existentialist kitty.
Muito mais imagens destas em Writers and kitties.

6 de fevereiro de 2012

Ter mais do que uma bicicleta não tem mal, pois não?

É que estou apaixonada pelas bicicletas da Dry Drill, uma marca portuguesa em cujo site podemos personalizar cada pedacinho de um dos meus meios de transporte preferidos. Quadro, banco, guiador, pneus e até a correia, cores à nossa escolha! O único senão é que as peças são enviadas desmontadas, e depois vai ser preciso um habilidoso para compor a coisa. Mas desconfio que tenho um irmão que não se importaria nada de o fazer, pois não?

Algumas das hipóteses:





Repare-se que são bicicletas de roda fixa, isto é, sem travões, em que se trava contrapedalando. Sounds fun.

5 de fevereiro de 2012

Bicycle diaries, de David Byrne

O título engana um bocadinho, mas eu não me importei. Na verdade, em Bicycle Diaries David Byrne fala (um) pouco do que é andar de bicicleta, de porque é que anda de bicicleta e do que os outros pensam disso. Mas, acima de tudo, faz reflexões geradas pelo que tem visto ao andar de bicicleta, não apenas em Nova Iorque mas também em Berlim, Istambul, Buenos Aires ou Sydney, cidades para onde tem levado a sua desdobrável.

Byrne partilha com o leitor opiniões sobre fotografia, prisioneiros de guerra, música, ecologia, famílias excêntricas, moda, política, bons e maus costumes... Mas também sobre a relação das pessoas com os carros e sobre urbanismo. Impossível, portanto, definir um tema para este livro. Mas é bom, bastante bom, porque de certeza que haverá algo lá pelo meio que nos põe a pensar um pouco mais. Pena desta vez tê-lo lido em inglês, é o tipo de livro em que, pelo vocabulário com que me deparei, teria muito a ganhar se o tivesse lido traduzido.

4 de fevereiro de 2012

Palavras que podiam ter saído da pena de Vasco Graça Moura:


Concorde-se ou não com o Acordo Ortográfico (e eu concordo com algumas opções mas discordo claramente de outras, que dificultam em vez de facilitar), a verdade é que felizmente a nossa língua é viva, sempre a absorver novas palavras e a reinventar outras. Para além da teimosia e «velhismo do Restelo», acho que grande parte dos opositores do Acordo são acima de tudo um bocado preguiçosos, que acham que nunca se vão conseguir adaptar e que vai dar imenso trabalho. Não é assim tão difícil, acreditem. E acho que veio para ficar, pelo menos até ao próximo acordo.

2 de fevereiro de 2012

Mas quando é que a embalagem acaba?

É que enquanto ainda houver crepes com chocolate no congelador, 
vai ser um por dia... não há força de vontade que me valha.

1 de fevereiro de 2012

Música para os meus ouvidos

Ontem no CCB passei uma hora e meia inteirinha com um sorriso nos lábios. Rodrigo Leão e os seus convidados presentes e ausentes (Lula Pena, Scott Mathew, Miguel Filipe e Thiago Pethit) proporcionaram-me um dos melhores concertos a que assisti nos últimos anos. Estava mesmo a precisar de uma noite assim.

Um clássico:


E uma descoberta: