Um título tão grande de facto, à partida, não dá muita vontade de ler. Ou, pelo contrário, dá, porque desde que o vi que queria saber o que ia por dentro deste A heartbreaking work of staggering genius, de Dave Eggers.
Num registo claramente autobiográfico, o autor, no início dos seus 20 anos, fica responsável pelo irmão de sete quando os pais morrem no intervalo de três meses, ambos vítimas de cancro. O terceiro de quatro irmãos, e por isso o último a ficar em casa para tomar conta de Toph, Dave tem de assumir de repente o papel de irmão e de pai, dividido entre a responsabilidade e a necessidade de continuar a ser um jovem como os outros, que podem passar uma noite fora ou beber uns copos a mais. E, quando eventualmente o faz, sente uma culpa enorme, e um medo devastador de que algo aconteça a Toph. Quanto aos pais, apesar de saírem de cena logo no início do livro, continuam a assumir um papel importante na vida dos irmãos, quer pela natureza agressiva do pai, quer pelas tentativas apaziguadoras da mãe.
A Time classificou-o como melhor livro do ano 2000, esteve no topo da tabela dos best-sellers do The New York Times e foi finalista do Pulitzer na categoria de não ficção. Tanta gente não se pode ter enganado, e eu também não.
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