Os lares de idosos

A ideia é boa, mas temo que venha a ter consequências desastrosas. Segundo a nova lei, o objetivo é criar 10 mil novas vagas para idosos em lares, só que não criando novos lares mas alterando os que já existem. Por exemplo:
- cada lar passará de um máximo de 60 utentes para 80 ou mesmo 120 (se estiver dividido em duas unidades funcionais de 60 pessoas cada);
- a área mínima dos quartos de casal passa de 15 m2 para 12 m2;
- passam a ser permitidos os quartos triplos, desde que com área mínima de 20 m2;
- deixam de ser obrigatórias casas de banho em todos os quartos, passando cada uma a poder servir quatro pessoas;
- as regras relativas à construção de lares vão ser aligeiradas («para evitar a proliferação de lares em condições ilegais»);
- entre outras coisas.

Ora, se as condições proporcionadas por tantos lares já são desumanas, cobrando quantias exorbitantes por serviços abaixo de mínimos, o que será da velhice de tantos de nós? Privados até mesmo de algo tão básico quanto a privacidade?

Eu conheço apenas dois lares: um da Santa Casa da Misericórdia, onde a minha mãe faz voluntariado e que tem condições excelentes (logísticas e humanas); outro privado, caríssimo, onde de uma vivenda se fez uma colmeia cheia de degraus e anexos, com escadas perigosíssimas que nenhum velho poderá subir ou descer. Espero que pelo menos que, no meio de tantas alterações, a fiscalização a sério comece a funcionar.