19 de junho de 2012

Um balanço de Amesterdão

Costumo avaliar as cidades pela capacidade que acho que teria de viver em cada uma. Em Londres e Berlim, poderiam ser uns anos. Em Roma, um ou dois meses no máximo. Em Barcelona e Amesterdão, meses largos mas não anos. Porque estas são cidades vivas, muito vivas, mas cansativas para estadas mais longas.

Amesterdão, uma das minhas lacunas na Europa (a outra é Paris) mostrou-me coisas boas e coisas más. Ei-las.

Coisas boas:
- as bicicletas - como gostava eu de poder fazer toda a minha vida em cima de uma. Bem sei que com bom tempo é mais fácil, mas parece-me que os holandeses devem usá-las faça chuva ou faça sol. Dos 3 aos 93 anos, toda a gente tem pelo menos uma (as estatísticas dizem que em Amesterdão há mais bicicletas do que pessoas). Mas quase todas bastante maltratadas, nada parecidas com as bicicletas cheias de estilo que levava no meu imaginário. O que também me podia levar a classificá-las como "Coisas más". Só que não consigo.
- a comida - graças aos bons conselhos da minha amiga Joana, devo ter comido as melhores sanduíches da minha vida. Com pão escuro ou claro, com nozes, com queijo, com ervas e alface, fizerem dos almoços a melhor refeição do dia.
- as lojas - há-as só a vender escovas de dentes, ou só preservativos, ou só acessórios sado, ou sabonetes em forma de bolos... Há-as de tudo. Caras, sem dúvida, mas capazes de nos entreter durante longos dias sem nunca nos fartarmos.
- o museu Van Gogh - impecavelmente bem catalogado, bem iluminado, bem organizado, por ordem cronológica que nos permite perceber perfeitamente o que ia na cabeça do artista ao longo dos seus 10 anos de produção. Ainda tem uma loja boa, um restaurante a preços razoáveis e um anexo de nível superior.
- a casa de Anne Frank - os homens que conheço desaconselharam-me de ir, as mulheres muito pelo contrário. Ainda bem que fui por elas, porque gostei muito, muito de a ter visitado. Porque não é apenas uma casinha, mas uma reconstituição muito bem feita do que foi a vida daquela família durante dois anos, com contextualização do antes e do depois, sem lamechices mas também sem desdramatização.
- as casas - vi muitas a partir de fora, com pés direitos altíssimos, e só posso concluir que ou os holandeses têm muito bom gosto ou não há desemprego entre os decoradores. A ligação entre o moderníssimo e o clássico, a quantidade de livros, a iluminação perfeita fizeram-me ficar com uma pontinha de inveja.
- a noite - adorei passear pelos canais à noite, com a iluminação publica refletida na água e um silêncio absoluto. Acho que se vivesse lá daria longos passeios depois de anoitecer.

Coisas más:
- as scooters - parecerá estranho uma vespista considerar as Vespas um dos lados maus da cidade. Só que a culpa não é delas, mas de quem as conduz não pelas estradas mas pelas ciclovias, a altas velocidades e constantemente a pregar sustos de morte aos peões mais incautos. Não percebo como não é proibido.
- o estado dos canais - aquilo que poderia ser a grande mais-valia da cidade é uma das coisas mais desprezadas. Porque as margens das centenas de canais, que deviam ser aproveitadas pelas pessoas, estão ocupadas por carros e bicicletas, esmagando-os e roubando-lhes todo o esplendor.
- o lixo - para além dos sacos de lixo que se acumulam à porta das casas (a recolha é feita tanto de noite como de dia), veem-se papéis por todo o lado. E reciclagem, parece-me mesmo que não há.
- o tempo - eu não me importo de andar à chuva, mas em 5 dias apanhar chuviscos, cargas de água, calor e frio e as piores rajadas de vento da minha vida não é agradável. 
- o Red Light District - julgava que ia ver mulheres expostas em montras, e vi-as. Mas vi mais, porque elas não se limitam a estar numa montra; a montra é na verdade um quarto, onde se vê a cama, o lavatório, o espelho. Bastante decadente.

Abaixo, fotos minhas. Umas dizem muito, outras não dizem nada.

O vento faz destas coisas. 
Construção do conhecimento. Até que caiu.
Não parece, é. Os polícias têm mesmo a mania que são bons.
A prova de que também faz calor por lá.
Sim, aguentam-se em pé. Só não sei como.
Porque eu não consigo resistir a um bom gato gorducho.
Juro que só vi o senhor a dizer que não já aqui em casa. 
A minha primeira sinagoga.
O Starbucks com mais pinta onde estive até hoje. 
Sim, esta é a minha posição preferida.

4 comentários:

joana disse...

ainda bem que as coisas boas superaram as más :) *****

joao disse...

acho que se vive e se está bem melhor na cidade exterior aos canais. para aquém deles o atropelamento é eminente. em qualquer dos casos as mulheres são giras...

marta disse...

o meu marido afirmava, quando o conheci, que as holandesas são as mulheres mais bonitas do mundo...quando estive em amsterdão conclui inevitavelmente que ele tinha razão...muita razão! :). quando vi as hospedeiras e o comandante da extinta empresa de aviação KLM a passar diante dos meus olhos até se me faltou o ar perante tanta elegância...

Vespinha disse...

Deixa lá, Marta, que os homens também não estão nada mal. Altos e de cara quadrada, ainda por cima a andar de bicicleta... :)