Os Cadernos de Pickwick, de Charles Dickens

Terminei finalmente de ler Os Cadernos de Pickwick, a obra-prima de Charles Dickens de cómico de situação. Durante um mês, as minhas noites foram passadas na companhia do Sr. Pickwick e dos seus três amigos, em deambulações pela Londres do século XIX e arredores contactando uma série de personagens tipo de que eles são também exemplo. Há dândis mulherengos, há estalajadeiros embriagados, há guardas prisionais, há advogados manhosos, há viúvas enganadas, há românticos inveterados, há criados atrevidos e cocheiros destemidos. Apanhei grandes cargas de água, estive em serões de fumadores, viajei em coches desvairados e participei em eleições aldrabadas.

Os Cadernos de Picwick foram no seu original publicados em 20 fascículos, entre 1836 e 1837, tendo ganho uma enorme legião de fãs sobretudo a partir do aparecimento da personagem de Sam Weller (o criado de Pickwick, espertalhaço, com uma linguagem divertidíssima e um pai que também lhe faz jus). À época, proliferou a criação de clubes Pickwick por toda a Inglaterra, e aquilo a que hoje chamamos merchandising viu a luz do dia: bengalas, cartolas e charutos Pickwick começaram a ser vendidos.

O prefácio é de Ricardo Araújo Pereira e a edição da Tinta da China, que tem publicadas duas versões, a normal e a económica. Aconselho seriamente esta última, não apenas por ser mais barata, mas por ser muito mais maneirinha (se é que um livro com 935 páginas o pode ser...) e com as páginas com os cantos redondos como eu gosto. É que a outra versão tem capa dura... de madeira!