19 de setembro de 2012

Pripyat, a cidade-fantasma

A propósito da série Revolution, de que vi ontem o primeiro episódio e que se passa num mundo em que a natureza invadiu tudo depois de 15 anos sem energia, lembrei-me de que tinha aqui isto escrito há uma data de tempo prontinho para partilhar.

Os locais abandonados provocam-me uma mistura de fascínio e medo, de vontade de entrar e receio do que posso descobrir. Há uns 25 anos lembro-me de ter ido com os meus pais ao recinto no Algarve onde um ou dois anos antes se tinham realizado os Jogos Sem Fronteiras. As estruturas estavam enferrujadas, os bonecos de espuma carcomidos. Há uns 10 anos vislumbrei em Barcelona, na subida de teleférico para Montjuïc, um parque de diversões abandonado por entre a vegetação. O que recordo são os carrinhos de choque e a cara de um palhaço.

Depois disso devo ter visitado a medo algumas casas abandonadas, mas nada me fez mais impressão do que uma reportagem que vi na televisão sobre Pripyat, uma cidade ucraniana fundada em 1970 para alojar os trabalhadores da central nuclear de Chernobyl e abandonada em 1986, logo após o acidente.

Em Prypiat quase ninguém entra sem proteção contra as radiações que durante centenas de anos ainda vão contaminar o território. Antes do desastre, tinha: 49 400 habitantes; 15 escolas primárias e 5 secundárias; 1 hospital e 3 clínicas; 1 centro cultural, 1 cinema e 1 escola de artes; 10 ginásios, 3 piscinas cobertas e 2 estádios; 1 parque e 35 parques infantis. Hoje resta isto. As legendas são desnecessárias, tão evidentes são as funções de cada lugar.






9 comentários:

MJ With Love disse...

gostei muito deste post e identifiquei-me especialmente com esta tua frase "Os locais abandonados provocam-me uma mistura de fascínio e medo, de vontade de entrar e receio do que posso descobrir"!
há dias vi no programa do Anthony Bourdain (No Reservations) uma visita a uma dessas cidades na zona de Chernobyl (talvez até fosse essa) e senti uma mistura de curiosidade e receio

em PT fascina-me a zona da Vista Alegre (Ílhavo, Aveiro), que era uma autêntica mini-cidade com creche, cantina, barbeiro, teatro,garagem, etc para os trabalhadores da fábrica e agora esses edifícios estão abandonados

é esta curiosidade, um tentar advinhar as pessoas, as histórias que por ali passaram (a creche ainda tem livros, cabides brinquedos espalhados no chão)

xo

PS - tenho de ver essa série, não conhecia

Vespinha disse...

Fiquei com imensa curiosidade em conhecer essa zona em Ílhavo... e é como tu dizes, imaginar aquilo com vida ainda é mais impressionante.

PS: Não perdes muito com a série, é uma espécie de mistura de Lost com Flashforward mas demasiado artificial e com déjá vus...

Anónimo disse...

Post muito bom. (Dava um bom conto ou mesmo um livro.) Vou procurar essa série de que falas. Obrigado

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Anónimo disse...

:)

Lembrei-me agora de que há um filme muito bom,que vi no King há uns anos, do Manuel Mozos, com lugares destes em Portugal. Se puderes, vê. É extraordinário. Chama-se "Ruínas".

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Vespinha disse...

Deve ser bom, vou procurar. Obrigada!

CAP CRÉUS disse...

Também sinto esse fascinio.
E visitar locais que conheceste quando tinham vida e agora não passam de locais fantasmagóricos?
De qualquer modo, mete sempre pena.

Vespinha disse...

Sim, faz pena...

ines disse...

eu também vi o episódio do Anthony Bourdain sobre a Ucrânia, onde ele visitou esta cidade de que fala. Tenho a certeza de que é a mesma por causa dos carrinhos de choque, uma imagem que me marcou bastante.
Numa aldeia (ou vila?não sei, chama-se Seda e é perto de Alter do Chão e Ponte de Sôr, uma zona linda)onde ia passar féria existe lá no meio de um monte uma igreja(ou capela) em ruínas com ervas a trepar as paredes e a rebentar o cimento. É fantástico como pode ter tanto de bonito (pela força da natureza) como de triste (pelo abandono e pela falta de cuidado na preservação de espaços que certamente foram palco de memórias bastante positivas.
Quantos casamentos não terão sido lá celebrados?

Vespinha disse...

É o fascínio do belo horrível...