1 de outubro de 2012

à Avó

Fez ontem 15 anos que a minha avó morreu. A minha Babá. E eu não me lembrei. Não fosse a minha mãe ter-me falado nisso hoje e teria passado mais um dia sem me lembrar. E fiquei triste, muito triste, porque penso nela quase todos os dias mas ontem não.

à Avó

Ficou vazio o teu lugar à mesa. Alguém veio dizer-nos
que não regressarias, que ninguém regressa de tão longe.
E, desde então, as nossas feridas têm a espessura
do teu silêncio, as visitas são desejadas apenas
a outras mesas. Sob a tua cadeira, o tapete
continua engelhado, como à tua ida.
Provavelmente ficará assim para sempre.

No outro Natal, quando a casa se encheu por causa
das crianças e um de nós ocupou a cabeceira,
não cheguei a saber
se era para tornar a festa menos dolorosa,
se para voltar a sentir o quente do teu colo.

          Maria do Rosário Pedreira, A casa e o cheiro dos livros, in Poesia reunida

Eu sinto por vezes as suas mãos sobre o meu cabelo.

5 comentários:

Mary disse...

15 anos, já?! Meu Deus... Mas sabes que mais? O facto de te lembrares da Babá todos os dias e não necessariamente em dias como o de ontem só quer dizer que a presença (memória) dela na tua vida se sobrepôs à sua falta. E essa é a melhor forma de homenagear e perpetuar a vida de alguém :-)

Vespinha disse...

É verdade...

Anónimo disse...

:*

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
lucia disse...

Eu concordo com a Mary, o facto de te lembrares dela todos os dias significa o quão ela foi importante para ti, muito mais que o dia do seu desaparecimento. O que é um bom sinal e sem dúvida uma linda homenagem.
Um beijinho