13 de novembro de 2012

A investigação, de Philippe Claudel

Há muitos, muitos anos, li O castelo e O Processo, de Kafka, e nunca esquecerei a sensação de claustrofobia que então vivi. Um aperto e uma impossibilidade de fuga que me geraram grande desconforto. Pois hoje, tantos anos depois, tive sensações muito parecidas ao ler este A investigação, de Philippe Claudel, publicado pela Sextante Editora.

Com base numa história verídica (a vaga de suicídios de trabalhadores da France Telecom em 2009), A investigação apresenta-nos um Investigador que chega à Cidade para investigar o que se passa na Empresa. Só que parece que o mundo inteiro conspira para que não consiga levar a sua tarefa a bom porto. Na primeira noite apanha a maior molha da sua vida e vai parar a um hotel totalmente surrealista. No dia seguinte o tempo voa até que se apercebe de que está há mais de 24 horas sem comer. As tentativas de entrar na Empresa são cada vez mais bizarras. E por aí fora.

As situações sucedem-se e, quando achamos que não pode acontecer nada mais estranho, isso acontece. Como quando o Investigador, imundo, descobre escondida no seu quarto uma casa de banho de luxo e se prepara para se lavar. Mas quando, já ensaboado, experimenta a água com o pé, esta encontra-se a escaldar, não havendo torneira de água fria no meio de tanto luxo.

É sádico e asfixiante mas é muito bom.

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