8 de dezembro de 2012

Quando as partidas correm mal

Em 1938, Orson Welles dramatizou nas ondas de rádio da CBS A guerra dos mundos, de H. G. Wells, sobre a invasão da Terra por marcianos. A população, sobretudo quem apanhou o programa a meio (não ouvindo o seu enquadramento), entrou em pânico. Centenas de milhar de pessoas tentaram fugir de Nova Jérsia, Nova Iorque e Newark, criando engarrafamentos gigantes. Outras armaram-se de espingardas e dispararam contra tanques de água, o mais parecido com os seres alienígenas. Outras, ainda, enrolaram toalhas molhadas em volta da cabeça para se protegerem dos «gases venenosos». Quarenta minutos depois, tentou-se acalmar o pânico, mas muitos já tinham perdido o discernimento. E, no dia seguinte, muita gente exigia a punição de Welles e que episódios destes jamais se repetissem.

Em 2012, dois radialistas ligaram para um hospital londrino, fingindo tratarem-se da rainha Isabel II e do princípe Carlos. Foram tão convincentes que conseguiram romper a barreira de segurança e falar com uma enfermeira. Era uma partida, rapidamente revelada mas que a marcou para sempre. Dois dias depois, a enfermeira foi encontrada morta, suspeita de suicídio.

Às vezes as partidas começam por ter graça, e depois acabam mal. Mas quando e como podemos prever uma coisa destas? Muito dificilmente.

6 comentários:

Filipa disse...

Eu fiquei chocada com esta triste noticia...a enfermeira não devia estar nada bem psicologicamente para fazer uma loucura destas...

Http://styleloveandsushi.blogspot.com

Sexinho disse...

Brincadeira, parva, parva...

Vespinha disse...

Mas já pensaram que partidas todos gostamos de pregar de vez em quando? Nem imagino como estarão também os radialistas...

donadecasaaos24 disse...

Não podemos. Esta história é para lá de triste.

Cristina Torrão disse...

Eu confesso que nunca gostei muito de partidas, nem costumo pregá-las. Principalmente, quando se abusa da credibilidade de alguém. Detesto programas de "Apanhados", nunca vejo.
Por outro lado, acho também que a enfermeira devia andar muito fragilizada psicologicamente. A administração do hospital vem agora elogiá-la publicamente, mas, quando se aperceberam do erro que ela cometera, assim a quente, não lhe terão ralhado e até ameaçado?
Nunca viremos a saber...

RP disse...

Escrevi um post sobre o mesmo tema e estou de acordo: não podiam prever o que iria acontecer e também imagino que se estejam a sentir pessimamente! Essa introdução sobre o Orson Welles foi genial, gostei muito :)

100manias.blogspot.pt