Depois dos cânticos na Assembleia da República e depois de ontem Miguel Relvas ter tentado falar e ter sido interrompido precisamente pela mesma música (tentando, ridiculamente, acompanhá-la), lembrei-me de que talvez fosse uma boa ideia haver em permanência um grupo de pessoas prontas a cantar Grândola sempre que um membro do governo abra a boca para começar a fizer barbaridades e futilidades.
Assim tipo coro de tragédia grega. Ou portuguesa, neste caso. Seria um protesto harmonioso e, se calhar, mais eficaz.
Foi em Fevereiro de 74. Quando entrei no Coliseu cantava-se nas bancadas uma canção que eu nunca tinha ouvido. Enquanto nos sentávamos ela crescia e invadia o espaço e a alma. Depois o Zeca ajudou porque o estúpido sensor a quem foi obrigado a cantar ao ouvido, aprovou apenas a Grândola e o Milho Verde.
E quanto mais se cantava, dentro e fora do palco, mais crescia em nós uma força, uma alegria, uma certeza de que alguma coisa estava eminente.
Pouco tempo depois foi senha. Depois de tão cantada, fatigou, quase encardiu.
Hoje volta, aqui e ali, provocando de novo. Até onde, não sei... Parece crescer salpicada, atrevida.
Quem é este cidadão espertalhaço e desafinado que "ousa" violar as palavras e faz delas uma caricatura?
Eu não estava porque tinha apenas 2 meses de vida. :)
Mas espero que a canção, e sobretudo a força que está por detrás dela, continue a crescer, porque não quero que o meu país volte ao estado em que estava nos anos antes de eu ter nascido... É que eu não tenho memória, mas os livros e as vozes dos nossos pais e avós contam muita coisa.
Sugiro o grupo de cantadores de Grândola, a terra..., são muito bons.Até os ministros se calavam a ouvir...,embora, certamente preferissem "Eu ouvi um passarinho...".
6 comentários:
Um grupo de desempregados, que assim como assim sempre desabafavam.
Som, e que podem representar cada um de nós, que ninguém está livre disso...
Eu estava lá.
Foi em Fevereiro de 74.
Quando entrei no Coliseu cantava-se nas bancadas uma canção que eu nunca tinha ouvido. Enquanto nos sentávamos ela crescia e invadia o espaço e a alma.
Depois o Zeca ajudou porque o estúpido sensor a quem foi obrigado a cantar ao ouvido, aprovou apenas a Grândola e o Milho Verde.
E quanto mais se cantava, dentro e fora do palco, mais crescia em nós uma força, uma alegria, uma certeza de que alguma coisa estava eminente.
Pouco tempo depois foi senha. Depois de tão cantada, fatigou, quase encardiu.
Hoje volta, aqui e ali, provocando de novo. Até onde, não sei...
Parece crescer salpicada,
atrevida.
Quem é este cidadão espertalhaço
e desafinado que "ousa" violar as palavras e faz delas uma caricatura?
Até quando? Donde lhe vem tanta força?
Eu não estava porque tinha apenas 2 meses de vida. :)
Mas espero que a canção, e sobretudo a força que está por detrás dela, continue a crescer, porque não quero que o meu país volte ao estado em que estava nos anos antes de eu ter nascido... É que eu não tenho memória, mas os livros e as vozes dos nossos pais e avós contam muita coisa.
Sugiro o grupo de cantadores de Grândola, a terra..., são muito bons.Até os ministros se calavam a ouvir...,embora, certamente preferissem "Eu ouvi um passarinho...".
Também gosto da do passarinho, e pelo menos a letra dessa canção é mais fácil. :)
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