Na Europa, proíbe-se os testes em animais; na China, exige-se! Se
há duas semanas estava muito contente com a proibição da venda na União Europeia de produtos de cosmética testados em animais, hoje estou chocada ao saber que na China esses mesmos testes são exigidos. E que algumas marcas, para poderem entrar no mercado chinês, estão a voltar a fazê-los.
São dois pesos e duas medidas, só que desta vez o que está em causa é a vida e o sofrimento de seres sencientes, capazes de sentir dor e prazer.
Um artigo esclarecedor,
este publicado por Ana Chaves na P3 de 27.03 (os destaques a encarnado são meus):
Este mundo não é para bichos
Caudalie, Yves Rocher, L 'Occitane, Avon, Estée Lauder e Mary Kay. Eis algumas das marcas que voltaram a testar cosméticos em animais para entrarem no mercado chinês
Achava eu, na minha modesta opinião, que neste mercado onde se movem as marcas de cosméticos existiam as que assumiam os testes em animais (L’Oréal, esta é para ti), as marcas “cruelty-free” e, por fim, as outras, as que trabalhavam para deixar de os fazer, a curto ou médio prazo. Ou pelo menos assim se dividiam, segundo a lista da PETA.
Mas depois disto veio a China, que promulgou uma lei que proíbe a venda de cosméticos no seu reino sem que antes tenham sido testados em animais.
E quase como meretrizes de beira de estrada (sem ofensa para a profissão), marcas como a Caudalie, Yves Rocher, L'Occitane, Avon, Estée Lauder e Mary Kay, após décadas de “no animal testing”, decidiram trocar príncipios por yuans.
A francesa L’Occitane, por exemplo, começa por explicar a sua posição de forma clara: “A L'Occitane nunca testou os seus produtos em animais”.
Mas a inocência que já não me caracteriza quis que eu lesse o comunicado até ao fim. E a meio, lá estava, a verdadeira posição: “A L'Occitane considera contraproducente privar o país mais populoso do mundo de produtos que não foram testados em animais”. Já no caso da Caudalie, continua a ler-se nosite “We are against
animal testing”. Esqueceram-se de actualizar a informação, pobres incautos.
Entre os procedimentos mais conhecidos de testes em animais está o Draize, um teste de toxicidade aguda, que envolve a aplicação de uma substância na pele do animal. Com a finalidade de aferir a acção nociva de produtos químicos, os técnicos raspam a pele das cobaias - ou arrancam com recurso a fita adesiva em gestos repetidos - até que fique em carne viva.
Já no teste da irritação dos olhos, o animal é preso pelo pescoço, de forma a imobilizar-se, e não raras vezes são colocados clipes de metal nas pálpebras para evitar que os olhos se cerrem enquanto se gotejam as substâncias. Aqui o coelho albino é o preferido. Dizem que é mais barato e facilmente manuseável.
E podia continuar por aqui, a discorrer sobre uma sucessão infindável de actos ignóbeis que atentam contra a vida de um animal. Mas não vou fazê-lo.
Da Vinci - perdoem-me o cliché, mas a minha literacia não me permite mais - já havia dito: "Haverá um dia em que o homem conhecerá o íntimo dos animais. Nesse dia, um crime contra um animal será considerado um crime contra a própria humanidade".
E agora ide em paz. Os que puderdes.
6 comentários:
Este é um exemplo do peso que a China começa a ter!! E não é o peso da sua população, é o peso do seu dinheiro!! A Europa até decidiu uma coisa, mas os Chineses decidem outra, e faz-se como os Chineses querem!! Porque quem tem o dinheiro?? Os Chineses!!
Muito má esta decisão!
Só não percebo o porquê! Sim, eles têm muito dinheiro... mas para quê exigirem testes em animais? Será porque eles próprios fornecerão os animais?
Que mundo este onde vivemos...
É um mundo muito cínico, Vespinha, muito cínico :(
Acho bem os chineses comprarem pq do meu bolso já não terão!
Vim da China há pouco tempo. É um país que nos confunde... Muito!
Perdoem-me se estou a ser injusta ou se estou enganada, mas a única coisa positiva que vejo naquele país é o respeito que têm pelos mais velhos...
Enviar um comentário