26 de abril de 2013

Agora e na hora da nossa morte, de Susana Moreira Marques


Lidar com a morte, e sobretudo com a relacionada com a doença, deve ser a pior coisa do mundo. E Susana Moreira Marques fê-lo, através da escrita. Em três viagens ao Nordeste Trasmontano, acompanhou uma equipa de cuidados paliativos da Fundação Calouste Gulbenkian. Viu gente jovem a acreditar, viu gente velha a sonhar com o passado, viu gente modesta a aguentar. Sempre, sempre, no meio da doença que a vida não conseguiu vencer.

Na primeira parte deste livrinho, Susana abre-nos o seu bloco de notas, pensamentos avulso que foi registando ao longo das suas incursões. E, depois, relata-nos três histórias concretas, primeiro narradas na terceira pessoa e depois na primeira. A história de uma mãe jovem que acreditou até ao fim. A de um casal de octogenários já sem esperança. A de duas filhas que perderam o pai cedo demais.

É um livro duro, muito duro, que nos confronta com a única certeza que temos. E que se lê em dois dias. Porque queremos ler tudo sem parar, mas também porque queremos regressar à vida.

5 comentários:

GATA disse...

Não é para mim, então. Já tive a minha dose -e desde muito cedo- de doenças e mortes (nem quero pensar no dia em que a minha mãe desaparecer fisicamente!)...

Laura Santos disse...

Eu adoro livros "duros", são para mim como que uma catarse, porque dessas experiências no limite também tenho a minha parte. Ler sobre essas experiências ajuda-me a ver que o sofrimento não é só meu...

Vespinha disse...

Percebo bem os dois pontos de vista...

Cristina Torrão disse...

Quando era mais nova, evitava tudo o que tivesse a ver com a morte e nem entrava em cemitérios. Modifiquei-me, pois a morte faz parte da vida (não há uma sem a outra). Ainda não li nenhum livro sobre cuidados paliativos, mas já tenho lido artigos em revistas e jornais. Houve um que me custou muito, pois era sobre crianças (sim, também elas têm doenças dessas). No fim, fiquei contente por tê-lo lido. Apesar de ser triste, era bonito, pois explicava quais as estratégias psicológicas que se utilizam com essas crianças e suas famílias. Era lindo, pronto!

Vespinha disse...

É um misto de medo com atração. Se por um lado não queremos pensar nela, por outro queremos estar minimamente preparados quando chegar...