... mas a propósito de Dentro do segredo, o livro em que José Luís Peixoto relata a sua viagem ao país em abril de 2012, pouco depois da morte de Kim Jong-Il e a tempo de assistir às comemorações do centenário de Kim Il-Sung, o «presidente eterno». A Kim Il-Sung 100th Birthday Ultimate Mega Tour.
Obrigado a deixar o seu telemóvel à entrada do país e a recebê-lo de volta à saída e a não escrever nada sobre o que lá fosse ver (o que não cumpriu, como é óbvio...), José Luís Peixoto narra episódios que a nos parecem inverosímeis. Como logo no início os estrangeiros serem ensinados a dobrar os jornais de modo a que a cara do «grande líder» fique sempre intocada. Uma visita ao Museu do Metro de Pyongyang em que as peças que por lá se veem se limitam a peças tocadas por Kim Il-Sung ou a fotografias em que ele visitou o metro. Lojas onde os produtos à venda passaram a validade há pelo menos 5 anos. A água que bebeu de um poço sagrado tocado pelo «grande líder» e que o deixou de rastos durante dois dias. As enormes fábricas onde se diz fabricar toneladas de produtos mas que o escritor viu apenas com algumas almas penadas.
Os episódios são muitos, narrados como José Luís Peixoto tão bem sabe fazer. De facto, perante esta pequena amostra, não me espantam as notícias que aqui chegam acerca da alucinação que por ali se vive.
5 comentários:
Bela sugestão.
homem sem blogue
homemsemblogue.blogspot.pt
Eu gosto muito da escrita do José Luís Peixoto, no entanto este livro não me atraiu... Entretanto li na revista "Domingo" (do CM) que uma agência de viagens do Porto está a organizar uma viagem à Coreia do Norte e que o José Luís Peixoto será o guia... Hum, será que o deixam voltar a entrar? :-)
Duvido... mas olha que achei que o livro vale bem a pena.
Há tempos, vi, na televisão, um documentário, que misturava um pouco de ficção com reportagem, de um grupo de jornalistas franceses que visitou a Coreia do Norte. Também havia situações muito insólitas, como estarem hospedados num hotel muito luxuoso, de vários andares, e admirarem-se de nunca ver outros clientes no bar. A certa altura, aperceberam-se de que eram os únicos clientes do hotel!!! (Tinham sido lá metidos, eram bem tratados, mas achava-se conveniente que estivessem isolados).
Mas sabes mesmo o que acho, Vespinha? Que, mesmo apercebendo-se de repressão e tendo vivido episódios insólitos, nem José Luís Peixoto, nem esses jornalistas franceses, conseguiram ver como realmente vive o povo da Coreia do Norte.
Tens razão, Cristina, mas todos os bocadinhos que conseguirmos espreitar já nos dão uma (vaga) ideia.
Enviar um comentário