22 de novembro de 2013

Acerca dos russos

Há uns 10 anos estive em Moscovo, e vim de lá o mais mal impressionada possível. Não pela monumentalidade da Praça Vermelha (apesar de me parecer mais pequena do que tinha no imaginário), dos edifícios do Kremlin, dos luxuosos centros comerciais, da quantidade de automóveis e jipes topo de gama e de casinos. Mas pela brutalidade da própria população, que em nenhum momento (nem mesmo quando lá fiquei uns dias sozinha) fez o mínimo para me ajudar quando era preciso. 

Basta-me narrar um episódio para se perceber do que falo. Uma noite fomos à ópera no Teatro Bolshoi, e um dos meus colegas dinamarqueses começou a sentir-se mal, também fruto da ansiedade por a medicação para a tensão ter ficado perdida algures com a sua bagagem. Num dos intervalos, um dos colegas russos ofereceu-se para o levar até ao hotel. E eu fiquei descansada. No dia seguinte, quando perguntei ao dinamarquês se tinha chegado bem, qual não foi o meu espanto quando me disse que, ao saírem do teatro, o russo lhe tinha admitido que se tinha oferecido para o ajudar para poder ir para casa mais cedo. E encaminhou-o para o metro, para que sozinho e maldisposto se desenrascasse até ao hotel (é importante sublinhar que o metro em Moscovo é um labirinto, em que é uma sorte um estrangeiro conseguir na estação certa). Felizmente o dinamarquês lá se aguentou e ao chegar ao hotel até já tinha a bagagem à espera. Mas o que lhe teria acontecido se se tivesse sentido mal a sério no metro? Num local totalmente desconhecido e onde ninguém o entendia?

Outras situações contribuíram para esta minha má impressão, muitas que não vale a pena contar. Mas há dias deparei com este vídeo, em que uma série de russos demonstram uma humanidade que eu não conhecia.


Talvez os de Moscovo sejam diferentes. Talvez a vida horrível que levam os obrigue a procederem assim.

3 comentários:

Mamã disse...

Sabes, Vespinha, fizeste bem em ter partilhado este video.
Só prova que ainda existem pessoas boas.
Obrigada.

José Couto Nogueira disse...

Só que o vídeo não é russo... pelo que se percebe é indiano - ora os indianos são budistas e cultivam a compaixão.

Vespinha disse...

Tem toda a razão, eu é que me enganei com o link... tinha o mesmo nome! Agora já está correto. :)