27 de janeiro de 2014

Eu também fui praxada


E não foi uma praxe violenta. Mas foi uma praxe parva. E garanto que, ao contrário do que dizem, não contribuiu nada para a minha integração na universidade. Talvez isso tenha acontecido com algumas colegas que, na «eleição» da miss caloira na praça do Império em Belém, voluntariamente ficaram em soutien para se tornarem populares. E assim ficaram.

Durante uma semana, andámos pintados, com o cabelo cheio de farinha e ovos podres, a gritar palavras de ordem, a ouvir alguns insultos, em desfiles disparatados atados uns aos outros com papel higiénico. Foi parva, não violenta, repito. Mas de positivo não teve nada. A minha integração na universidade fez-se no dia a dia, nas conversas nos intervalos, nos almoços na cantina, nas festas que se faziam.

Já a minha irmã, que andou em Agronomia, teve uma praxe bem diferente, ao estilo do documentário que a RTP transmitiu no sábado à noite. Houve «brincadeiras» com palha, estrume, e até um braço partido ela conseguiu.

Sempre que se sabe de episódios mais violentos, a discussão sobre as praxes vem ao de cima, e a coisa então acalma e chega até a ser proibida. Mas uns anos depois volta tudo ao mesmo. Para quando uma praxe como se faz noutros países, em que os veteranos integram os caloiros na universidade com festas, idas ao teatro, visitas aos vários espaços da instituição? Seria talvez menos divertido para os mais velhos, porque não teriam a possibilidade de humilhar, mas muito mais humano e preparatório para uma vida adulta decente.

11 comentários:

Unknown disse...

Enfim, para integrar assim, mais vale não integrar...

GATA disse...

Felizmente escapei... Talvez porque tive a sorte de estar num grupo de 'desalinhados'. Eu sou gata, não sou carneiro; não sigo, lidero; não se metam comigo e eu não me meto com ninguém. E apenas me integro no que quero! Dos meus tempos universitários guardo apenas dois amigos, e chega!

Eu sou contra as praxes porque servem para NADA e a NADA reflectem o espírito académico! Se querem armar-se em militares, vão para a tropa, não vão para a universidade!

Nadinha de Importante disse...

Praxe não é integração é humilhação, em muitos dos casos!


nadinhadeimportante.blogspot.pt

homem sem blogue disse...

Acho que não se podem julgar todas as praxes por coisas que alguns anormais fazem. É certo que este tipo de pessoas são cada vez mais mas mesmo assim não posso colocar tudo no mesmo saco.

homem sem blogue
homemsemblogue.blogspot.pt

Mamã disse...

Felizmente, na altura em que tirei o curso, ainda não se "falava" em praxes.
Infelizmente, tal como a Vespinha disse, uma das minhas filhas, foi praxada, quando ingressou em Agronomia, e, partiram~lhe um braço...

Caco disse...

Não fui praxada e nunca me passou pela cabeça praxar alguém. Nunca achei graça a esse "ritual" e, com as recentes notícias, se dependesse de mim, isto acabava e era já. Não vejo nenhuma necessidade de utilizar este meio como desculpa para "integrar" os alunos. Como disse, nunca fui praxada e não tive qualquer problema de integração, como aliás, estou certa que acontece com a grande maioria dos jovens universitários.

CAP CRÉUS disse...

Ilegalize-se a coisa! De vez.
Que saia em DR, que seja feito um DL, qualquer coisa.
Quem prevaricar, vai dentro!

Teresa disse...

Praxes/Repugnante!!!

Vespinha disse...

Argumentar que preparar para a vida é ridículo. Talvez assim se fosse se vivêssemos na Alemanha dos anos 30...

Cristina Torrão disse...

Ora bem, é uma preparação para aprender a humilhar outros.

Essa de a tua irmã ter partido um braço devia chegar para proibir as praxes. Mas, pelos vistos, nem com vítimas mortais... :(

Vespinha disse...

E a verdade é que o caso do Meco, tão grave, provavelmente nunca será esclarecido...