14 de abril de 2014

A grande mentira

Fotografia de Paulette Matos.
Há cerca de três semanas, um secretário de Estado deixava fugir informação acerca de um possível novo sistema de cálculo das pensões. Foi de imediato desmentido pelo governo e acusado de estar a lançar angústia entre a população sobre um assunto delicado que, segundo Passos Coelho, «não estava em cima da mesa».

Hoje, passadas as tais três semanas, sabemos que afinal o governo quer implementar uma nova forma de cálculo das pensões que as torna dependentes de critério económicos e demográficos. Isto é, dependentes da vontade do governo. Para as reformas que aí vêm e para as já existentes.

Por exemplo, segundo interpretei: se a taxa de natalidade aumentar, as reformas poderão subir; se baixar, descem. Se a esperança de vida aumentar significativamente, descem também.

Isto é perverso. Significa que passarmos a viver muito tempo é mau. Significa que, como as pessoas têm cada vez menos filhos, com medo do futuro, a taxa de natalidade vai descer inevitavelmente. Portanto, não há fuga possível, é uma pescadinha de rabo na boca que vai empobrecer cada vez mais a terceira idade (quando todos deveriam ter o direito a descansar com recurso aos descontos que fizeram toda a vida) e reduzir todos os dias a população do país. O nosso futuro não é risonho, sobretudo enquanto não nos disserem a verdade, não nos virem como seres humanos e não quiserem que Portugal seja um país verdadeiramente evoluído.


PS: Perdão, afinal talvez a esperança de vida desça. Porque, a avaliar pela quantidade de idosos que não aviam os medicamentos de que precisam ou que os tomam dia sim dia não por não os poderem pagar, a morte virá certamente mais depressa.

5 comentários:

CAP CRÉUS disse...

São uns nojentos mentirosos!
Nem sei como ainda há gente que os defende.

Sérgio disse...

O problema que estás a descrever é geral a toda a Europa. Vais à Alemanha, essa fonte de virtudes e riqueza, e tens exatamente o mesmo problema. No final a Europa está a tornar-se num continente de velhos...

De resto, uma das particularidades que se observa nos países intervencionados pelo FMI é exatamente a esperança média de vida baixar. Sim... Intervenção do FMI é sinonimo de redução da esperança média de vida, logo foi fascinante há uns anos ver tanta gente toda contente por ter vindo o FMI salvar-nos do lobo mau (e eu nem era partidário do lobo mau...)

GATA disse...

A minha pergunta é: PARA QUÊ PROLONGAR A VIDA DAS PESSOAS???

Não teremos pensões que sejam suficientes para pagar consultas, exames, medicamentos... ou para pagar um lar (realidade que, infelizmente, conheço demasiadooo bem!), ou contratar alguém para cuidar de nós... Porque se a nossa geração não tem filhos, seremos idosos sozinhos e abandonados...

Teresa disse...

2015 chega depressa por favor!!!!!!!!!!!!!!!!

Vespinha disse...

Acabei de ver na televisão que muitos transplantados estão a arriscar a vida ao não tomar os medicamentos todos os dias ou a não irem aos tratamentos por falta de transportes...