1 de outubro de 2014

O assassino do aqueduto, de Anabela Natário

A primeira vez que ouvi falar de Diogo Alves devia ter uns 8 ou 9 anos, e não estou a exagerar. Naquela época a minha avó trabalhava como tradutora no BESCL (depois, BES, agora Novo Banco...) e havia um grupo que organizava visitas guiadas a monumentos, museus e outros locais icónicos de Lisboa. Foi assim que, ainda pequena, visitei quase todos os museus da época, alguns teatros e... o aqueduto. Essa terá sido provavelmente a visita que mais me impressionou, quando o historiador contou a história do assassino e como assaltava as pessoas e depois as atirava lá de cima para o vale de Alcântara.

Por tudo isto comprei este livro, julgando que iria saber um pouco mais do que já sabia. Mas afinal fiquei a saber muito mais. Que Diogo Alves, galego, tinha uma quadrilha que empreendeu alguns dos assaltos mais violentos na Lisboa do século XIX, entrando pelas casas, assassinando pessoas e vivendo sem culpa na consciência, e que foi isso que o condenou à morte. Que a cidade era um local perigoso, cheio de gente à procura da oportunidade de sobreviver como conseguisse.

No entanto, achei o livro um pouco cansativo, talvez longo de mais, uma vez que tudo poderia ser contado com a mesma qualidade em menos páginas. A detenção dos membros da quadrilha, e o seu julgamento, são contados demasiado depressa comparando com o desenrolar do resto dos acontecimentos, que às vezes se arrastam.

Pondo o bom e o menos bom nos pratos de uma balança, gostei no cômputo geral. Da história e da forma (porque está escrita recorrendo a muitas expressões da época, o que lhe dá graça e realismo) mais, do ritmo menos.

Nota: Para os mais curiosos, julga-se que a cabeça de Diogo Alves, um dos últimos condenados à morte em Portugal, seja a que se encontra conservada em formol no teatro anatómico da Faculdade de Medicina de Lisboa.

5 comentários:

CAP CRÉUS disse...

Interessante.
Visitámos o Aqueduto o ano passado e não fazia ideia desta história.

Vespinha disse...

E eu conhecia-a há uns 30 anos, vê lá! :) Entretanto o aqueduto esteve fechado muito tempo e reabriu há uns anos. Julgo que agora já dá para visitar novamente tudo, não é?

Anónimo disse...

Se não estou em erro, o último livro de Francisco Moita Flores também é sobre esta figura e estes acontecimentos.
Fernanda

CAP CRÉUS disse...

Sim, dá.
É bastante engraçado.

Vespinha disse...

Fernanda, tens razão! Chama-se «Segredos de amor e sangue».