20 de novembro de 2014

Dará Deus nozes?

Ontem, dia de bastante chuva em Lisboa, tive de apanhar o comboio na estação do Oriente para ir a uma reunião do Porto. Senti vergonha. Vergonha de estar debaixo de uma obra de arte, internacionalmente conhecida e fotografada, mas tão maltratada.

Percebi agora porque é que a maioria das fotografias que vejo são tiradas de longe. Certamente não o são apenas porque é uma boa perspetiva, mas também porque de perto o cenário é desolador. Então num dia de chuva, nem se fala. 1. A estrutura metálica está repleta de pontos de ferrugem. 2. As junções devem estar cheias de fissuras, pois cá em baixo é difícil encontrarmos um ponto onde não nos caiam pingos em cima. 3. Os bancos, que numa estação em condições estariam cheios de pessoas à espera do comboio, estão encharcados devido aos pontos 1 e 2. Em suma, não há o mínimo de conforto, apenas vontade de sair dali depressa.

Penso que, se fosse turista, gostaria de visitar a estação, e em como ficaria desiludida pelo estado em que se encontra. Como é que se deixa uma obra de Calatrava (e que não é assim tão antiga) chegar a este ponto? Não sei quem é a entidade responsável pelas estações de comboio, mas se alguém o souber agradeço que me diga, porque isto merece pelo menos um mail com algumas das fotografias abaixo. Tiradas de perto.

A água escorre pelas vigas e cai lá de cima das junções entre os vidros.
Os pontos de ferrugem são bem visíveis em toda a estrutura.
Em dias de chuva, não há banco que não esteja assim.
Tudo de pé. Não há conforto possível. 

10 comentários:

ana chagas disse...



É como dizes. O adágio das "nozes" casa muito bem com essa situação, e aplica-se a milhentas outras.
Para a inauguração é tudo muito bonito, com brilhos e fanfarra. Depois manutenção nem vê-la. É triste, frustrante e revoltante.

Sérgio disse...

Esta estação sempre teve o problema da chuva, mesmo quando tinha acabado de ser construída. Se estiver vento e chuva apanhas sempre água nas linhas dos extremos. Bonita mas pouco funcional, portanto. Com a degradação pior ainda. Mas ainda assim, acredito que a estrutura seja capaz de durar uns 100 anos.

Smelly Cat disse...

E o problema não é só aí. Por baixo, a zona das bilheteiras também é horrível, nomeadamente a do alfa e intercidades, pois fica numa das pontas do 'edifício'. Ou seja, é como estar na rua. Estive lá um tempão com um vento desgraçado! Sinceramente, prefiro mil vezes a estação de Santa Apolónia...

Anónimo disse...

A entidade responsável por estações e linhas férreas é a REFER.

Miguel Barroso disse...

É que nestas coisas não basta ser bonito, o edifício tem de ser funcional e durável... O senhor Calatrava, durante anos "semeou" coisas destas pelo mundo fora... agora coleciona processos que lhe andam a colocar, e pelos quais terá de responder. É que ao contrário da escultura, na arquitectura é muito mais difícil fazer "obras de arte".

Vespinha disse...

Sim, sem dúvida que a funcionalidade também não é o seu forte. A cobertura é demasiado alta e estreita para nos proteger em caso de chuva, e isso é mesmo um problema de origem. É quase como um guarda-chuva aberto para fora, em vez de para dentro, isto apesar de ser muito bonita, claro.

Mas a manutenção também ajudava...

CAP CRÉUS disse...

Um nojo!
Como dizem ali em cima, aquilo não é nada funcional, mas em lado nenhum. Nem em cima, nem na zona das bilheteiras.
Nunca pensam nos utentes. Apenas nos prémios e na fama.
Detesto aquilo.

Cristina Torrão disse...

A minha relação com a Gare do Oriente começou muito mal e, desde aí, nunca mais gostei dela. Estive lá na altura da Expo 98, quando foi inaugurada. Detestei logo a zona das bilheteiras e toda a estrutura de baixo, que é um descalabro, de tão fria e deprimente. Mas o maior problema foi que, nessa altura, as placas informativas ainda não funcionavam em condições (nem sei se já as havia). Conclusão: quisemos apanhar o comboio de regresso a Coimbra, não fazíamos ideia de que linha ele partia, nem havia ninguém que nos dissesse. Andámos como uns tontinhos, com as tralhas pela mão, a correr de uma linha para a outra, a subir e a descer escadas, sempre que surgia um comboio, aos gritos de "deve ser aquele; deve ser aquele"! E quase o perdíamos! Foi esgotante, depois de um dia de Expo, em que estávamos muito maçados. O que vale é que éramos bastante mais novos ;) Nesses tempos, sempre que alguém elogiava a estrutura da estação, eu dizia algo do género: preferia um barraco, se ele me indicasse o sítio certo onde esperar pelo meu comboio!

Vespinha disse...

É triste, sim, e não só a plataforma, mas também o resto, muito pouco funcional. Quantas vezes andei às aranhas à procura das bilheteiras.

Anónimo disse...

está um bocado como toda aquela zona, sem manutenção