26 de janeiro de 2015

E agora, Grécia?


Ainda sem ter a mais pequena ideia do que sucederá a médio prazo, o que aconteceu ontem na Grécia foi histórico: um povo que mostrou a sua vontade e que, contra tudo o que a história recente mostra, decidiu dizer massivamente não a uma política imposta por fora.

O programa eleitoral do recém-eleito Syriza é muito ambicioso e ao mesmo tempo muito apetecível, pelo menos para mim.

Passa (esta lista sem qualquer ordem) por propostas como renegociar a dívida, taxar a sério os produtos de luxo, combater o sigilo bancário e a fuga de capitais, subir o ordenado mínimo para os valores de antes dos cortes, utilizar edifícios do governo, da banca e da igreja para alojar os sem-abrigo, instalar cantinas nas escolas para dar pequenos-almoços e almoços gratuitos, saúde pública gratuita para desempregados, aumentar a proteção social para as famílias monoparentais, idosos e deficientes, aumentar o número de escalões de IRS para favorecer a progresividade, reduzir os impostos sobre os produtos de primeira necessidade, nacionalizar os bancos e as antigas empresas públicas de setores estratégicos para o desenvolvimento do país (caminhos de ferro, transportes aéreos, correios, água....), apostar nas energias renováveis e na proteção do ambiente, limitar os contratos de trabalho temporários, aumentar as inspeções de trabalho, abolir os privilégios dos deputados, facilitar aos emigrantes o reagrupamento familiar, despenalizar o consumo de drogas, nacionalizar os hospitais privados e eliminar toda a participação provada no serviço nacional de saúde. E bastantes outras.

Resta saber como o fará num país destroçado e sem dinheiro, e também, com muitos poderes instalados. Pergunto-me como o conseguirão, com recurso a que fundos, mas tenho esperança de que saibam como. Esta vitória pode ser o fim ou pode ser o início de uma nova era para a Grécia e para tantas outras nações.

2 comentários:

CAP CRÉUS disse...

Espero que algo mude, a médio prazo.
Mas espero essencialmente que nós, ponhamos os olhos naquela malta e vejamos que há mais partidos para além dos 3 do costume.

Teresa disse...

Não vai ser fácil mas a coragem dos gregos ao mudar é um marco! E não é como cá, já tomaram posse!!!