«(...) Estamos num tempo novo e
desafiante.
O paradigma político-social mudou para
sempre com a morte das convergências que de tão tradicionais se pensaram donas da democracia e
Cavaco, terminando o seu mandato formalmente, dá-nos a oportunidade de devolver
um Presidente da República à República.
Esta última oportunidade não pode ser
desperdiçada. Não pode ser decidida pela empatia televisiva de quem faz
campanha há um ano em exclusivo na TVI, porque a desigualdade dessa arma deve
pesar mais do que a habituação ao rosto.
Não pode ser decidida apenas porque
Marcelo - que aprecio pessoalmente – é popular, abandonamo-nos à preguiça de constatar que o
candidato em causa não tem um plano da sua conceção dos poderes presidenciais,
não é claro e direto nas respostas, num estilo de rede simpática apanha-tudo, é incerto, é imprevisível,
a sua história política prova que não sabemos mesmo com quem contar numa
segunda-feira e com quem contar numa sexta-feira, embora estejamos sempre a
falar mesma pessoa.
De resto, é isso que faz de Marcelo um
homem divertido, mas não um candidato.
Sendo mulher, e feminista, tenho por importante a representação
feminina nos cargos políticos. Nunca houve uma Presidente da República. É um
facto. Mas nunca me bastaria a constatação de ver uma militante do meu
Partido – no caso, Maria de Belém – para desatar a correr para o
voto em nome das mulheres ao poder. Porque não é esta a mulher que eu quero a fazer história.
Direi mesmo que até por ser mulher, a minha adesão à candidatura de
Sampaio da Nóvoa é reforçada perante Maria de Belém. Basta recordar-me,
sobretudo na semana em que se discutiu, quase dez anos depois, o absurdo de
mulheres que não tenham a tutela de um homem serem excluídas do acesso à
procriação medicamente assistida (sexismo e homofobia num pacote), que Maria de
Belém tutelou esse processo. Sim, em 2006, Maria de Belém tutelou o processo
que informou mulheres solteiras, viúvas, lésbicas, casais de lésbicas disto: o
vosso útero pertence a um homem.
É verdade que com a disciplina de voto
votou favoravelmente o casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas ficou clara a
sua discordância na declaração de voto que apresentou. Pertencia ao grupo que
defendia um outro caminho.
Estes dois exemplos não relevam apenas das
matérias em causa. Relevam para nos apercebermos que Maria de Belém, sendo
mulher, não comporta em si o desígnio mais forte que essa condição na
Presidência mereceria: um conceito amplo, sem pó, sem adversativas da
igualdade.
É por isto, por também não encontrar em
Maria de Belém uma vontade fundacional de ser candidata, nem um guia do que
entende ser o exercício dos poderes presidenciais que, por mim, Belém não irá para
Belém.
Sampaio da Nóvoa não esperou. Nada tem
contra os Partidos, antes pelo contrário, mas dispenso a retórica que lhe vejo
ser atirada vinda de um bafiento conceito de monopólio dos Partidos ou da
pertença a um Partido, como fator de superioridade para se atuar politicamente.
Sampaio da Nóvoa tem uma visão cosmopolita
do mundo, tem como positivas as diferenças de identidade, de modelos de
família, de modelos de parentalidade, rejeita a abominável tarefa estatual que desgraçou o século passado,
essa de padronizar comportamentos.
Finalmente, Sampaio da Nóvoa apresentou
uma Carta de Princípios que corresponde à mais
correta interpretação que já li do que deve ser o exercício dos poderes
presidenciais. (...)
É ouvir, é ler, é estar atento, é ter
memória, é não ceder à preguiça e fazer de Sampaio da Nóvoa o grande candidato
da esquerda.»
6 comentários:
Preferia partir uma unha, do que votar em alguém indicado pela "doidona" da Isabel Moreira... :p
Ela não me indica em quem votar, os nossos votos é que coincidem. :)
Eu nem sei em quem vou votar...
Nem Maria nem o tontinho do outro.
O resto logo penso.
Eu já tinha decidido avançar nada antes de eles se terem candidatado, em setembro de 2013! :) http://vespaaabrandar.blogspot.pt/2013/09/e-de-por-os-olhos-neste-senhor.html
É de notar que apesar do "bafiento conceito de monopólio dos Partidos" a Isabel Moreira descarta completamente os outros candidatos do PCP e BE como se eles nem existissem. Isabel Moreira, por mais que uma vez, tem mostrado total ignorância e apenas uma fixação ideológica que a agarra à ténue linha da realidade.
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