Posso dizer que foi muito provavelmente o primeiro escritor não infantojuvenil que li, teria uns 15 ou 16 anos. Antes disso, teria talvez lido as leituras obrigatórias para a escola e, antes ainda, livros de mistério e afins. Fiquei apaixonada ao primeiro livro, que julgo que terá sido "Em nome da terra" ou "No teu olhar". Depois, todos se seguiram. Romance, diários, ensaios, edições especiais. Não tenho tudo, mas tenho quase tudo.
Um dia, lembro-me de ter ido a Fontanelas com a minha mãe, à procura dele mesmo que para trocar breves palavras. Entrámos no café do Zé, que disse logo entredentes: "Ele hoje não está bem disposto...". Não recuei. Fui até à mesa onde estava com a mulher. Lembro-me que tinha vestido um polo cor de laranja com um casaco de malha azul-escuro por cima.
Aproximei-me, levava uma pergunta na manga para meter conversa: onde ficava uma capela que referia num dos livros? Recebeu-me bem e disse-me que de facto não existia dessa forma: era uma capela da sua terra que situou noutro local. Conversámos mais um pouco, até que lhe disse que o meu pai tinha sido aluno dele no Liceu Camões. Não esqueço a pergunta que me fez: "E ele era bom aluno?"
Uns anos depois, em março de 1996, fará em breve 20 anos, Vergílio Ferreira morreu. Foi das primeiras vezes que chorei pela morte de alguém que não era da minha família.
Sem comentários:
Enviar um comentário