Erik é médico psiquiatra, ganhando a vida a ouvir os problemas dos outros. Mas Erik também tem os seus problemas, que não são poucos. O pai faleceu há pouco, e Erik e a irmã, Inga, dedicam-se a pôr em ordem as coisas por ele deixadas. Com o pretexto de tentarem decifrar um bilhete que uma mulher escrevera em tempos ao pai, os irmãos, mas sobretudo Erik, empreendem uma busca que passa por algumas viagens ao passado.
Enquanto Inga lida ela própria com uma viuvez recente de um famoso escritor e com uma filha a entrar na idade adulta, Erik luta contra a solidão de um recém-divórcio sem filhos e com a necessidade de encontrar companhia.
Temos, por isso, algumas histórias dentro da história, com uma grande variedade de personagens ricas e que não nos deixam na mesma. Histórias de vida, morte, amor, violência, tristeza, solidão, traição, descoberta.
E aqui chego ao ponto em que tenho de falar da autora, Siri Hustvedt. Siri é casada com Paul Auster, de quem tem uma filha, e, o mais estranho, é que considero que escreve como ele. Esta escrita cheia de matrioskas é típica de Auster, e senti a semelhança desde o primeiro livro que li dela, Fantasias de uma mulher. Um dia, numa conferência com Paul Auster, atrevi-me a fazer-lhe a pergunta acerca desta minha perceção. Zangou-se comigo.
6 comentários:
Uma reação estranha, por parte da escritora.
E agora, especulando: estaremos perante um daqueles casos em que há alguém que se apropria do trabalho de outrem? Já houve casos assim. Normalmente são os homens que se aproveitam do trabalho das mulheres, ou seja, elas escrevem, ou pintam, mas publicam sob o nome deles.
Pôr em causa o bom nome de Auster é ir longe demais. Mas que me lembrei disso, lembrei...
A reação foi dele, numa conferência em Cascais, ela não estava. Mas podia ter feito uma piada, podia ter-se rido, sei lá... Enfim, mas pode ser só uma perceção minha, já tinha lido tantos livros dele antes de ler os dela que fiquei com essa sensação. Mas pode ter só a ver com a convivência diária como casal...
Ah, foi com ele, tinha entendido mal. Mas olha que isso ainda combina melhor com a minha teoria ;)
Mas é claro que pode (e deve) ter com a convivência diária do casal. Talvez ela até seja a primeira leitora e crítica do marido, dá muito jeito ter alguém em quem confiar, antes de enviar o original para a editora, alguém que até pode dar novas ideias para partes menos conseguidas. Assim se explicaria que ela, embrenhada na técnica do marido, a use para os seus próprios romances.
O melhor é mesmo acreditarmos nisso! :)
Uma questão não é uma crítica (muito menos negativa) tenho pena que tenha reagido assim...Não vejo nenhum mal de se influenciarem, ou não...E foi uma pergunta muito bem colocada ;)
Na altura, e já foi há uns anos largos, não resisti, LOL!
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