11 de janeiro de 2017

Órfãos do Eldorado, de Milton Hatoum

Tinha este livro já há uns bons anos, oferecido pelo meu primo carioca. Há uns meses, quando regressei do hospital, estava a meio de outro, bem mais grosso, e que na altura não tinha forças (físicas) para pegar e ler na cama. Lembrei-me então deste: pequenino, levezinho e com valor afetivo.

Fiquei impressionada em como um livro tão pequeno pode contar a vida de várias gerações e ao mesmo tempo retratar toda uma época e a sua decadência. O Eldorado era Manaus, cidade de grandes riquezas e de muito comércio, onde todos iam parar. A história é contada por Arminto Cordovil, já velho, que conta como cresceu órfão de mãe e filho de um abastado fabricante de borracha, como foi expulso pelo pai depois de uma relacão com uma criada mais velha, como por amor a uma índia órfã criada por carmelitas deixou que a fortuna que o pai lhe legou desaparecesse mais depressa do que era suposto. Desaparece a fortuna, desaparecem as casas, desaparecem os criados.

Pelo meio, este pequeno grande livro ainda consegue falar de lendas, feitiços e maldições, num encadeamento perfeito entre realidade e ficção.

Nota: Apercebi-me entretanto de que este livro já deu um filme em 2013. Mais uma prova de que por vezes não é preciso escrever muito para criar boas imagens.

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