23 de março de 2018

O luto

Há muitos, muitos anos que não morria alguma pessoa/ser que me fosse muito próxima, talvez por isso já não soubesse bem o que era o luto. Estou agora a revivê-lo da pior forma.

Nos primeiros dois ou três dias depois de a Vespinha ter sido eutanasiada, houve uma espécie de alívio de que quase me envergonho, por já não ter de a massacrar com tantos medicamentos, nem ouvi-la a miar muitas vezes de desepero, impaciência e dor, nem vê-la a tentar aninhar-se com dificuldade para encontrar a posição menos dolorosa possível. Mas agora, com o passar dos dias, sinto a sua ausência quase como uma dor física.

Não a ter à minha espera quando chego a casa ao fim do dia, não a ver a apanhar sol lá fora de olhinhos fechados, não a ver a correr para a minha cama enquanto lavo os dentes, não a ver de manhã a pedir-me o miminho do pátê, não sentir o seu peso ao meu lado por cima da cama, não a ter de afastar quando vinha ao meu prato, não a ver deitadinha de lado a olhar para mim como só ela sabia fazer.

Cada dia está a custar mais. Muito mais.

7 comentários:

Pink Poison disse...

Sim, a dor é muita e nada nos consola. Que te passe depressa Rita, um
abraço apertado

GATA disse...

No meu caso, já passaram uns anos e a dor continua presente...

bia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
bia disse...

Essa ausência dói muito! Com o tempo vamos aprendendo a despertar boas lembranças.

Um beijo carinhoso de quem vive a despertar as boas lembranças de duas companheirinhas queridas.

moijeeu disse...

É tudo isso que eles nos dão e que tão bem descreve no seu post.
Pormenores tão simples como tê-los a olhar para nós com a doçura espelhada no olhar.
Tão bom ter estes anjos connosco.

PEQUENOS DELITOS RENOVADOS disse...

Há perdas necessárias Vespinha!!!
E que vai custar a passar....é uma dor imorredoura!!!

Vespinha disse...

Até das borradas que fazia tenho saudades... :(