Numa época em que tanto se debate sobre eutanásia, este livro fala-nos de uma «acabadora», Ti Bonaria, que numa vila da Sardenha dos anos 50 ajuda quem está quase no fim a atingi-lo mais depressa. Tudo feito de modo discreto, mas na verdade do conhecimento de toda a gente. Menos da sua «filha de alma», Maria.
Uma «filha de alma» era no fundo uma criança adotiva, cedida por uma família com dificuldade a outra que a pudesse criar. Aos seis anos, Maria passou a ter como mãe Ti Bonaria, crescendo junto dela e aprendendo graças a ela a ter a profissão de costureira, fugindo de uma vida miserável. Cresce sem nada lhe faltar, apenas estranhando as ausências esporádicas noturnas da mãe.
Mas um dia a verdade vem ao de cima, e Maria precisará de anos para conseguir compreender que há coisas que, mesmo que não queiramos, têm de ser feitas.
Um livro pequenino mas que com uma linguagem muito bem escolhida e poética consegue abordar um assunto delicado e ao mesmo tempo retratar a vida numa pobre vila italiana do pós-guerra. Um tempo de leitura bem passado.
1 comentário:
Já li há cerca de 3 anos. Gostei.
Enviar um comentário