17 de dezembro de 2018

O fim de uma geração

Já não tenho nenhum dos meus quatro avós há muitos, muitos anos, mas a geração deles na minha família só terminou hoje de manhã, quando perdi o meu último tio-avô aos 98 anos.

O Tio Quim era alentejano de Elvas, tinha sido professor de Geografia em Lisboa e até aos 90 anos foi uma pessoa extremamente ativa. Era calmo, adorava contar anedotas, e fazia o melhor gaspacho e a melhor salada de frutas que comi na minha vida (de que no Natal sempre se orgulhava imenso ao perguntar-me se estava boa). Tinha sempre nozes em casa, que surripiava quando ia às Amoreiras através de uma técnica que me ensinou.

Na sua quinta de Elvas passei alguns dos melhores momentos dos verões da minha adolescência, mimada pela Nanã, irmã da minha avó, mas sobretudo pelo Tio Quim, com quem ia com frequência «à cidade» e que à tarde me preparava parrameiros e sumo de laranjas das árvores da quinta colhidas e espremidas por ele, enquanto eu lia os meus livros.

Que bons tempos foram esses, Tio Quim. Até um dia.

5 comentários:

Pink Poison disse...

Tenho pena de tudo isso ir desparecendo da nossa vida...

Vespinha disse...

É verdade... são coisas por que gostava que as minhas filhas ainda passassem...

CAP CRÉUS disse...

Lamento.
Sei como te sentes.

Vespinha disse...

CAP, apesar de já estar muito velhinho e totalmente ausente, e de isto ser expectável, parece que é uma parte da nossa história que se vai para sempre, a sensação de que há coisas que nunca mais se repetem...

CAP CRÉUS disse...

Sim. A minha avó Materna, também se foi em Agosto. Estava ausente, não ouvia, nem falava.
Mas ali, com a morte dela, terminou um ciclo, uma parte da minha vida, foi-se para sempre.
Isso mesmo.