Não sou muito dada a livros de autoajuda nem a livros sobre parentalidade, com exceção dos de Mário Cordeiro. Mas este chamou-me a atenção, precisamente porque pouco tempo antes de o ver tinha estado em Copenhaga e observado a relação leve que os pais têm com os filhos.
Num país considerado um dos mais felizes do mundo, a maneira como os pais educam os filhos perpetua esta sensação de felicidade, apoiada em sentimentos de resiliência, confiança e pertença.
As autoras resumem os pilares da «maneira dinamarquesa» em seis pilares: PARENT (Play/brincar, Autenticidade, Reenquadramento, Empatia, Nada de ultimatos e Tempo juntos).
Quanto a brincar, defende-se a primazia dada à brincadeira em detrimento de atividades estruturadas de ocupação dos tempos livres e ao entretenimento eletrónico. Brincadeira com os pais, com os amigos mas também sozinhas, de modo a fomentar a criatividade e a capacidade para ultrapassar o aborrecimento. No fundo, deixar as crianças em paz e não estar sempre em cima delas.
A autenticidade está ligada à honestidade, praticada e ensinada. Ensinar as crianças a serem honestas, contar-lhes diversos tipos de histórias e não apenas as que têm finais felizes, elogiá-las pela maneira como fazem as coisas e não por serem muito «inteligentes» ou «as melhores», não sermos demasiado assertivos com o que pensamos em assuntos sobre os quais as crianças podem formar a sua própria opinião.
Reenquadrar tem a ver com ver as coisas com outros olhos, de uma forma positiva realista, ser menos rápido a julgar e mais rápido a aceitar, não rotular os outros por uma ou outra ação que cometeram, pois as ações muitas vezes dependem do contexto e não de como se é.
A empatia deve ser demonstrada ao fazer as crianças compreenderem os outros, como quando são agredidas por um colega na escola não por ele «ser mau» mas porque havia outras variáveis envolvidas. Pode também ser construída lendo-lhes muito e um pouco de tudo e mostrando-nos vulneráveis, não escondendo as nossas próprias emoções.
Os ultimatos são de evitar. Fugir a sete pés das lutas de poder, do «é assim porque eu é que mando» ou «porque eu quero», substituir os gritos ou a punição física por orientação, identificar o que pode fazer as crianças explodir, explicar-lhes porque podem ou não fazer alguma coisa.
Por fim, o tempo juntos. Mas tem de ser tempo de qualidade, em que todos colaboram para isso, num lanche, numa tarde de jogo, num passeio ou piquenique com a família ou amigos.
Quando cheguei ao fim do livro, percebi que já ponho em prática algumas destas coisas, mas que ainda tenho um longo caminho para trilhar para que a Luísa e Maria sejam o mais felizes e confiantes possível. Recomendo esta «maneira dinamarquesa» de educar.
Nota: Podem explorar mais sobre este assunto em http://thedanishway.com/.
2 comentários:
Parece que estou num caminho certo, infelizmente o tempo juntos por vezes com o tempo que gastamos em viagens para o trabalho o que sobra é pouco!!
É tão bom sentir isso...
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