29 de janeiro de 2009

«Estragar» ou não «estragar»?

Um recado para quem não gosta de «estragar» os livros:


Eu «estrago-os» todos: sublinho-os a lápis ou com o que houver, dobro os cantos das páginas em cima e em baixo, ando com eles na mala, atiro-os para o banco do lado no carro... Quando acabo de os ler têm o meu cheiro, as minhas marcas, bilhetes, papéis e areia no meio das páginas. Quando os arrumo nas prateleiras já não vão sozinhos.

PS: E gosto de os emprestar, gosto que leiam aquilo de que gostei, que demorem o tempo que quiserem, mas que mos devolvam.

27 de janeiro de 2009

Chaves da minha vida

Chaves do prédio, chaves de casa, chaves da arrecadação, chaves do correio, chaves do lixo, chaves do pátio, chaves da casa da mãe, chaves da casa do pai, chaves do consultório do pai, chaves da Ericeira, chaves do carro, chaves da Vespa, chaves da bicicleta, comandos da garagem de casa, da garagem do emprego, da Ericeira, da casa da mãe...

Objectos com que vivo todos os dias e que têm ou terão ainda uma história para contar. Histórias felizes, histórias tristes, histórias cheias de gente ou sem mais ninguém. Chaves que já viram milhares de pessoas. Chaves que conhecem e contam uma boa parte de mim. Chaves que foram duplicadas. Chaves que foram roubadas. Chaves que andaram perdidas e que foram reencontradas.

Chaves que às vezes não quero usar para abrir, e que outras não quero usar para fechar.

25 de janeiro de 2009

Uma vida normal

Há cerca de um ano, estava num domingo à noite a ver televisão quando uma reportagem me chamou a atenção para a ver até ao fim. Falava de um rapaz de 20 e tal anos que nasceu sem braços e sem pernas, coisa que à partida não me teria dado vontade de assistir a tudo. Mas foi o tom da peça que me atraiu. Com uma visão positiva sobre a vida de Paulo Azevedo (não deixando no entanto de referir as dificuldades por que tem passado), mostrava-me um rapaz normal, que estudou, que trabalha (agora como actor numa telenovela), que guia carro e moto-4, que namora e é vaidoso com o seu aspecto. Um rapaz que, ao contrário de tantos outros com e sem deficiências, não passa a vida a queixar-se da vida que lhe calhou. Porque não se contenta com a que lhe calhou, esforçando-se por escrevê-la ele.

No final da reportagem, quando passavam os créditos, vi que tinha sido feita por uma colega e amiga minha, a Sofia Arêde. Passados uns meses, a Sofia ligou-me a pedir-me conselho porque a tinham convidado para escrever um livro sobre o Paulo. Não aceitar estava fora de questão, restava uma negociação relativa a valores e timings de entrega de originais. Em Novembro, o livro foi publicado.

Chama-se, tal como a reportagem, Uma vida normal.

24 de janeiro de 2009

Um anjo bateu-me à porta

Ontem tive um dia péssimo, apesar de antes de sair de casa me parecer um dia bom. Era sexta-feira, tinha um almoço combinado com um grupo dos bons, estava bom tempo. Até que me apercebi de que tinha perdido a carteira na noite anterior. Mesmo à porta de casa, mesmo à porta do carro. Passei a manhã de banco em banco, na PSP, na obra à frente de casa a tentar localizá-la.

E, já com os cartões todos cancelados (e depois de ter pago boas maquias para não serem usados por mais ninguém), comecei a lembrar-me do resto que tinha na carteira: fotografias de grande parte da minha família, algumas exemplares únicos. Um bilhete escrito para mim pelos meus avós em 1983. Um bilhete em que o meu afilhado me convidava para ser madrinha dele... E chorei.

Almocei num dos meus restaurantes preferidos mas poucas vezes estive lá. Passei a tarde em reuniões e voltei para casa tarde. Hoje, ao acordar, o meu primeiro pensamento foi para a carteira, as fotografias, os bilhetes. Há bocado, ouvi a porta do patamar a bater e a minha campainha a tocar. Era a minha carteira, nas mãos de um segurança da obra que só queria que eu verificasse se a carteira tinha tudo lá dentro. E eu queria lá saber disso, só queria voltar a ler os bilhetes. Dei-lhe uma garrafa de vinho, porque não tinha mais nada para lhe oferecer. Ele não queria aceitar. Mas eu obriguei-o a levá-la. Porque me fez ganhar o dia, o fim-de-semana, o mês.

22 de janeiro de 2009

E eu que nem gosto de cozinhar...

... adoro dois electrodomésticos que provavelmente nunca terei. Não só por serem caros, mas também e acima de tudo porque hoje as casas novas que compramos já trazem tudo encastrado. Electrodomésticos que não se vêem (aliás, nem se dá por eles...), que tornam as cozinhas habitáveis até por quem odeia cozinhar. Na minha cozinha, as únicas «máquinas» que se vêem são a Nespresso (que uso todos os dias), o micro-ondas Whirlpool redondo como não conheço outro (que uso mais do que uma vez por dia) e uma torradeira Phillips cromada (que uso uma ou duas vezes por semana). Tudo o resto, ou está encastrado ou bem arrumadinho e com pouco uso. Mas sonho um dia com uma cozinha gigante, onde também se está, e onde poderei não cozinhar para me deixar hipnotizar por estes electrodomésticos:

Um frigorífico Smeg, bem brilhante e colorido:


Um fogão Aga, cheio de fornos independentes:

19 de janeiro de 2009

Eu quero saber como foi

Conta-me como foi merece aqui estar porque, para além dos episódios de House e de uma ou outra série, é a única série portuguesa que não me posso esquecer de gravar. Não conheço a versão espanhola, mas a portuguesa é muito, muito boa. Para quem quer aprender história sem dar por isso, para quem quer recordar os tiques, os problemas, as roupas e os objectos de há 40 anos.

É a história dos Lopes (Miguel Guilherme e Rita Blanco), família lisboeta da classe média baixa. Ele, escriturário, ela, modista e proprietária de uma «boutique». Com 3 filhos: a aspirante a actriz, o universitário e o mais novo, o Carlitos, que só pensa em pregar partidas e armar confusão. A viver com as 2 sogras: a despachada, velhota mas sempre pronta para intervir, e a rezingona, sempre a queixar-se das doenças e à espera da morte que vem a caminho.

Narradas pelo filho mais novo, hoje um homem, as peripécias desta família mostram-nos algo tão fantástico como o dia-a-dia de final dos anos 60. Com direito a alusões à política, ao desporto, aos espectáculos da época.

E eu, que já nasci nos anos 70, adoro rever os velhos telefones pretos, as caixas de plástico para arroz, farinha e afins, o jogo do Sabichão… e relembrar lanches feitos de coisas simples, como café com leite e pão com queijo ou marmelada, tal como eu lanchei uns anos depois. Os jantares com toda a família junta, com sopa, prato e fruta, em que ninguém se levantava sem pedir licença. E a hoje inusitada (mas na altura tão comum) cena do casal no quarto, com ele deitado na cama a ler o jornal e a fumar…

Nota: É transmitida aos domingos à noite na RTP1 e, pelo que sei, já anda por aí uma petição a exigir a edição em DVD. Eu já assinei.

17 de janeiro de 2009

A afogar-me

Depois de ter prometido a mim mesma que este ano evitaria sair do trabalho depois das 19h30 - para aproveitar a casa, para ver o telejornal, para ir ao cinema, para jantar calmamente... -, o pesadelo volta de novo e dou por mim a não conseguir esboçar um sorriso durante o dia, a não suportar ouvir o telefone, a não suportar ouvir vozes de todo, a sair bem depois da hora marcada... e a trazer trabalho para casa. A não ser que um milagre aconteça, avizinham-se 2 meses de trabalho tenebrosos. Não quero mergulhar neste remoinho, mas ele puxa-me com uma força que não consigo combater.

12 de janeiro de 2009

O Aleixo...

... faz-me rir. É básico, muitas vezes um bocadinho porco, mas prosaico e hilariante. O Aleixo é um boneco cão, só mexe os olhos e a boca, tem uma pronúncia esquisita e interage sobretudo com um busto. Passa na SIC Radical em dias e horários que ainda não consgui compreender, mas podemos ver tudo no YouTube. Aqui, o Aleixo a almoçar com o Markl:

4 de janeiro de 2009

Sabe bem...

... morar num sítio que tem um portal próprio com indicações precisas acerca de tudo o que por aqui há. Bem sei que falta ao Parque das Nações o charme dos antigos bairros de Lisboa, e que assim se perde o prazer da descoberta, mas também é verdade que acaba por faltar a miséria escondida em tantos desses locais. E agora vou ao portal escolher um dos restaurantes que por aí há - afinal, com 6 dias de atraso, almoço com o meu pai para celebrar o meu aniversário...

Imagens do tal portal, para que possamos partir à des«coberta»:

3 de janeiro de 2009

Assim dá gosto reciclar...

... com o ecoponto em aço inoxidável que o meu maninho me ofereceu no aniversário. Há anos que queria ter um, mas na cozinha do meu anterior apartamento não cabia. Nesta, não só cabe como fica lindo (a cauda é a da Vespa, que não me pode ver a fotografar que vai logo atrás). E já está cheio.