31 de agosto de 2009

Mais duas voltas…

… por mais dois museus de Lisboa, um onde nunca tinha ido, outro a que já não ia há anos e que está com uma exposição que não podia perder:

MUSEU FUNDAÇÃO ORIENTE

Primeiro, o edifício, que, visto da 24 de Julho, já albergou tantos e tantos cartazes de publicidade, alguns com a dignidade de não esconderem os baixos-relevos de Barata Feyo. Venceu-se a indefinição em que estava e esta construção portuária dos anos 40 transformou-se, pela mão de, entre outros, Carrilho da Graça (o mesmo arquiteto do Pavilhão do Conhecimento e da Esc. Sup. de Comunicação Social), em mais um espaço que vale a pena visitar mais do que uma vez.


E, depois, as coleções.

Presença portuguesa na Ásia – documenta a presença portuguesa no Oriente, com destaque para Timor, China, Japão e Índia. Biombos, peças de porcelana, mobiliário, têxteis, estátuas e estatuetas, gravuras, altares, tudo num ambiente escuro mas muito bem iluminado. Único e grande senão: ao quererem dar tanto destaque às peças, parece que se esqueceram da importância da catalogação, com grande parte das legendas praticamente ilegíveis. E se para mim foi difícil ler algumas, imagino o que terá sido para aquele senhor mais entradote que vi todo torcido a tentar decifrar o que lá estava escrito…

Deuses da Ásia – outra das exposições permanentes, uma viagem espiritual pelo hinduísmo, taoísmo, budismo… Complexa mas muito completa, a rever noutro dia numa visita exclusiva a esta exposição.

MUSEU NACIONAL DE ARTE ANTIGA

Encompassing the globe: Portugal e o Mundo nos séculos XVI e XVII – Tenho de começar por citar parte de um artigo do New York Times, porque assim ficará quase tudo dito: «A little-known fact: A version of the Internet was invented in Portugal 500 years ago by a bunch of sailors with names like Pedro, Vasco and Bartolomeu. The technology was crude. Links were unstable. Response time was glacial. (A message sent on their network might take a year to land.)» De facto, ao visitar esta exposição produzida pela Smithsonian Institution, é precisamente a ideia com que fico: a impressionante rede de contactos e trocas comerciais que os Portugueses conseguiram criar numa época em que tudo era ainda tão desconhecido. E, sabendo que das cerca de 200 obras expostas muitas foram cedidas por outros museus e colecionadores particulares, foi com algum orgulho que concluí que, para mim, as mais imponentes são mesmo as que constam da coleção permanente do museu: os biombos namban, a custódia de Belém (recentemente recuperada, a brilhar tanto que até dá gosto), os painéis de São Vicente, a fonte bicéfala.


Exposição permanente – um bocadinho desfalcada devido à quantidade de obras emprestadas à outra exposição, mas ainda assim a valer a pena visitar, nem que seja para rever cada pormenor das Tentações de Santo Antão de Bosch, o São Jerónimo de Dürer, o terrível cenário do Inferno ou os incríveis contadores indo-europeus de madrepérola embutida.

28 de agosto de 2009

Hop-on hop-off com baby V.


Aproveitando baby V. ainda não ter escola, a felicidade de eu estar de férias e o facto de me apetecer muito estar um dia inteiro com ele para além de 1 ou 2 horas nas noites de domingo, estabeleci um programa de «surpresas» para um dia cheio:

-10h30, casa dos avós - gritaria lá em cima quando me ouviu cá em baixo; estava avisado de que havia uma surpresa mas não sabia o que era. Quando me viu entrar, abraçou-me e voltou para os seus legos, na ingenuidade de julgar que a surpresa era o simples facto de eu estar ali.

- 10h45, jipe - percurso do Príncipe Real até ao Parque das Nações, com dezenas de observações sobre todos os carros que via passar, desde as rodas a que já tinham roubado os símbolos aos ailerons de um ou dois pintas.

- 11h00, «jardim das montanhas» - o Jardim das Ondas de Fernanda Fragateiro, um relvado cheio de altos e baixos entre o Oceanário e o rio, foi para ele a primeira surpresa, aquela que eu não tinha planeado. Baby V. sempre aos saltinhos, como se tivesse vontade de ir à casa de banho mas apenas eléctrico de excitação.

- 11h30, loja do Oceanário - o Oceanário ainda não era «a minha surpresa», mas foi impossível desviá-lo da loja. Com os meus avisos de que não podia levar nada muito caro, lá escolheu uns autocolantes com «bichos do mar» para ele e uma bola saltitona com o Nemo para oferecer à irmã.

- 12h00, Pavilhão do Conhecimento, Casa inacabada - finalmente chegámos ao meu objectivo. Lá dentro, a Casa inacabada fez dele um Bob Construtor. Tijolos para a frente e para trás, carrinhos de mão carregados até mais não, cancelas de linhas de comboio a abrir e a fechar. E mais uma vez a certeza de que baby V. gosta mesmo de ajudar os outros miúdos.

- 13h00, Pavilhão do Conhecimento, Vê, faz e aprende - lançámos foguetões, manobrámos minigruas para içar contentores, vimos bolas flutuadoras, deitámo-nos numa cama de pregos, desenhámos simetrias, montámos pontes... (Aparte meu: alguns destes módulos já mereciam uma renovação, e monitores/assistentes foi coisa que não vi.)

- 14h30, Cappricciosa - esperava ouvir um «Tenho fome» bem mais cedo, mas com tanto entusiasmo nem me atrevi a falar em comida. Três quartos de piza para baby V., para espanto da empregada que aconselhara uma única para os 2 (de facto não nos conhece, e quem vê caras não vê estômagos).

- 15h30, Jardim dos Instrumentos Musicais - à saída da pizaria, mais uma surpresa que não estava no programa. Depois de um gelado, música para fazer ao ar livre.

- 17h30, Up - Altamente - era esta a minha segunda surpresa do dia, mas para ele deve ter sido para aí a quinta ou a sexta. Mais um excelente filme da Pixar, novamente irrepreensível, desta vez a abordar temas tão diversos como a vida e a morte, a solidão e a amizade, aqueles em quem podemos ou não confiar.

- 20h00, casa da minha mãe - «massinha com atum» e uma dor de barriga oportuna a meio da refeição que logo passou quando apareceu o gelado de chocolate. Visita ao quarto do meu irmão para ver as miniaturas de carros 1:18, com muita curiosidade e vontade de lhes deitar as mãos.

- 22h30, casa dos pais - doze horas depois «devolvi» baby V., que ainda queria ter andado de teleférico, de carrinhos de pedais e de ter ido novamente ao Oceanário...

24 de agosto de 2009

Ponto de situação cultural

Corre bem esta minha semana de férias cultural. Assim, para já, em 2 dias:

MUDE

Ante-estreia: Flashes do MUDE - Depois de uma parte da coleção ter estado exposta no CCB até 2006, e de muito se ter especulado acerca de para onde iriam as peças (entre outros locais, chegou a falar-se da Gare Marítima de Alcântara e do Pavilhão de Portugal, no Parque das Nações), o espólio colecionado por Francisco Capelo parece ter arranjado pouso na rua Augusta, na antiga sede do BNU. Para já, o que se vê é apenas uma pequeníssima amostra, num espaço amplo e totalmente descarnado, que, talvez por isso, não deixa de ter uma certa beleza e imponência. Peças emblemáticas, muita alta-costura, a abrir o apetite para tudo o resto que ainda está guardado e a não nos deixar envergonhados por comparação com outros grandes museus de design do mundo.

Ombro a ombro: Retratos políticos - Centenas de cartazes e retratos políticos que atravessam todo o século XX e entram no XXI, representando figuras tão diversas como Che Guevara, Ramalho Eanes, Barack Obama, Mário Soares, Arnold Schwarzenegger e Lenine. A não perder os cartazes de Yulia Tymoshenko, primeira-ministra ucraniana, que, com cara e penteado de anjo, aparece em cartazes promocionais vestida de astronauta, motard e outras coisas que tais.

MUSEU DO CHIADO

Arte moderna em Portugal: de Amadeo a Paula Rego – um percurso pela arte em Portugal na primeira metade do século XX, marcada pela emigração de alguns dos principais nomes para Paris (descobri agora que a Helena Vieira da Silva chegou a ser retirada a nacionalidade por Salazar). Além de Amadeo e Paula Rego, também lá estão Almada Negreiros (adorei ver de perto os estudos para a Gare Marítima da Rocha do Conde de Óbidos), Júlio Pomar, Fernando Lanhas, Nadir Afonso e tantos outros.

João Pedro Vale, Feijoeiro – uma instalação gigante feita de collants, esferovite e arame que materializa o universo de João e oo Pé de Feijão, que sobe pelo interior do museu acima e que apetece trepar para descobrir onde leva.

MUSEU COLECÇÃO BERARDO

Arriscar o real – Mais uma excelente parte da coleção deste homem que pode ser um bronco mas de quem começo a gostar e a quem temos de agradecer por trazer para Portugal obras deste calibre. É que, em cada nova exposição, não consigo deixar de me surpreender e maravilhar. Desta vez, do muito belo que vi, não resisto a registar o mais horrível: um filme com uma mulher na praia, nua, a fazer hula-hoop com um arco de arame farpado.

Art Déco e seus inimigos – Madeiras exóticas, metais, vidros, tecidos ricos, de Lalique e outros, em contraponto com os seus «inimigos», como Le Corbusier e Jean Prouvé. Poucas peças, mas interessante.

E, perguntar-se-ão, quanto paguei para ver isto tudo? Nada. Zero. Nicles. No MUDE e no Museu Berardo é sempre de graça, no Museu do Chiado ao domingo até às 14h não se paga. Com tanta coisa para conhecer, quem é que se quer enfiar num centro comercial?

14 de agosto de 2009

Antes de fechar para férias...

... gostava só de chamar a atenção para a nova etiqueta na coluna aqui ao lado.

O PPA - Partido pelos Animais ainda está muito no início, mas acredito que se consiga formar à séria, acima de tudo porque revela um objetivo muito concreto: «O Partido Pelos Animais apoiará e promoverá particularmente acções que visem aumentar a consciência e sensibilidade humanas a respeito do facto evidente de que todos os seres sensíveis desejam igualmente a felicidade e o bem-estar e não desejam sofrer. Por esta via, o Partido Pelos Animais assume estar ao serviço do desenvolvimento do próprio homem, na prática de um novo paradigma mental, ético e civilizacional que torne a humanidade mais fraterna e solidária do universo em que vive e de todas as formas de vida com que convive.»

E, ao que me parece, sem fundamentalismos.

Agora, se me dão licença, vou de férias. E, se se portarem bem, pode ser que entre o Algarve e a Ericeira arranje um ou outro momento para aqui vir dizer umas coisas.

12 de agosto de 2009

Cenário gelado num dia de calor

E de repente passei de 35 ºC para -23 ºC. Não fiz nenhuma viagem, não me enfiei no frigorífico, não andei em tratamentos de crioterapia. Fui ao cinema. Pelo realizador (Brad Anderson, o mesmo de O maquinista) e pelo elenco (com Ben Kingsley), fui ver Transiberiano. Excelente para quem, como eu, gosta de thrillers lentos, que nos enganam nas expetativas, que nos surpreendem quando já achamos que algo era impossível acontecer.



Um casal americano embarca no mítico Transiberiano de Pequim para Moscovo, após uma missão humanitária. Durante a viagem, têm como companheiros de cabine outro casal, mais novo, ela americana com um toque de gótico, ele hispânico. A certa altura, também temos Ben Kingsley, mais uma vez numa excelente interpretação, com olhares que só ele sabe fazer, na pele de um detetive da brigada de narcóticos russa. E mais não conto.

Mas posso falar do ambiente do filme. Da claustrofobia dentro do comboio, em que o espaço vital de cada um é tão pouco. Do contraste com as planícies geladas que o mesmo atravessa, e que nos deixam respirar um pouco apesar da desolação que transmitem. Da dureza e rudeza do povo russo (que pude comprovar em Moscovo há uns anos). Das estações escuras e confusas, onde não se encontra ninguém com vontade de nos conhecer. Do ritmo: criação de ambiente, início das suspeitas, clímax, desfecho inesperado. Das mentiras que enredam algumas das personagens. Das interpretações irrepreensíveis: Roy (Woody Harrelson), o marido dedicado, sempre otimista e fascinado por comboios; Jessie (Emily Mortimer), a mulher observadora e desconfiada que acaba ela própria por cair num jogo de mentiras; Carlos (Eduardo Noriega), o malandro provocador; Abby (Kate Mara), a rapariga calada com certamente algo para esconder; e Ben Kingsley.

Não é um filme com uma mortantade desenfreada. Nem de perseguições non-stop. É um filme cheio de tensão. Muito recomendável.

11 de agosto de 2009

Em fila de espera...

... para quando acabar o calhamaço que está na coluna aqui ao lado (que não, não fala de vampiros).

6 de agosto de 2009

Para uma história dos telemóveis

Há quem troque de telemóvel todos os anos, há quem o faça ainda mais frequentemente, há os que como eu ficam com o mesmo até cair dentro de água ou até me oferecerem um novo. Há quem queira um modelo com câmara fotográfica e de vídeo, com leitor de música, com écrã táctil e com teclado completo. Há quem prefira um que se limite a ligar e desligar chamadas. Mas a verdade é que já não podemos viver sem ele. Quantas vezes voltei a casa para o vir buscar ou, ao chegar à empresa, liguei para uma ou outra pessoa a avisar de que me tinha esquecido dele e que por isso não iria atender. Há quem deite fora o telemóvel velho quando compra um novo, há quem o guarde junto aos outros ainda mais velhos, há quem o ofereça a quem tenha um mais fracote.

Mas ainda nos lembraremos de todos os telemóveis que tivemos? Eu própria, que tive muito poucos, já mal me lembrava de todos. Até que encontrei aqui uma verdadeira história dos modelos de telemóvel de 1983 a 2009.

Estes foram os que me fizeram companhia:

Meados dos anos 90 - Motorola Flare. Com ele veio o meu primeiro e único número de telemóvel, que nunca mais mudei.





1998 - Nokia 5110. O primeiro com a dita escrita de mensagens inteligente. Durou bastante, até que caiu à água do mar e não resistiu.






2000 - Nokia 3310. Este permitia mudar as capas, tinha bastantes e até uma transparente. Passou para o meu pai.





2003 - Nokia 5100. O meu preferido, à prova de água, de choque e com uma lanterna incorporada que me deu muito jeito. Ainda o guardo por aí algures numa caixa.





2006 - Nokia N73. O actual, escolhido pela empresa e cujas funcionalidades não aproveito nem em 50 por cento.

4 de agosto de 2009

Tenho um pai que é louco...

... que há dias teve um ataque de fúria no cinema por causa de um sujeito que atendeu o telemóvel, ameaçando-o de ir para trás dele rezar o Pai Nosso durante o resto do filme.

Hoje, parece que a fúria foi maior, e que foi ao ponto de estar prestes a destruir o telemóvel de outro incauto. A seguir, liga-me, avisando-me que da próxima vez terei de o ir buscar à prisão...

Por isso, se virem numa sala de cinema um respeitável senhor cinquentão, magro e de cabelos todos brancos, cuidado... é melhor colocarem o telemóvel no silêncio, sob pena de de lá saírem em estado pouco recomendável. E não é que ele tem razão?

3 de agosto de 2009

Para além dos nossos olhos

Mais uma excelente campanha da WWF Brasil. Para ampliar e descobrir com atenção cada pormenor.

There's a lot of life in a tree. Imagine in a forest.

There's a lot of life in a reef. Imagine in an ocean.

A febre não me apanhou

Tinha mesmo de perceber esta vampiromania, de entender porque é que tanta gente, miúdos e graúdos, se agarrava aos livros da saga Luz e Escuridão como se não houvesse amanhã. E, bem lá no fundo, tinha a esperança de ficar viciada e de assim ter agora à minha espera uma quantidade de títulos a chamar por mim... Mas não fiquei.

Stephenie Meyer até escreve bem, e gostei que este livro tenha sido narrado do ponto de vista da protagonista feminina, de conseguirmos sempre saber o que lhe vai na cabeça, mesmo nos momentos mais embaraçosos. Mas a lamechice da relação com Edward é demasiada. Cansei-me de ler tantos «Amo-te» e «Nunca te deixarei». E, também, cansei-me de estar todo o livro à espera que acontecesse alguma coisa verdadeiramente emocionante (que ele perdesse a cabeça e lhe mordesse o pescoço, por exemplo...) para depois pouco me ter entusiasmado com o único episódio «perigoso» que encontrei.

Em resumo: razoavelmente bem escrito, sem incongruências, mas enfadonho, sem emoção, com um suspense fracote, e com muitas, muitas páginas onde não acontece absolutamente nada. Não avançarei para os outros livros da coleção.

Nota (talvez importante): Sublinhe-se que eu sou daquelas que nunca fiquei fascinada com Harry Potter, e que desisti ao segundo título...