31 de outubro de 2009
Este tópico tem bolinha no canto superior direito
Com um sentido de humor de que não suspeitava, com uma clareza de espírito surpreendente, Stelarc esteve em Lisboa no âmbito da exposição «Inside – Arte e ciência» e falou sobre o seu percurso, um percurso em que não tem faltado dor física inflingida apenas a si próprio, um percurso em que a experimentação artística dependeu sempre da ciência. Para demonstrar que, sob o seu ponto de vista, o corpo humano está obsoleto.
Em resumo, dos projetos de Stelarc, aqueles que mais me impressionaram:
- a suspensão – no início dos anos 80, Stelarc fazia-se elevar, totalmente despido, através de dezenas de ganchos espetados na pele. Fê-lo deitado, atravessando pendurado uma rua de Nova Iorque, também deitado balouçando ao sabor do vento junto a uma falésia no Japão, e em pé, suspenso de uma calha e cujo movimento ele próprio controlava, deslocando-se dentro de um pavilhão de grandes dimensões com o público debaixo de si.
- a escultura dentro do estômago – inserção no estômago de uma cápsula metálica de 7 x 1,5 cm. Com a particularidade de o aparelho emitir sons e luzes e ter um sistema de abertura e fecho, podendo atingir as dimensões de 7 x 5 cm (quando se abria para os lados) ou de 8 x 1,5 cm (quando se abria para cima e para baixo). Os movimentos eram depois filmados através de uma endoscopia. Diz Stelarc que foi o seu projeto mais doloroso de sempre.
- stimbod voltage-in / voltage-out – através da colocação de elétrodos em diversos pontos do braço, e com estimulação através de um computador, o braço inerte ganha vida, e Stelarc chegou a estar 4 horas seguidas sujeito a esta experiência. Teoricamente, este sistema pode dar movimento a todo um corpo, colocando-a a andar.
- a orelha no braço – inserção da estrutura de uma orelha no antebraço esquerdo de Stelarc, que depois foi absorvida pelos seus próprios tecidos. O próximo projecto é a colocação de um Bluetooth na terceira orelha para que, em qualquer parte do mundo, qualquer um de nós consiga ouvir, através da internet, o que Stelarc estiver a dizer ou a escutar.
- the thinking head – um programa de computador cheio de informação sobre o artista, pessoal e profissional. Depois, é só fazer-lhe perguntas. Sobre sexo, sobre religião, sobre dor, o Stelarc virtual tem resposta para tudo. O desenvolvimento do programa passará por o computador conseguir identificar as caraterísticas físicas (cor dos olhos, cabelo) e emocionais de quem lhe estiver a fazer as perguntas (alegria, tristeza).
Este homem pode parecer altamente doente e sinistro, mas a verdade é que me surpreendeu precisamente pelo contrário. Dinâmico, com explicações simples e com o objectivo de demonstrar que o corpo humano está obsoleto, servindo-se apenas de si próprio e nada mais. E, além disto, os projetos de Stelarc vão mais longe, como o de um dia se conseguirem instalar câmaras dentro dos nossos corpos para detetar as doenças antes de os seus sintomas aparecerem à superfície.
Neste pequeno filme, o próprio Stelarc a descrever (e a mostrar) os seus primeiros projetos:
28 de outubro de 2009
Hoje conheci este senhor:
26 de outubro de 2009
Agora todos podem ter jardins…
Olhem bem à vossa volta. Sim, à vossa volta… O que é que têm nas paredes? Se calhar, quadros. Se calhar, prateleiras cheias de livros. Em alguns casos, espelhos. Noutros, espaços vazios.
E se pudermos instalar um jardim nas paredes de casa? Dentro ou fora? À sombra ou ao sol? É «só» escolher as plantas mais adequadas, uma moldura e um suporte adequados, e um bom isolamento para não danificar as paredes. Catos, suculentas, plantas tropicais, a escolha nunca mais acaba graças à fabulosa invenção de Patrick Blanc, um botânico francês que idealizou obras magníficas como estas:
Musée du Quai Branly, de Jean Nouvel
Marche des Halles, Avignon
Numa versão mais caseira, ideias que só não copio porque já tenho lá fora espaço, catos e suculentas que cheguem:
Se... então...
25 de outubro de 2009
Para beber com estilo
... mas fiquei-me pela branca imaculada: Uma garrafa Sigg de 1 litro, para levar o quente e o frio, o doce e o insípido, o que tem bolhinhas e o que não tem. Uma garrafa em alumínio, de produção ecológica, reutilizável e reciclável. E que, ainda por cima, é lindíssima.
Para conhecerem a coleção completa, clicar aqui.
17 de outubro de 2009
Esta, danço-a logo de manhã
Porque é divertida e porque este lipdub*, filmado a 10 de setembro na primeira semana de aulas de uma universidade pública do Canadá (UQAM) com 172 alunos do departamento de comunicação, me transmite apenas boas energias. Aposto que os Black Eyed Peas lhes estão agradecidos.
* O lipdub é um tipo de vídeo que combina a sincronização dos lábios com uma faixa áudio, como num playback. Os melhores lipdubs são filmados de uma única vez por uma câmara que se passeia através de salas e situações, como por exemplo num edifício ou numa escola. Segundo Tom Johnson, as características (ou a aparência) de um lipdub são:
- espontaneidade – parece que de um momento para o outro alguém se lembra de o fazer, pega numa câmara e arrasta todos os outros consigo;
- realismo – as pessoas, a filmagem e as situações parecem reais;
- participação – este não é um playback individualizado, mas o esforço de todo um grupo que transmite a atitude e a sensação da música;
- divertimento – todos os participantes no vídeo se divertem.
15 de outubro de 2009
Resultados
14 de outubro de 2009
Adivinhem quem veio jantar
12 de outubro de 2009
E antes de voltarmos a respirar fundo...
Just for a start, vejam estes exemplos, mas não deixem de espreitar todos os outros:
- Cavaco confuso
- Por que razão Cavaco não queria votar no 5 de Outubro
- As listas
- Serrano & Pelicano
8 de outubro de 2009
Estamos sempre a aprender
Frio, frio, frio!
7 de outubro de 2009
Pelo menos um minuto de silêncio
Hoje, morreu mais um trabalhador da construção civil. Que não veio nas notícias mas que me impressionou por ter sido a menos de 50 metros da casa onde vivi até aos 28 anos, num local que se vê do quarto onde dormi tantas noites. Um contentor de cimento içado por uma grua soltou-se lá de cima, caiu sobre as lajes de um prédio em construção, partiu-as e matou um trabalhador que na pior hora da sua vida encontrou a morte.
Provavelmente, alguém que para ter de trabalhar numa obra já teria uma vida difícil. Provavelmente, alguém com família que precisaria dele para sobreviver. Provavelmente, alguém a quem nunca será feita justiça.
5 de outubro de 2009
A segregação dá nisto
Com o passar dos anos, o clima foi-se agravando, decorrente de todas as consequências deste tipo de segregação: xenofobia, tráfico de armas, roubo dos bens mais básicos, mercado negro. Até que as tensões e a pressão da população se agravaram demasiado, obrigando a MNU (Multi-National United), uma empresa de segurança privada, a evacuar os refugiados para um campo bem mais longe da cidade. É aqui que entra em cena Wikus van der Merwe (Sharlto Copley, uma descoberta fabulosa), um mero funcionário que, no seu raid pelo campo de refugiados para os fazer assinar a ordem de despejo, é infectado, sofrendo uma mutação no seu ADN.
Tudo isto filmado como se de um documentário se tratasse. E mais não conto.
Limito-me a acrescentar que este é um dos melhores filmes de ficção científica que já vi, que vive não dos efeitos especiais mas das cenas de enorme tensão, do impressionante retrato de uma sociedade dividida, da crítica ao que nós, seres humanos, somos capazes de fazer, por vezes a nós próprios, como no caso do apartheid.
Não, não é uma superprodução hollywoodesca. Não, não é uma lição de moral à americana. É um filme que vale a pena ver, mesmo por quem não goste de ficção científica. Porque trata, também, de direitos. E não apenas humanos.
Foi há 99 anos
José Relvas, na varanda da Câmara Municipal de Lisboa, proclamando a implantação da República em Portugal. Lisboa, 5 de Outubro de 1910 (Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa)
E aqui em baixo, uma pequena homenagem a um dos republicanos da família, o meu bisavô materno, Eduardo Colaço dos Anjos, o primeiro à esquerda nesta fotografia de 28.12.1937 da tomada de posse dos corpos gerentes da Associação de Socorros Mútuos dos Empregados no Comércio e Indústria (antes também conhecida por Associação da Rua da Palma, onde a minha mãe, eu e os meus irmãos nascemos).
(Arquivo Nacional Torre do Tombo)
2 de outubro de 2009
Partly cloudy
1 de outubro de 2009
Gosto de ver o mundo aos quadradinhos
Passei depois pela fase dos Tintins, muitos herdados do meu pai e lidos em francês. Os Astérix também foram de rajada, e hoje, já com algumas saudades desses tempos, apercebo-me no entanto que ainda tenho tanto a descobrir.
À data de hoje, estes são os meus favoritos, não necessariamente por esta ordem:
Alan Moore (Inglaterra, 1953) – é o autor dos desenhos dos quatro livros lá de cima, mas também de Watchmen, que mo deram a conhecer. Ao lê-lo, fico cheia de vontade que os super-heróis ou alguém por eles existissem à séria.
Enki Bilal (França, 1951) – banda desenhada com um traço inimitável de um realismo impressionante que tanto viaja às vastas planícies geladas da URSS como a um futuro frio e muito duro.