Mas, pelo meio, foi a minha avô. E, apesar de não gostar que lhe chamássemos avó (para nós, sempre foi a Babá), foi a melhor avó que se pode ter tido. Ao longo dos meus primeiros 23 anos, acompanhou todos os meus passos. Foi ela (em conjunto com o Vôvô) que me transmitiu o gosto pelas letras, foi ela que me ensinou inglês e francês, foi ela que me incutiu o amor pelos animais (admito que, nela, por vezes ultrapassava o razoável...), era ela uma das pessoas que vivia mais intensamente todos os meus fracassos e sucessos.
Tinha um gosto incrível pela vida, tinha muitas amigas e amigos, adorava viajar, não desistia perante as contrariedades e só uma morte tão fulminante como um aneurisma conseguiu levá-la tão cedo. Dela (e do Vôvô), herdei a capacidade de trabalho mas também uma miopia nada modesta e algum autoritarismo. Mas não me importo. Feito o balanço, agradeço-lhe ter contribuído para eu ser aquilo que sou, ter sido uma presença tão forte na minha infância feliz e, acima de tudo, ter-me deixado uma mãe que adoro mais do que ela própria imagina.
No dia em que terminei o curso os meus avós deram-me uma medalha gravada: «Amor. Alegria. Optimismo. Perseverança.» Penso nestes valores todos os dias. E na minha avó também.
8 comentários:
a análise do passado cheia de emoção e afecto mas sempre serena e rigorosa,é próprio de personalidades fortes
nós e as nossas avós... nunca tenho palavras suficientes!
Que sorte!
Tenho imensa pena de não ter recordações dessas...só conheci uma das avós que não era especialmente meiga portanto quando vejo/leio escuto falar dos avós com tanta ternura fico sempre um pouco triste.
Bonita homehagem.
E que pena tenho de não a ter ainda junto de nós... mas olho para ela todos os dias na minha estante de livros. :)
Lembro-me muito dela, acreditas...? E da medalha que recebeste quando acabaste o curso. E da alegria dela (de todos, aliás) quando, poucos dias mais tarde, também eu acabei o curso.
Sinto-me uma privilegiada por ter privado com a Babá e com o Vovô :-)
Ambos foram pessoas que não deixaram ninguém indiferente, cada um à sua maneira! :)
Que sorte tive por tê-los como avós, que pena tenho por tê-los perdido tão cedo...
Maravilhosa a forma como descreves os teus avós (não resisti a ir ler o texto que escreveste do teu avô), o teu amor por eles está patente em cada uma das tuas palavras.
Estou certa que eram pessoas incríveis... :)
Eram mesmo...
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